Pai, mãe... está é a Layla, minha namorada

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Heitor levou as mãos até os cabelos para conferir, pela quinta vez nos últimos três minutos, se eles estavam apresentáveis. Suspirou e olhou para seu lado onde Layla estava parada e muito quieta, o que não era nada normal para ela.

— Ainda dá tempo de desistir. — Heitor tentou, mas a garota balançou a cabeça de um lado a outro em um gesto exagerado de negativa.

— Não vim do Underground até seu mundo para desistir agora. — Disse, decidida. — Fala sério, Heitor. Estamos namorando à quase três meses e eu ainda não conheci seus pais. Minha mãe te adora, preciso conquistar o coração dos seus pais também.

Rindo, de nervoso e com vergonha, Heitor endireitou a postura e abriu a porta de sua casa. Ele encontrou seus pais sentados no sofá de quatro lugares que tinham na sala. Algum programa besta passava na televisão.

— Pais, esta aqui é a Layla. — Ele começou a falar, depois, se virando para a namorada. — Layla, conheça meus pais. Hector e Joana Villa-Lobos.

Depois dos abraços e comprimentos educados, todos se acomodaram de volta no sofá.

Um silêncio constrangedor tomou conta do ambiente até que Joana tomou a iniciativa.

— Então, você é a Layla? Ouvimos tanto sobre você que até parece que fomos nós que caímos no buraco que levou nosso filho até o Underground.

Hector riu e comentou.

— Pois é, nosso filho descobre uma civilização inteira debaixo da terra. Algo que por si só poderia render um prêmio de descoberta do século caso a Agência permitisse que levássemos a informação ao público, mas ao invés de nos dar detalhes sobre o Underground só o que o orelhudo do meu garoto consegue falar o dia todo é "A Layla é incrível, ela é a melhor tecladista do universo, seus cabelos são tão cheirosos e bla bla bla!!"

Heitor encarou seu velho, muito irritado.

— Eu não falo só na Layla! E como pode me zuar pelas minhas orelhas sendo que as puxei de você?

Os dois embarcaram em uma discussão idiota sobre orelhas e romantismo exagerado, o que fez Layla e a mãe de Heitor rirem.

— Eles são mesmo muito parecidos, basta comentar das orelhas que perdem a noção do que estão fazendo. — Layla disse.

— Verdade, na faculdade eu chamava o Hector de "orelhudinho". Uma vez ele ficou tão sem jeito que esqueceu que estava descendo as escadas e caiu com tudo no chão. — Joana riu.

Percebendo que eram a piada do momento, Heitor e Hector interromperam a discussão.

— Desculpe a cena. — Hector disse, envergonhado. — Isso é bem normal por aqui, mas é uma briga de pai e filho que sempre existiu na nossa família. Era a mesma coisa com o meu pai, a coisa toda virou uma tradição.

— Achei bem legal. — Layla admitiu. — Posso levar essa tradição para o meu mundo?

— Só se me der os créditos. — Hector concordou e apertou a mão de Layla para fechar o trato.

— Hey, estou bem aqui! — Heitor tentou se intrometer, mas acabou ignorado.

Se virando para o filho, Hector disse.

— Preciso admitir que estava preocupado quando me disse que sua namorada é um ser de outro mundo.

— Tem algum problema nisso? — Layla não controlou a boca e perguntou na lata.

— Nenhum. — Hector respondeu. — Sendo bem sincero, a minha preocupação é com meu garoto. Heitor, como planeja manter o interesse de uma garota tão especial quanto a Layla? O único charme que você tem é de saber cantar e tocar guitarra. Ela canta, manda bem no teclado e é de outro mundo! Fala sério, a Layla é uma verdadeira estrela em pessoa enquanto você não conquista o afeto nem do cachorro do nosso vizinho.

Olhando para sua namorada, Heitor resmungou.

— E você preocupada em saber se eles iam gostar de você. Será que pode me ajudar aqui e dizer ao meu velho que também tenho meus pontos positivos?

Layla olhou para o teto, se fazendo de desentendida.

— Na verdade, agora que seu pai mencionou, acho que ele esta certo. Como você pretende manter o meu interesse, Heitorzinho?

O resto da tarde passou entre piadas (sobre o Heitor), programas de rock, pizza e muita conversa aleatória. E apesar da zoação gratuita com sua pessoa, Heitor ficou muito feliz em ver como seus pais aceitaram Layla na família.

Aquilo parecia algo bem promissor para seu namoro. Quem poderia dizer até onde essa história o levaria?

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Coisas que aconteceram no Underground (Enquanto ninguém olhava)Onde histórias criam vida. Descubra agora