Capítulo 5

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“Novo dia, novas possibilidades de algo dar errado.”

Mary havia perdido a conta de quantos dias estava naquele quarto, talvez, semanas ou meses. James não apareceu desde o fatídico dia, apenas via os médicos que não lhe davam muitas informações, seus ferimentos estavam praticamente curados, ficou com algumas cicatrizes, sendo uma no rosto que a irritava profundamente, não ligava para outras, mas aquele a fazia lembrar mais de Samuel, seu sangue fervia toda vez que pensava nele, queria vê-lo morto, ainda mais se pudesse ser feito por suas mãos. Como ficou trancada por dias, sem poder sair, teve muito tempo para pensar, não entendia o motivo de não estar enterrada agora, eles querem algo e isso é bem claro. O braço direito do príncipe tem uma personalidade muito forte, nunca deixaria alguém desafiá-lo e sair vivo, talvez se ela não tivesse atacado ele, apenas sairia com um corte e estaria em casa agora, mas ela o atacou, não se arrependia nem um pouco disso, mas odiava o fato de ser uma prisioneira, nunca em sua vida inteira poderia imaginar tamanha tragédia.   

Quando estava quase perdendo as esperanças de sair daquele quarto, que a essa altura não aguentava mais ver, James apareceu. Estava sério e vestia a mesma roupa de treino, como naquele mesmo dia. Sua respiração voltou a acelerar, sempre que o via isso acontecia, tudo se tornava real de uma forma aterrorizante, sentia o mundo se fechando, como se não tivesse lugar para ir, tentou ignorar o que sentia, não gostava de parecer fraca. Nenhum dos dois disse nada, Mary estava sentada na cama, encostada na cabeceira e encarava a parede profundamente, tentando controlar sua respiração. Percebendo a situação, ele se sentou ao seu lado, mas não disse nada. Sua respiração ficou mais acelerada, não conseguia se mexer, seu coração acelerava.

– Eu não sou muito bom nisso. Prefiro livros - ele inclinou o livro levemente. - No final sempre dá certo, se não der pelo menos o protagonista sai como herói. Mas na vida real, é bem diferente, nenhum livro é capaz de descrever realmente como as coisas são.

Por algum motivo sua respiração começou a diminuir e tudo pareceu se acalmar por alguns segundos. Tudo iria mudar e Mary estava ciente disso, e estava com medo, porque a realidade era pior, bem pior.

— Não vai ser fácil - continuou - você poderia ter matado ele em segundos, mas não fez. Preferiu não usar seus poderes, que são incríveis aliás. Queria que não tivesse atravessado aquele campo irritada, porque agora eles sabem, foram fundo pesquisar sobre você.

— Uma arma então. Por isso tô viva. Mas quem contou? Ele ia me matar e não adianta tentar dizer que não, porque era óbvio que ele iria.

— Eu não sei… sinto muito. - James se levantou, colocou as mãos no bolso de sua calça, e olhou profundamente em seus olhos - Eu pedi para pararem, mas não me escutaram.

— Achei que você me odiava vossa majestade - Mary disse em um tom formal e irônico, que fez os dois rirem.

— Que isso?

— O quê?

— Senso de humor. Parece que você não é tão terrível assim. - disse ele sorrindo, mas logo em seguida o tom sério voltou -  Na mesa tem uma conjunto de treino, volto em 15 minutos.

Hora de encarar a verdade. A garota se levantou e colocou a calça que era muito confortável, a blusa de manga comprida, ambas eram pretas. Arrumou o cabelo em um pequeno rabo de cavalo, já que seus cabelos não eram grandes. Calçou os sapatos, e por fim colocou o broche real, que indicava que fazia parte das forças armadas de Elements. Também havia um símbolo que indicava que faria parte das forças especiais, o que a deixou furiosa, seu superior seria Samuel.

Depois de um tempo James voltou, e a encarou um pouco surpreso,  roupas escuras sempre caem bem em Mary, principalmente por darem um contraste com seus cabelos brancos meio acinzentados.

— Algum problema? - indagou curiosa, percebendo a cara de surpresa do príncipe.

— Não…..você…….tá…...bem,digo fisicamente bem. Eu quero dizer que você parece saudável e que se recuperou bem - disse meio atrapalhado e envergonhado. - Podemos ir?

— Sim. Só queria dizer que não é uma boa ideia me colocarem para trabalhar com ele.

— Ah, você percebeu. Sinto muito, mas você é prisioneira aqui, sem escolhas.

— Uau! Você é um idiota.

Os dois saíram do quarto e caminharam em direção ao Centro de Treinamento. Haviam milhares de pessoas treinando, diversas equipes, cada uma com um função e todos por um mesmo objetivo.

Rainha Do Gelo (REESCREVENDO)Onde histórias criam vida. Descubra agora