Kristy me puxou até o refeitório e assim que chegamos o sinal tocou, éramos as primeiras da fila.
- Quais dias tomamos banho aqui? - ela perguntou pegando uma bandeja.
- São só três vezes na semana. Hoje é um dos dias.
- Como são os banheiros daqui?
- Seu pai é dono desse lugar, você deveria saber.
Ela me olha com uma expressão feia.
- Às vezes eu acho que você gosta do meu lado ruim, por que você parece pedir por tapas na cara.
- Não ouse encostar suas mãos no meu rosto.
Ela larga a bandeja e agarra meu queixo, com força, suas unhas vão apertando e quase adentrando a carne, eu seguro sua mão e ela ri.
"Suas piadinhas agressivas não são muito engraçadas. "
- Tem um certo charme meu amor.- ela diz com um risinho no canto da boca.
Ela me soltou e tentou me beijar, eu virei o rosto.
As outras pessoas começavam a resmungar na fila, Kristy apenas mostrou o dedo do meio para eles, pegou sua bandeja e eu peguei a minha, colocamos comida e fomos até uma das mesas.
- Que horas vamos banhar? - Kristy perguntou
- Mais tarde. - respondi colocando a colher com um pouco de comida na boca.
- E as roupas, vestimos as mesmas? - ela perguntou olhando para sua bandeja de comida.
- Acha que aqui eles se preocupam com nossa higiene?
- Deveriam. - ela disse instantaneamente.
- Depois do banho vamos a um lugar onde há várias roupas lá, pegamos alguma que caiba e vestimos. - eu disse olhando diretamente para ela. - Bom, sobre o banheiro, todos banham juntos, pouco tempo de banho, alguns homens são nojentos e tentam agarrar as mulheres. - faço gesto de nojo. - Aqui é como uma prisão de segurança máxima, cada um por si, por que nem Deus está por nós.
- Aqui não parece uma prisão, já estive em várias e lá não há toda essa liberdade que vocês tem aqui. - ela diz terminando de engolir.
- A única diferença é que aqui já estamos mortos, mas as pessoas se espancam, se cortam, e as dores são horríveis, só não podemos morrer outra vez.
- Vou te ver nua? - ela diz mudando de assunto e fazendo uma expressão de malícia.
- Você poderia ser mais discreta as vezes. - me levanto da mesa. - Vamos embora?
- Vamos. - ela levanta e entrelaça o braço no meu pescoço.
A essa altura o refeitório já estava cheio.
Voltamos para o quarto, os garotos não estavam lá, Kristy deita e pede para que eu me deite com ela.
- Venha meu amor, deite-se aqui.
Eu me deito e ela fica me olhando nos olhos e acariciando meu cabelo, ela começa a cantar, uma canção doce, nunca achei que ela tivesse uma voz tão linda. Acabo pegando no sono.
- Meggae, acorde meu amor.
Abro os olhos com dificuldade e vejo o rosto de Kristy bem perto do meu.
- É hora do banho. - ela diz passando a mão no meu rosto. - Acorde.
Eu a beijo.
- Eu amo você. - digo bem devagar.
Ela ri.
- Eu também amo você. Agora vamos, os garotos já foram.
Me levanto , prendo o cabelo em um coque no alto da cabeça e Kristy me puxa para fora do quarto.
- Onde fica o banheiro? - ela pergunta.
- Venha por aqui. - falei puxando sua mão.
Andamos por alguns minutos pelos corredores mal iluminados e cheio de gente, até chegarmos ao banheiro. Uma espécie de galpão enorme, cheio de pessoas nuas, com choveiros, um piso marrom, molhado, alguns vazos sanitários e um cheio horrível de urina.
- Tirem as roupas. - diz um dos funcionários encapuzados que nós nunca saberíamos quem eram.
- Eles são horríveis. - sussurra Kristy no meu ouvido.
Tiramos nossas roupas e jogamos em canto no banheiro onde estavam as das outras pessoas. Kristy não tirou os colares, nem as pulseiras. Ela andou na minha frente e eu olhava para sua parte traseira que era tão linda quanto qualquer outra parte do corpo dela.
- Garotas, vocês são lindas. - disse um homem atrás de nós, Kristy virou-se e mostrou o dedo do meio, ela amava gestos obscenos.
- Venha, você vai banhar comigo. - disse Kristy puxando meu braço.
Achamos um choveiro e ela entrou embaixo dele, molhando seus cabelos azuis, eu somente a olhava.
- Não vai se molhar? - ela perguntou.
- Vou.
Entrei em baixo do chuveiro e peguei o sabonete.
- Deixa que eu faço isso. - Kristy falou pegando o sabonete das minhas mãos e passando em meu corpo.
Kristy passava as mãos ensaboadas nos meus seios enquanto me olhava fixamente, suas mãos começaram a descer mais e ela me beijou, um beijo ardente e molhado. As pessoas nos olhavam, alguns homens se masturbavam com a cena, podíamos ouvir os gemidos de algumas mulheres tranzando, eu estava extremamente excitada, mas empurrei Kristy.
- Aqui não é lugar. - falei me contendo.
- Tudo bem.- ela disse tirando as mãos do meu corpo.
Terminamos o banho e fomos pegar algumas roupas em outro galpão do lado do banheiro.
Kristy estava contando uma piada quando derrepente ela se calou, olhando para a frente, então eu procurei ver o que a havia feito se calar. Meu coração paralisou de medo, um frio subiu em minha espinha, eu não sentia minhas pernas, ouvia vagamente a voz de Kristy do meu lado, tudo começou a ficar escuro, eu apaguei.
Acordei no quarto, vestida, com Kristy sentada ao meu lado na cama, Gregory e Marco me olhando.
- Ela está bem? - ouvi Gregory perguntar.
- Ela vai ficar.- respondeu Marco.
- O que a fez ficar assim? - perguntou Gregory novamente.
- Ela viu algo que não deveria ver. - respondeu Kristy.
Kristy me viu abrindo os olhos e logo me perguntou:
- Você está bem meu amor?
- Não. - respondi com dificuldade.
Fechei os olhos novamente, me virei e lembrei da cena que vi.
O homem estava parado a alguns metros, ele parecia ter apanhado, eu podia ver seus machucados, ele me olhou assustado, naquele instante senti meu coração parar de bater, o medo tomou conta de mim, o homem que me estuprou estava ali tão perto e eu simplesmente congelei. O mal parecia dominar todo aquele lugar, eu via o ódio no olhar dele, o medo, a dor.
Comecei a chorar, Kristy passou a mão nos meus cabelos.
- Eu vou te proteger de todo o mal meu amor. - ela disse sussurrando e então começou a cantar uma canção.
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Durma anjo pecador.
HorrorQuando as portas do meu inferno se abrirem, tema , pois nem o pior dos demônios irá escapar da minha fúria.