O estrangeiro

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Seria bom,em vida, descansar em paz.

Também seria bom se pudéssemos  devolver a alma um pouco de sanidade.

Seria melhor ainda se pudéssemos cair no sono quando toda as luzes da cidade se apagam.

Talvez tenha que ser assim, ou talvez eu esteja seguindo o fuso horário errado.

E é mais provável que não exista alma alguma.

Mas,afinal,se não há nada além dessas vozes,como eu poderia não fantasiar?

Eu não escuto nada,a vida já se calou para mim há muito tempo,mas eu sinto as vozes.

Quando as folhas caem,eu as sinto.

E quando o vento para de bagunçar meus cabelos,elas ainda falam muito.

Odeio o jeito que as folhas caem.

Odeio ainda mais o jeito que o vento sopra em minha direção.

Mas eu gostava do jeito que você olhava para mim.

Gosto ainda mais quando eu vejo o sol e imagino como será o dia de amanhã.

Eu realmente gosto disso,mas eu odeio como as folhas parecem se despedaçar  quando caem,como a areia parece se desfazer quando se dissipa  pelo ar, como seus olhos ficam distantes de mim quando parece que já não significam mais nada.

Eu também não gosto quando as ondas não se desfazem,quando a tempestade vem e já não há nenhum grito, nenhum lugar para estar e nem para ir.

Eu espero ir um dia.

Quando eu olho para o céu, sinto que  algum dia eu possa fazer parte dele.

Eu espero ir assim como uma folha deixa a árvore.

Porém, eu não quero ser como uma tempestade.

Eu quero ter um lugar para ir,um lugar para ficar.

Eu quero descansar em paz em uma ilha onde as ondas estarão distantes.

Onde a areia seja densa,onde as árvores nunca perdem suas folhas.

Talvez a vida seja um grande pesadelo e seu despertar trará  paz,ou não.

A cidade dos Monstros   - Poemas parte 2Onde histórias criam vida. Descubra agora