A voz que você não ouve

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Para se dizer de dores, que animais sentem.

E das pedras que se ressentem,

De cobrir cadáveres inocentes.

Qualquer coisa entre aqui e acolá.

Na pedra debaixo da árvore, tem raiz de minhoca e seda;

Lá no pantanal, tem peixe de roupa e boi.

Tuiuiú não voa na água,

Alazão conversa comigo pelos olhos e balançar de seu rabo.

Quem escreveu na areia branca de Corumbá,

Deveria ter levado a terra vermelha de Terenos.

De Campo Grande pra lá, dá léguas de capivaras mortas.

Dos tapetes de tamanduás esfacelados.

E se potencializar o céu de meu bem querer?

Tão límpido como o céu eu diria: "- Pedras!

Naquela curva sinuosa da Jaraguá;

Que aplaudam as gaivotas e corujas nas noites,

Mas um que ficou por lá."

O que importa não é o que é.

O que importa é como você vê.

Se te passas o caminho de árvores, e com elas acredito...

Ser mais homem que muito bicho,

De Brasília a Porto Murtinho, não se cabe tanto lixo.

Orgulho do boi na invernada - na boca o fel da discórdia.

Entre homem e bicho, pobre de mim, que canta as pedras.

Funesta tem sido as noites das onças pintadas, derribando o pantanal.

E late o lobo-guará, se passando por outro animal.

Para fugir da pedra fria, vale tudo - noite e dia;

Na estrada não se bobeia.

Pantanal ecoa o grito, das pedras que te cobre,

Matando seu infinito.

E pensar que cavalo é chamado de animal!

Pedras que da Serra de Maracaju que me perguntam,

Se por vale, tamanha boca de jacaré, mas fraco seu canto.

Ressoa uma lágrima da ariranha, na tardinha desse canto,

Que com pedras se faz tanto,

Para salvar quem não tem grito.

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