Perdão mãe!

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Quem me dera mãe amada e querida,

Poder retornar um dia aos abraços teus.

Sentir de volta todo amor que há na vida,

Somente nos olhos e nos toques seus.

Quisera mãe, eu tornar a ser criança,

Nas noites escuras em seu colo adormecer.

Que cheios de candura, proteção e esperança,

O medo a porta não deixava me vencer.

Pois sei mãe, se tanta falta me faz agora,

Recorre ser a ausência de valor e zelo por ti.

Dolorosamente desde minha partida outrora,

Essa angústia terrível, diariamente eu vivi.

Ora, tão jovem viril e sonhador, na época eu era

Ansiava correr o mundo e por mares estranhos velejar.

Corri; se tivesse me voltado para trás - quisera;

Vê-la ia, na janela com os olhos cheios d'água a lagrimar.

Quantas noite? Pensou eu, que rezava ajoelhada.

Pedindo proteção aos céus para o filho viajante.

E com coração espremido, sol a sol, preocupada;

Esperava notícias donde estava seu filho errante.

A quantidade de prata por ti desprendida,

Que juntava ao suor cansada; pega e doa:

- Para teu sustento e auxilio, tem por merecida.

Dizia. Amargurada, mas na voz não se soa.

Quisera mãe eu ser ainda uma doce criança.

Eu viveria seguro, forte e singelo, nos braços teus.

Não a teria feito chorar por mim nas minhas andanças,

Nem mesmo embranquecido um fio de cabelo seu.

E abarbado nesse frenesi choroso,

Nessas trincheiras de uma vida fria e angustiante.

Vou pedindo seu perdão; tão desgostoso;

Por ter optado a ficar de ti, tão distante.

Tardiamente banho minha lousa em prantos,

E tenho esse coração no peito ominoso.

Aguardando com tanto pejo, rever seus encantos.

Para sentir novamente seu abraço tão ditoso.

E se não volto, conheço-te, sei que choras calada.

Saudade incomparável em seu peito bate;

Acabrunhada nos cantos, sente-se desamparada,

E rezas, para o filho que longe embate.

Quem me dera mãe amada e querida,

Ter permanecido junto contigo, enfim.

Não estaria agora pedindo perdão a ti na vida.

Por ter-te causado tanto mal nessa separação ruim.

E se peço algo dessa vida que levo, Deus:

- Conserve minha mãe, forte, sã e cheia de vida,

Em mim, sua essência de tudo que ela me deu.

De minha criança e de minha terra guarida.

Para que passe os dias e eu logo envelheça,

Zele em mim, por esse de idílio maternal,

Tinja minha alma para que eu não pereça,

E recorra ao seu lado, ao réquiem paternal.

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