Um título qualquer para um poema qualquer

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Tu desejaste ir para um lugar além deste , tu querias encontrá -lo.
Talvez houvesse paz , talvez tudo pudesse ser como aquelas formas alvas ,brancas ,como
aquelas formas claras.
Sabemos que a esperança não é encontrada na cidade de ouro e que tu não poderias
caminhar nas ruas douradas, pois a tua cor condena a tua alma.
E talvez as flores negras do tédio e vagas, talvez elas já façam parte de tua alma .
Todas aquelas formas de amor , constelarmente puras, de virgens e de santas vaporosas, elas
já não existem mais.
Elas se foram assim como os teus quatro filhos e quem sabe , tenham chegado a um lugar
onde o Sol nunca se põe , a um lugar onde a cor da pele não é julgada e condenada.
Pois tu, tu tens uma pele densa e imensa , assim como tua alma , uma pele onde é possível
navegar pelos lugares mais vastos da sublime Arte , um lugar com brilhos errantes, mádidas
frescuras e dolências de lírios e de rosas.
A Arte não sobreviverá ao tropel cabalístico da Morte, pois a morte, meu amigo, a morte és tu.
A verdade é que não há paraíso, não para tu.
Deveria ter um lugar onde poderíamos ser felizes, onde sofreríamos menos, mas esse lugar
não existe, não para nós.
E os infinitos espíritos dispersos, inefáveis , endêmicos e aéreos , esses nem se quer já existem
também.
Tu , tu foste deixado a este lugar e nele não encontrarás refúgio.
O Sol já se vai e junto a ele vai toda a tua esperança , toda a ternura que nutrias pelo
transcendente, pois esse também talvez não exista.
Então , que refúgio encontrarás?
Tu estás acorrentado à névoa que cobre a tua visão e a essa altura , os raios do Sol já rasgam a
tua pele .
A tua pele se desmanchará , assim como a tua esperança.
O que serás de tu?
Encontrarás Gavita e teus filhos ?
Serás renegado mais uma vez quando o Sol subir pelas colinas ?
A tua pele se tornará uma das densas trevas que te encaminharão à Morte?
A Arte poderá salvá-lo deste mundo infernal, deste mundo doentio ?
Talvez a Arte não possa te levar ao Paraíso, nem sequer ao Inferno.
Tu , torpe e mórbido, deparas com os dois e por ser fraco e torpe, estarás para sempre condenado a estar entre a angústia do mundo e tais ideais que agora já se degradam .
A loucura levou teu mais puro e infinito amor porque tu eras a essência, a essência de um lugar sublime.
E essa mesma essência, essa essência pura e doce, foi levada pela crueldade e toda a incredulidade desse lugar.
Tu eras a doença e a mesma te tirou dos teus filhos.
Então, tu conduziste Gavita a loucura e agora estás só.
O teu refúgio, os teus ideais, todos eles estavam em teu coração e agora , todos se vão contigo.

A Arte não sobreviverá a Morte , nem mesmo tu.
Pois tu és a Morte e essa se encontra em tua alma .
Nem a tua cor , nem o teu talento e nem todo o teu sofrimento podem ser desprezados ,mas esses já não existem mais. Esses se encontram a um lugar distante de nós, um lugar onde as formas alvas ,
brancas ,formas claras e formas de amor , onde essas possam te conduzir a teu paraíso e então , então encontrarás paz.

A cidade dos Monstros   - Poemas parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora