Kristy agarrou minha mão.
- Precisamos comer querida. - disse ela.
O refeitório estava perto de fechar até a hora do almoço.
- Vamos? - perguntou me puxando para que levantasse da cama.
- Claro, vamos.
Fomos até o refeitório abraçadas, meu braço agarrava a cintura de Kristy, enquanto o braço dela entrelaçava meu pescoço. Pareciamos realmente um casal.
Assim que chegamos no refeitório vi Helena comendo em um canto com um cara ao seu lado. Pensei imediatamente em ir até lá e falar com ela, não sabia exatamente o que falar, mas eu precisava falar com ela. Kristy parou de andar subitamente e me puxou para que eu ficasse de frente para ela e que a encarasse.
- Prometa para mim que não vai falar com ela amor. - pediu Kristy.
- Mas eu preciso saber o que ela queria comigo.
- Ela só quer te fazer mal. Prometa para mim.
Abaixo a cabeça.
- Tudo bem, não vou falar com ela.
Kristy me beija e eu percebo o olhar de Helena em cima de nós duas.
- Eu amo você Meggae.
- Eu também amo você.
Caminhamos até a fila, pegamos nossa comida e sentamos de costas para Helena, eu evito pensar nela, pois Kristy leria meus pensamentos.
- Coma amor. - disse Kristy olhando para minha comida.
- Não estou com fome.
- Você nunca está. Coma.
Eu como tudo forçadamente.
Voltamos para o quarto e Kristy deita, reclama das dores da surra que ganhou do pai.
- Não deveria ter ido pedir nada a ele. - resmungo.
- Mas eu fui.
Gregory e Marco estão deitados em suas camas e nos olham.
- Vamos brincar garotos? - pergunta Kristy sentando na cama e encostando na parede atrás dela.
- Brincar? De quê? - pergunta Gregory.
- Verdade ou consequência.
- Huum, parece uma boa. - diz Marco se animando um pouco mais.
- Vai jogar amor? - pergunta Kristy, pegando minha mão.
- Não. Vou dar umas voltas. Cansei desse quarto.
- Tudo bem, eu jogo com os garotos.
- Ok.
Me levanto e vou saindo.
- Meggae, não esqueceu de algo?
- O quê?
Kristy põe o dedo indicador na boca e dá três batidinhas. Eu volto e dou um beijo nela.
- Huuuuum, eu sabia que vocês estavam namorando. - diz Gregory sorrindo.
- Daqui a pouco eu volto. - digo saindo do quarto.
Ando por alguns minutos nos corredores mal iluminados daquele local, a maioria das luzes não funciona ali, não há sol, apenas algumas frestas de luz que vem de algum lugar lá de fora, mas ninguém sabe de onde exatamente. As luzes sempre estão ligadas, para dizer a verdade não sei como definem dia e noite naquele local. Eu já havia passado da minha ala, estava na ala vizinha.
-Meggae, então se rendeu aos encantos da Kristy. - disse uma voz em algum lugar atrás de mim.
- Quem é?
- Sou eu, Helena.
- O que você tem haver com isso?- digo me virando na direção de onde vem a voz.
Ela chega rápido e com o corpo colado no meu ela diz:
- Você sabe o quanto ela pode mentir não é mesmo?
Eu a empurro.
- Vocês duas podem.
Ela dá uma risada e logo em seguida diz.
- Eu sou filha de Deus, sou feita se amor, ela é um serzinho do inferno, ela não ama Meggae.
- Eu sei o que você é.
- Sabe mesmo? Sabe o que? As mentiras que Kristy te contou? - ela me agarra pela cintura e com aqueles olhos azuis ela parece penetrar minha alma. - Ela te contou a mentirinha que ela conta para todas? Que eu sou uma criatura má, que eu sou uma nifilim, uma súcuba, que eu posso seduzir e sugar sua alma? - ela me solta e ri. - Não seja tola Meggae, você é mais inteligente que isso.
- Como você sabe o que ela me disse?
- Desde que a conheço, Kristy sempre conta a mesma historinha para todas as que ela supostamente ama.
Eu abaixo a cabeça.
- A quanto tempo vocês se conhecem?
- Mais de cinco séculos, tempo suficiente para decorar as mentirinhas dela.
- Por quê ela te odeia?
- Eu não me lembro, talvez por que eu não a quis, não me rendi as mentiras dela.
- Como posso acreditar em você, eu nem a conheço.
Helena me rodeia com a mão nos meus ombos, ela me puxa e sussurra no meu ouvido:
- Confie no seu coração.
Ela levanta meu queixo e me beija, um beijo leve, sua boca era macia, com um gosto doce, sua língua entra na minha boca e ela puxa a minha com a dela e chupa com força, mas uma força que me dá desejo. Eu a empurro.
- Se você é filha de Deus acho que não deve beijar mulheres.
Ela dá um risinho.
- Meu pai não liga para essas coisas.
Eu a encaro, a empurro para o canto e ando no corredor em direção ao meu quarto, minha ala, ela então grita rindo e em tom de deboche:
- Esqueça esse beijo Meggae.
"Esqueça esse beijo Meggae" , repito em pensamento.
Chego no quarto e vejo Kristy sorrindo com os garotos. Corro, me ajoelho na cama onde ela está, a puxo e a beijo, segurando seu rosto com as duas mãos, após um beijo bem longo com a cabeça ainda encostada na dela e de olhos fechados eu digo:
- Eu amo você Kristy. De verdade.
Ela sorri.
- Eu também amo você, mas o que houve?
- Nada, eu simplesmente descobri que eu não quero perder você.
- Você não vai me perder amor.
Os garotos nos olham rindo.
- Estão rindo de que seus babacas? - pergunta Kristy brava.
- Nada. - respondem os dois em coro.
- Bom mesmo. - ela ri. - Levanta daí amor, senta aqui do meu lado, vamos jogar.
- Sim, vamos jogar amor.
Sento ao lado dela e então eles giram uma garrafa, que eu não sei onde eles conseguiram.
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Durma anjo pecador.
HorrorQuando as portas do meu inferno se abrirem, tema , pois nem o pior dos demônios irá escapar da minha fúria.