O que vamos fazer agora?

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Se tivesse uma única palavra no mundo capaz de descrever o que estou sentindo nesse momento, certamente escolheria a palavra: completo. É sério. Durante toda a minha — nem tão longa — vida, sempre sonhei com o momento em que daria o meu primeiro beijo. É algo bobo, eu sei, muitas pessoas inclusive ficam com o primeiro que encontram apenas pela experiência de dar o seu primeiro beijo.

Mas, vejamos, eu sempre fui meio diferente.

Apesar de adorar falar besteiras com meus amigos, não ser tão tímido quanto aparento, e já ter tido quedinhas por outros garotos, até Jungkook aparecer eu nunca desejei realmente dar esse primeiro passo. Porque, vejamos outra vez, tempo nunca foi o meu forte, sempre estive ocupado estudando para conseguir uma bolsa de Medicina, então reparar em alguém era algo complicado para mim.

Quando meus olhos bateram em Jungkook, no entanto, sabia que ele seria diferente. E não diferente em aparência ou coisa parecida, e sim na maneira que ele fez com que eu me sentisse. Foi único, foi diferente. 

E mesmo agora, unidos em um abraço, trocando sorrisos com nossas testas coladas, ainda me lembro do frio na barriga que nossa primeira troca de olhares me causou, exceto que agora ela parece estar um milhão de vezes mais intensa, principalmente com seus polegares acariciando minha cintura e seu nariz roçando no meu conforme ele me olha tão de perto.

E essa sensação é tão boa e tão única, que desejo mantê-la aqui por todo o tempo que me for possível.

— Está tarde. Precisamos voltar, hyung. — Me alertou, mas a única coisa que fiz, foi um biquinho com a boca. — Ei, não pode me derreter tão fácil.

— Posso sim. — O encarei com um largo sorriso pendendo nos lábios, em seguida tendo sua boca cobrindo a minha mais uma vez.

Foi um selar rápido, mas o bastante para que eu sentisse as bochechas fervendo. Mas não era de vergonha, era de amor.

— Não deveria deixar tão claro que quando você sorri eu sou capaz de fazer de tudo. — Murmurou falsamente irritado. — Vamos fazer um acordo… vamos voltar agora e eu prometo que faço o que você quiser a noite todinha, mas dentro da nossa barraca em segurança. Pode ser?

Óbvio que podia, por isso apenas concordei.

Jungkook esticou sua mão e entrelaçou os dedos aos meus, não demorando a me guiar para voltarmos. De fato, não era tarde, mas como estávamos em um lugar desconhecido e perto de várias trilhas fechadas por árvores, era melhor que ficássemos na nossa barraca mesmo. Será que dessa vez eu precisaria pedir para dormir abraçado em Jungkook ou ele naturalmente já faria?

Óbvio que essa pergunta fica na minha cabeça, mas não consigo expor. É vergonhoso fazer isso bêbado, mas sóbrio consegue ser ainda pior.

Não demoramos a chegar e entrar no nosso cantinho. Ambos trocamos de roupa, com Jungkook virado de costas quando eu o fiz e vice-versa. Achei tão adorável a sua atitude que quase o grudei em um abraço, mas me segurei para não ser chamado de louco. 

Quando deitamos, um de frente para o outro, Jungkook me levou para mais perto de si, ficando assim cara a cara comigo. Ele é tão bonito que não consigo evitar de ficar com os olhos presos em si por um bom tempo, o que parece lhe fazer bem visto que seu sorriso é enorme.

— Você é tão bonito. — Por coincidência, acabamos dizendo ao mesmo tempo.

— Acho que sinto vontade de beijar você desde que te vi pela primeira vez. — Confessou ele, me deixando ligeiramente tímido.

— Mas não deve ter valido muito a pena, porque eu não sei beijar. — Respondi ainda envergonhado. — Mas eu gostei muito por ter sido com você. Acho que não seria o mesmo se fosse com outra pessoa.

Jungkook acariciou meu rosto e trouxe o seu para mais pertinho do meu, roçando nossos lábios e narizes em uma deliciosa carícia.

— É nesse ponto que quero chegar. — Concordou ele. — É muito mais o que está dentro, entende? É o que sentimos por dentro que nos faz arrepiar, derreter, tremer… não beijei muitas pessoas, hyung, mas nenhuma me deixou com a pele arrepiada como você. Isso que meu primeiro beijo foi com alguém que eu gostava, e nem assim.

Jungkook fez uma breve pausa enquanto eu sorria na sua direção, me identificando com suas palavras e me sentindo lisonjeado por ter causado isso nele.

— Hyung… você gosta de mim? — Questionou então, tirando a mão do meu rosto. — Você não precisa gostar, mas seja sincero comigo da mesma forma que tenho sido com você, por favor. Não me ilude só para me destruir depois… não sei se aguento sentir isso de novo e ainda acreditar no amor.

Meu peito apertou com força. O medo de Jungkook chegar a ponto de me odiar fez com que tudo dentro de mim revirasse. Eu não queria isso, porque ele não merecia se decepcionar comigo.

— Eu vou cuidar de você. — Garanti a ele, segurando sua mão. — Eu prometo.

Jungkook avançou na minha direção mais uma vez na noite, me bagunçando por completo, fazendo-me sentir que queria essa sensação pelo resto da minha vida.

Nós nos beijamos por mais um tempo antes de eu pegar no sono agarrado em Jungkook. E a sensação não tinha como ser comparada a nenhuma outra, era simplesmente perfeita.

Na manhã seguinte, quando acordei, Jungkook não estava mais deitado ao meu lado, e sim sentado com seu caderno em mãos e escrevendo. Acho que ele notou minha movimentação, pois me encarou e me dirigiu um largo sorriso.

— Trouxe seu café da manhã. — Apontou para um pratinho no canto da barraca. — Logo vamos embora, então é bom arrumar sua mochila depois de comer.

Apenas concordei com a cabeça, começando a comer e me sentindo todo bobo por Jungkook ter tomado conta de mim dessa forma. Ele é mesmo um amorzinho.

Um tanto carente de sua atenção e vendo-o guardar seu caderno para arrumar suas coisas, sentei ao seu lado e escorei a cabeça no seu ombro, ouvindo sua risada logo em seguida. 

— Esse é seu jeito de pedir carinho? — Brincou ele, me aconchegando entre seus braços e pernas, com minhas costas apoiadas em seu peito. Cheguei a soltar um suspiro dengoso de tão bom que era ficar daquela forma. — Já entendi que sim.

Ele riu outra vez e me aconchegou melhor, logo começando a me acariciar enquanto eu comia. 

— Como vai ser daqui para frente? — Arrisquei perguntar, mesmo receoso. — O que é feito no acampamento fica no acampamento ou… 

— Hyung, nós dividimos o quarto, acho difícil eu conseguir evitar de querer beijar você a todo tempo agora. — Murmurou ele. — Mas se você quer esquecer…

Virei de frente para ele no mesmo instante e neguei com a cabeça, ficando perto o bastante para que ele entendesse o quão sério eu estava falando.

— Eu nunca vou querer esquecer você, Jeon Jungkook. — Afirmei a ele.

— Nesse caso, você quer namorar comigo?

E… bom… eu simplesmente travei.

Como se respira mesmo?

A Culpa é de Jeon JungkookOnde histórias criam vida. Descubra agora