XXIX

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Marina tinha feito café e acordou todos da casa, Pedro e Eduardo, com um som baixo mas... calmo.(Carinhoso - Marisa Monte, Paulinho da Viola).

Eduardo acordou e foi para a cozinha, cantando junto com sua prima. Pedro abriu a porta do seu quarto e falou:

—Se todo dia for assim eu vou me acostumar.

Eles tomaram o café e arrumaram seus quartos. Não estavam bagunçados, mas empoeirados. E também porque eles queriam mostrar para a mãe de Edu que eles já podem se cuidar e da casa também sozinhos. Em menos de meia hora já estavam todos cansados e a casa cheirando a limpa.

—Que horas são? — perguntou Eduardo.

Marina olhou em seu celular e falou:

—Meu Deus, vai dar meio dia ainda. —Falou ela deitada no chão com as pernas no sofá —A gente podia ir mais cedo para a Gi. —Sugeriu ela.

—Também acho, sua mãe só chegará de noite. —Falou Pedro saindo de seu quarto com um pano nos ombros que fez Marina imediatamente cantar a música de Escrava Isaura —Tá vendo esse pano? Ele vai voar na tua cara.

11:53

Todos resolveram ir mais cedo por não ter nada melhor para fazer em casa. Pedro chamou Roberto e Eduardo chamou Alice. Chegando na casa de Giovana eles entram e já vão para o quintal interior.

—Meu Deus, essa piscina parece mais funda quando tá dia. —Falou Marina.

Roberto foi direto para a cozinha pegar as carnes no congelador, em seguida foi direto para a frente da churrasqueira, ninguém irá tocar nela a não ser ele hoje.

—Como vocês gostam? —Perguntou Roberto, enquanto colocava o avental que ficava do lado.

—Indo para barriga eu como até crua. —Falou Giovana.

Eduardo foi o primeiro a entrar na piscina, de ponta. Todos olharam pra ele enquanto ele sumia no fundo da piscina e aparecendo na ponta dela do outro lado. Ele não conseguiu ver, mas todos ficaram preocupados com ele por um instante e fingiram que não estavam olhando pra ele enquanto ele passava a mão no rosto, todos voltaram a fazer o que estavam fazendo.

Não demorou muito até Alice entrar, assim como Pedro também. Tem uma parta que não é tão funda, feita para crianças ou pessoas com menos de um metro e meio de altura, eles ficaram lá e Eduardo foi até eles.

Ele respira fundo e fala depois de um momento em silêncio:

—Eu nunca falei disso depois que me mudei, minha mãe não toca no assunto ou evita, sei lá... —Ele Respira fundo novamente, Marina viu aquilo e deu um sinal para Roberto e Gi, então elas ficaram longe o suficiente enquanto Roberto fazia o seu trabalho comunitário de churrasqueiro —Eu não me mudei porque eu consegui uma vaga na escola, nem por minha mãe conseguir um aumento de cargo... Foi assim, pelo menos o que eu lembro.

ANO PASSADO, 5 DE MAIO

EDUARDO

Estava tendo greve dos professores e iria ficar em casa fazendo nada por uma semana ou mais ou menos, minha mãe sugeriu ir para a casa na praia da minha tia... a que faleceu... —Respira fundo— Então eu fui, peguei minha mochila, coloquei umas roupas, protetor e... um presentinho para a minha prima que só tinha quatro anos.

Eu fui na terça de manhã e cheguei na hora do almoço lá. Minha tia e a filha dela estavam esperando eu chegar para comer, quando cheguei, a Júlia abriu o portão e eu abracei ela bem forte e lhe entreguei o presente... —Rindo enquanto escorria uma lágrima no rosto dele— Ela queria tanto aquele elefante rosa que quando eu o vi na promoção comprei dois, o outro era vermelhinho e tinha cheiro de morango, o rosa tinha cheiro de chiclete, mas não aqueles que enjoam, era gostosinho, é ainda... Eu ia dar o vermelho no dia do seu aniversário, pouco menos de um mês, já tinha embalado e escondido pra quando ela fosse lá em casa não achasse antes da hora. Ela amou o elefante cor de rosa e me abraçou mais forte ainda, foi direto pra mãe dela mostrar. Passamos o resto do dia na piscina, e no outro também, e no seguinte... aí chegou sexta e decidimos ir na praia, fica menos do que uns dois quarteirões. Então passamos o dia lá, comprei um colar de conchas pra ela... —Respirando fundo Alice decide segurar a mão dele— No dia seguinte minha tia saiu para comprar algumas coisas me deixou com ela sozinho, estava indo tudo muito bem, troquei ela e fomos pra piscina... Passei protetor nela e tudo, ficamos um tempinho fora da piscina, "Pegando um bronze" como ela falava. Tinha um banheiro lá fora, para não ficar molhando a casa o dia todo, mas não estava dando descarga e eu tive que ir no de dentro. Falei pra ela ficar lá, dei o meu celular pra ela e ela ficou assistindo deitada no gramado. —Pedro pergunta "Você não ouviu nada?"— Aí é que tá, não houve nada. só escutei o celular tocando a música e só, nenhum barulho de água ou grito... Eu sai do banheiro e vi que meu celular tava jo-jogado —Alice olhou para Marina mas voltou o olhar para ele— Ai eu achei que ela ia me assustar ou algo assim, eu sempre fingia porque ela só dava o susto quando eu já tinha visto ela. Não foi diferente quando eu vi ela boiando naquela pisci... —Pedro o abraça vendo que ele não iria conseguir terminar a frase— Eu corri, tentei salvar ela, fiz de tudo... mas não consegui... No fundo da piscina eu vi alguma coisa nadando, como se fosse algo grande só que claro. Nas gravações só mostra eu pulando na piscina e uns minuto depois boiando que nem ela... —Parou o choro e só teve ele acabado emocionalmente —A minha tia chegando um pouco depois e caindo no choro, a mulher que mora do lado da casa foi até lá e ajudou ela, ligando pra polícia e acalmando ela. Dava pra ver que eu não estava louco, a água se moveu na gravação mas eles não acharam nada na piscina, e falaram que foi tentativa de suicido... —Olha para Alice— Eu não tentei, só queria ela de volta. — Alice pergunta "Mas como você saiu de lá?"— Eu não sai, toda noite eu sonho que meu corpo está coberto de água, sonho com minha prima chegando no meu quarto e me acordando... Mas nunca mais foi ela, e nem será ela. Eu acordei no hospital e eu queria tanto que eu tivesse caído e batido a cabeça, e sonhado isso tudo, mas eu não sonhei... —Respira fundo e depois de um momento— Naquele dia da festa eu vi ela, quem te salvou foi ela, não foi eu nem o Roberto. ELA. Então mais tarde a Giovana disse que viu algo na água e me chamou, eu sabia que era ela. Tinha que ser ela. Então entrei na piscina e foi como se eu tivesse passado do fundo e aparecesse lá, na mesma casa que aconteceu tudo, no mesmo momento em que ela decidiu nadar sem as bóias e se afogou... só que lá e consegui salvar ela, não sei se foi tudo um surto mas eu fiquei lá por uns dias até eu pegar o ônibus de volta pra casa e perceber que estava no fundo de uma piscina a mais tempo que alguém já ficou.

Amor, Paixão e tanto fazOnde histórias criam vida. Descubra agora