- Oi! Se eu fosse vocês, não passaria por ai não! – gritou um homem ocupado em lavar alguns potes de ferro na outra margem do rio – É perigoso pros cavalos! Tão vendo aquele cipreste ali mais embaixo? Ali é mais seguro pra eles passarem.
Na margem oposta duas pessoas montadas em seus cavalos pararam e observaram tanto o camponês quanto o caminho raso à sua frente.
- Mas aqui é o vau – protestou dizendo o óbvio, era um homem de cabelo castanho meio grisalho, sua barba escanhoada exibia a mesma tonalidade e vestia uma túnica de viagem clara sobre um conjunto de camisa e calças marrons com detalhes dourados ao redor dos botões. Carregava grandes volumes nos alforges presos às ancas de seu animal, um lobuno de pelo brilhante, também consigo em bolsas presas por cintos ao redor do corpo.
- Esse é o vau sim – respondeu o camponês – a gente o chama de Vau-dos-Espinhos, tem essas pedrinhas pontiagudas que grudam no banco e se pegam de mal jeito na pata dos bichos faz um estrago danado.
- Hmm... interessante, meu senhor! Fico pensando que tipo de pedra é essa! – respondeu o cavaleiro.
- Pois é – gritou o outro em resposta – é uma pedrinha assim ó – e fez um formato com ambas as mãos para ilustrar – aí se o bicho pisa assim...
- Vel... – interrompeu a mulher montada no outro animal, um tordilho, seu cabelo preto escuro era comprido e mesmo preso em um coque deixava mechas caíram sobre seu rosto e atrás. Chamava atenção pela sua armadura, placas de aço sobre uma jaqueta de couro reforçada com anéis metálicos e uma espada longa pendurada à sua cintura. Indo até os punhos, as mangas da jaqueta eram então cobertas por luvas que começavam na altura de seus antebraços. Suas calças eram do mesmo material e, presos com cintas, placas de aço protegiam partes de suas pernas.
- Peraí que eu ajudo vocês – prontificou-se o homem na outra margem do rio, deixando de lado seus potes e panelas. Acompanhou os viajantes até o local indicado, tirou suas botas, sua camisa e sua calça, ficando apenas de ceroulas entrou no rio que quase o cobria por completo e atravessou a nado até perto da outra margem – Empresta as rédeas pra mim.
- Agradeço por mim e por minha companheira, meu amável senhor! Me chamo Veldegraix e ela é Wiehaven, como podemos chamá-lo?
- Graça de Emala, mas os nomes de vocês são estranhos mesmo, não? Podem me chamar de Hunt. Pronto, mais alguns metros e já chegamos. Agora sim, só cuidado aqui nessa subida. Última vez que alguém tentou atravessar a cavalo pelo Vau-dos-Espinhos machucou o casco do animal e foram algumas semanas até ele se recuperar. Mas, me diz, o que vieram fazer para esses lados?
- Danhost, meu amigo Hunt. Tentamos ir pela estrada principal, mas há um bloqueio ao Norte, então demos a volta e viemos por aqui.
- Danhost, é? – pensou o camponês – Acho que dá para chegar até lá pela trilha velha, faz tempo que ninguém sobre por ali então deve estar toda cheia de mato e raízes. De qualquer forma, bem-vindos à Ram! Não tem muita coisa por aqui, mas temos uma estalagem se quiserem ficar um pouco e descansar!
- Uma estalagem! – sorriu Veldegraix olhando para sua companheira enquanto desmontava para acompanhar o homem a pé – Ouviu isso? Significa que hoje minhas costas estarão livres das pedras, das formigas e da terra! Conte-me mais sobre essa estalagem meu bom homem, não sabe o quanto isso me alivia.
Dois cachorros brincavam se mordendo e rolando no chão perto de um grupo de crianças que observava os recém-chegados com um interesse quase palpável, olhos arregalados, cochichando palavras apressadas antes de dispararem para avisar os outros da novidade.
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Reinos Despedaçados
FantasyO Despertar aconteceu, Runeghast se levantou e destruiu o mundo dos homens, espalhando o caos nas Terras Distantes. Começa o período de reconstrução, dos escombros a vida ressurge lutando para se estabelecer novamente. Os Grandes Reinos não existem...