Estávamos todos a espera da garota nova. Quanto alguém fazia sua escolha era destinado a uma ala e dessa vez a nossa foi escolhida, cada ala só podia habitar quatro almas, e a nossa tinha apenas três.
Gregory Scott um garoto pequeno, magro, de olhos quase sempre arregalados, cabelos enrrolados e sorriso amarelado, tinha apenas quinze anos e havia sofrido um acidente com seus colegas de fuga, num roubo de carros, o garoto foi arremessado para fora do veículo que estavam roubando e não resistiu aos ferimentos, morreu antes mesmo do socorro chegar. Ele podia ter escolhido ir para o céu, Deus o receberia da mesma forma, mas ele preferiu vir para cá, esse lugar tenebroso, vulgar e sujo. Ele diz que tomou essa decisão por que sabia que não era digno do amor de Deus.
Marco Henrry um garoto sarcástico, alto, de cabelos longos e lisos, olhos grandes, sorriso perfeito, roupas sempre negras, cortes nos braços, tinha dezenove anos, o garoto mais bonito dali, supostamente havia matado seu gato em um ritual frenético a procura da libertação da sua alma. Pobre do gato. Ele disse que escolheu vir para esse lugar por que aqui era sua casa, era seu mundo.
Meggae Kupper, esse era meu nome, eu escolhi esse lugar por que fui enganada, nunca fiz nada de errado a não ser ter tirado o filho de um estuprador barato que estava sendo gerado dentro de mim. Eu era baixa, magra, cabelos longos, olhos bem abertos e bochechas coradas, tinha apenas dezessete anos.
- Vai demorar muito para ela chegar? - Gregory perguntou.
- Talvez, o transporte dela pode ter atrasado, o congestionamento entre o céu e o inferno são bem extensos. - respondi com calma.
- E se ela desistiu? Talvez tenha escolhido ficar no céu ou pode ter chupado Deus e ele a deixou ficar lá. - Marco falou debochando.
- Nós três sabemos que depois que é anúnciado não se pode voltar atrás. - eu disse sem muita cerimônia e de cara fechada para Marco.
- O que será que ela fez? - Gregory parecia ansioso.
- Eu me suicidei. - respondeu uma voz vinda da porta de entrada.
Uma garota alta, de corpo definido, cabelos curtos com um tom de azul escuro, olhos negros com muita maquiagem preta borrada, batom preto, roupas pretas, unhas pretas, uma garota atraente, com coturnos, meia calça rasgada vários piersings no rosto, muitos colares com símbolos satanismo e caveiras.
Gregory deu um pulo da cama onde estava deitado e estendeu a mão, a garota passou direto por ele.
- Sou Kristy Rarpper. -disse deitando na cama sem dar atenção a Gregory.
- Porque escolheu vir pra cá? - perguntou Marco.
- Não escolhi, fui mandada, nem Deus aceitou me ter por perto. - respondeu rindo.
- Então você pecou bastante? - perguntei contendo o assombro por uma garota tão linda.
- Você nem imagina o quanto. - Ela fritou meus olhos com um olhar frio e atraente.
- Qual sua idade? -Gregory perguntou voltando para sua cama.
- Tenho 963. - ela respondeu com um risinho de leve voltando seu olhar para o teto.
- É impossível. - disse Marco.
- Não quando seu pai é dono do inferno. - ela disse com uma expressão assustadora.
Eu podia sentir um frio na espinha quando ela disse isso. Ela não podia ser filha do Diabo. E se ela fosse, não poderia morrer.
- Você pensa errado meu amor. - ela disse olhando diretamente para mim. - Eu como filha do Diabo posso morrer sim, mas antes de morrer deveria causar o caos no mundo.
Todos dentro daquele quarto arregalaram os olhos. Ela podia ler pensamentos.
-Não se assustem. - ela disse pulando da cama. - Eu só posso ouvir o que vocês pensam quando pensam em mim ou no meu pai.
Ela andou de um lado para outro na sala e veio até onde eu estava, me encarou com o rosto quase colado no meu e simplesmente me beijou.
- Garotos, eu gosto de garotas.- ela falou alternando o olhar entre Gregory e Marco.
Eu não sabia o que fazer, o beijo dela era gelido, com um gosto de pecado tão eminente.
- Não se assuste com meu jeito. - disse ela rindo e me encarando.
Ela saiu do quarto, e parecia feliz e agitada. Andou por toda a nossa ala, viu cada centímetro daquele lugar e depois de quase 2 horas de exploração ela voltou para o quarto, se sentou na minha cama, do meu lado, com a coluna apoiada na parede. Ela agarrou minha mão, e foi dizendo:
- Pelo menos você está aqui, por que a filha mais mimada do papai não ter uma diversão é complicado. - ela riu beijando minha mão.
Fui logo pensando: "olha aqui garota, eu não sou sua diversão não, eu nem sei porque vim parar aqui, você ...." interrompi o pensamento lembrando que ela os podia ouvir. Quando a olhei ela estava me encarando com um sorriso imensamente perfeito.
- Realmente você é bem mais que uma diversão. - disse ela beijando minha boca e saindo.
Eu estava apavorada com tanta atração e pavor.
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Durma anjo pecador.
HorrorQuando as portas do meu inferno se abrirem, tema , pois nem o pior dos demônios irá escapar da minha fúria.