Rainha Do Gelo (REESCREVENDO)

Capítulo 4

"Eu devia ter desistido quando tive a chance, mas fui o suficientemente estúpida a ponto de achar que iria dar certo."

Mary estava deitada em uma cama, em um sono profundo. Sonhava com Josh, Emma, sonhava que estava em casa, feliz. Mas tudo se acabou quando abriu os olhos, estava assustada, imóvel, tentando entender se havia morrido ou se estava viva. Seu coração e sua respiração estavam acelerados, olhou para lado e encontrou a figura de um menino, que segurava um livro e a observava atentamente, sem dizer nada, sua visão não estava muito boa, não o reconheceu de primeira, apenas quando ele chegou mais perto que percebeu quem estava à sua frente. James! Na mesma hora que o reconheceu, sua expressão mudou drasticamente, não estava mais assustada e sim confusa, muito confusa.

- Ahh... então...Como você está? - o garoto que parecia ser tão confiante, estava todo sem jeito. Talvez fosse o fato de não saber lidar com pessoas como Mary, estava acostumado com as garotas patéticas da corte ou pela fato de ela ter quase morrido.

Mary não disse nada, apenas o ignorou. Ainda tentando processar tudo se sentou na cama, observando o ambiente.  Era um quarto muito bonito, tinha cores claras em um tom bege, suas mobílias eram refinadas e não pareciam ser um quarto para soldados, com certeza não era. 

- Mary!? Você quer que eu chame o médico?

- Quantos dias? - disse a garota secamente.

- Dias? Que dias? - James demorou para entender sobre o que ela falava e Mary permaneceu calada durante todo o processo. - 12 dias. 

A garota se levantou da cama, usava uma camisola azul, não se importa com o fato de James estar lá, só queria sair. Começou a procurar uma roupa decente, mas encontrou apenas vestidos. Durante todo o processo o garoto a observava, tentando entender o que estava acontecendo, não dava pra saber quem estava mais perdido naquela situação. 

- Mary! Por favor se sente, você precisa descansar - ele se aproximou segurando seu braço, mas logo o soltou quando viu o olhar de reprovação. 

- Eu só quero ir embora. 

- Mas…. você não pode. Você foi aceita, passou no teste. 

- Então o teste era quase morrer? Sério!? Eu não vou ficar aqui. 

- Por favor, deixe-me explicar! Eu sinto muito pela atitude do Samuel, ele é uma boa pessoa, as vezes ele passa dos limites, mas posso lhe garantir que ele se arrependeu profundamente pelos acontecimentos no nosso último encontro. 

- Eu não me importo. Eu não ganhei, então não entrei. 

- Teoricamente eu posso mudar as regras e acho que você é de grande ajuda para o nosso reino. Suas habilidades são incríveis e seus poderes também, ouvi muito sobre você. 

- Eu….. não….me…...importo! - sua respiração estava ofegante, uma dor intensa começa a percorrer seu corpo, os cortes que tinha ardiam, se desequilibrou com a dor e quando estava preste a cair James a segurou cuidadosamente para não acertar o corte que havia na lateral de seu corpo. 

- Mary!? Você precisa descansar, amanhã conversaremos. - ele a carrega pelo quarto, levando-a até a cama. Estava furiosa, mas não tinha forças para lutar contra ele. - Vou chamar um médico para dar uma olhada nos seus ferimentos. 

As horas passaram lentamente e a dor estava insuportável, mesmo tendo tomado vários remédios. Ainda se perguntava como havia sobrevivido. Estava confusa, queria ir embora, correr para casa e ver a Emma, ter sua vida normal de volta, não queria passar mais nenhum segundo naquele local. Preferia morrer do que ter que trabalhar com todos aqueles hipócritas, não queria lutar uma guerra que não era dela. Seu pensamento viaja por tudo que havia passado, relembrando cada segundo, trazendo a tona todos os sentidos, se sentia sufocada, não aguentando mais, começou a chorar como nunca havia, estava aterrorizada, adormeceu em meio às lágrimas e as dores que sentia.  

Na outra manhã acordará melhor, não estava mais sentindo tantas dores, mas ainda continuava com o coração apertado, a vontade de chorar persistia e mais algumas lágrimas escorreram quando a porta do quarto foi aberta por James. Ainda segurava o mesmo livro, usava uma blusa preta com mangas, o tecido era fino e uma calça de mesma cor, já havia visto essa roupa antes, era um conjunto que usavam para treinos. 

– Oi? Como você está?- Mary revirou os olhos com a tentativa de contato, ele agia como se ela fosse frágil e qualquer coisa pudesse quebrá-la em milhares de pedacinhos. 

– Chega de enrolação, eu quero ir embora! Quando vou poder sair? - sua voz saiu mais ríspida do que queria. 

– Sinto muito…….mas - ele faz uma pausa longa, tentava encontrar as palavras certas. - Você não pode ir. 

Ela começa a rir, como se tudo fosse uma piada, mas para quando o rosto de James permanece sério. 

– Teoricamente você atacou um membro da guarda real. Isso é um crime que levaria a morte, mas a corte analisou seu caso, e foram muito gentis, decidiram que você usaria suas habilidades para ajudar nosso exército por tempo indeterminado - ela ficou sem palavras, não acreditava no que estava ouvindo. Gentis!? Isso é uma piada! Tempo indeterminado!?

– Não! Não e não!

– Você não tem escolha. 

– Olha! Meu plano era vir para essa merda, sobreviver, passar um ano e depois voltar para minha casa e fingir que nunca estive aqui. Não ser uma prisioneira. 

– Planos mudam. - Mary levantou furiosa, avançou para cima de James e deu um soco na cara dele. Ficou paralisada depois do ato, o nariz dele começou a sangrar, ele olhou profundamente em seus olhos, um frio percorreu pela corpo da garota. - Ok….. eu mereci. 

Ele se vira deixando-a sozinha. O que eu acabei de fazer!? Merda! Ele é o príncipe, o que eu tava pensando! Recomponha-se Mary!. Ela se senta na cama e milhões de pensamentos começam a surgir na sua mente.