XVII

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03:02

Ele não entendeu muito o recado, pegou um impulso e nadou até a borda da piscina. Giovana estava sentada numa cadeira de banho de sol esperando ele voltar, com uma toalha e suas roupas dobradas.

— Cadê meu celular? — Falou Eduardo sem nem respirar antes.

— Olá filho de poseidon, deve tá na bolsa da Alice.

Ele saiu da piscina e se secou.

— Eu vou dar um pulo lá em casa e já volto.

— Tá, mas... E a Alice?

Por mais que ela parecesse bem Giovana tinha medo de acontecer alguma coisa que ela não fosse capaz de suportar, do mesmo jeito que aconteceu com o avô dela.

— Ela ficará bem, tenho que ver minha mãe.

Ele saiu de lá com a bicicleta emprestada de Giovana, chegou em casa sua mãe estava acordada.

— Mãe?

— Filho! — Disse ela na cozinha com um copo de café na mão — Tenho que ficar um tempo fora.

— É a tia? — Disse ele se sentando em uma das cadeiras. — ela piorou?

— Sim, ela só regressa com alzheimer... E eu vou ficar com ela até...

— Até? — Disse ele com o olhos marejados.

Ela tomou o resto do café.

— Sim... — Alguém buzinou — Eu preciso ir.

Ele pegou a mala de sua mãe e saiu com ela para fora de casa.

— Aquela é a Marina? — Perguntou Eduardo com um sorriso no rosto quando chegou na calçada.

— SIIIM! — Gritou ela.

Marina correu e deu um abraço bem forte em Eduardo, já que não se viam desde o ano passado. Depois de sair dos braços de sua prima, ele se virou para sua mãe e a abraçou.

— Você sabe se cuidar sozinho... — Disse ela e depois se afastou — Sabe a senha do cartão? Qualquer coisa me liga. Não suma por muito tempo! — Ela se virou para Marina — Se ele morrer eu te mato.

Ela deu um beijo na testa de cada um e entrou no Uber se despedindo.

— Você acordado essas horas? — Perguntou Marina pegando sua mala.

— Deixa que eu pego! — Eles entraram em casa — Eu ainda não dormi e tenho que voltar para onde eu estava.

Marina viu que tinha café então puxou uma cadeira e se sentou.

— Pode ir, mas quando chegar lá mande sua localização... — Ela tomou um pouco de café na xícara que estava vazia — Não quero te perder de novo.

— A chave é essa ai, vermelha, você vai ficar no quarto da minha mãe. Aquele é o meu — Apontou ele pro seu próprio quarto — e aquele é o do Pedro.

— Quem é Pedro? — Perguntou ela.

— Ai mó preguiça, depois te falo, é uma história muito longa. — Ele pegou seu chaveiro — Tô indo.

Os dois jogaram-se beijos no ar.

05:36

Eduardo estava dormindo do lado de Alice enquanto Giovana também estava dormindo mas em seu quarto. Roberto estava dormindo e Pedro era o único que estava acordado, sentado de cueca box na janela do quarto de Roberto olhando o nascer do sol.

— Quem é você?

Pedro se virou.

— Quem é você? — Perguntou Pedro.

Roberto acordou e falou assustado:

— Mãe? — Ele se levantou —Pensei que ia ficar mais um tempo.

O pai dele chegou do lado de sua mãe.

— Quem é ele? — Disse sua mãe em alto e bom som.

Pedro e Roberto se olharam.

— Meu...

— Anda, fala logo! — Falou sua mãe.

Pedro pegou sua calça e vestiu.

— Ele é meu namorado! — Falou Roberto bem rápido e Pedro olhou para ele.

A mãe de Roberto ficou sem reação.

— Como assim seu namorado? Você é gay? Você só pode estar brincando com a minha cara muleke.

O pai de Roberto ficou escorado na parede em frente do quarto dele.

— Mãe?... — Falou Roberto com os olhos marejados.

— Roberto? — Falou Pedro — Tenho que ir embora.

— Eu te levo até a porta. — Disse o pai de Roberto.

Ele passou pela mãe de Roberto com sua mochila sem se despedir de Roberto e o pai dele o seguiu até a porta. O pai abriu a porta e Pedro passou.

— Ei? — Pedro se virou — Não suma, ele vai precisar muito de você mais tarde, e... sinto muito pelo ocorrido.

— Não sinta por o que você não pode consertar.

Ele se virou e foi embora. O pai de Roberto fechou a porta e voltou para o quarto dele.

— Roberto! — Ele tirou a mãe dele de cima do Roberto com um empurrão — Cê tá maluca?

Roberto estava sangrando e sua mãe estava com a mão toda vermelha do sangue de seu próprio filho. Ele abraçou Roberto enquanto ele soluçava de tanto chorar.

— Enquanto ele não ser o homem que eu criei eu não piso mais nessa casa. — Disse ela se levantando.

— Então que porra está esperando para se retirar?

Ela olhou para ele enquanto perdia qualquer reação que tinha no rosto.

— Meu próprio marido...

— Está defendendo seu próprio filho da surra que sua mãe lhe deu por não respeitar ele mesmo... Saia dessa casa!

Ela olhou uma última vez para ele, pegou sua mala que estava na sala e saiu batendo forte a porta.

— Fique bem, uma pessoa ruim a menos na sua vida. — Disse ele enquanto estava com Roberto em seus braços. — O mundo lá fora pode ser uma das piores coisas que eu vou tentar lhe proteger contra, mas quero que saiba que eu vou estar em casa esperando e rezando para que não aconteça algo com você... — Ele o beijou na testa enquanto Roberto chorava mais e mais — Pode ser difícil para você ter que se despedir de uma pessoa que tu ama assim tão derrepente e necessariamente, mas... vai ser melhor assim.

Roberto falou alguma coisa mas não saiu nada com a sua boca cheia de sangue e o choro não ajudava nada, a não ser a melhorar o estado dele mesmo.

Pedro estava na rua, indo para a casa de Giovana quando foi atingido por uma pedra.

— Fique longe do meu filho sua aberração. — Disse a mãe de Roberto e logo depois correu quando alguém gritou.

Por sorte a mochila amorteceu a batida e só doeu por ser grande e por acertar entre o ombro e as costas.

Amor, Paixão e tanto fazOnde histórias criam vida. Descubra agora