Pov Camila Cabello
Na Tarde Seguinte, Eu Observo A Trajetória de Uma Pequena Bola Branca que sobe a uma grande altura no ar e então cai e aterrissa pesadamente sobre a grama artificial, a mais ou menos cinco metros de distância do seu alvo.
— Cara, você é ruim demais — eu digo a Nick.
— Como se eu não soubesse disso.
Ele apanha outra bola, coloca-a sobre o suporte e balança seu taco. Quando bate na bola, ela voa bem alto, quase atinge o topo de uma rede preta, e então acaba caindo sobre a longa faixa de gramado verde que se estende mais abaixo como uma doca sobre o rio Hudson.
Dois navios de cruzeiro brancos estão atracados perto da área de treinamento de golfe e acima de nós nada mais se vê além de céu azul. Nós estamos no Chelsea Piers, onde Nick tenta aprimorar sua técnica no esporte.
— Odeio ter que te dizer isso, mas eu duvido que o seu novo chefe vá ficar impressionado com o seu talento nesse jogo. Talvez você consiga convencê-lo a jogar softbol com a gente em vez de golfe.
Ele bufa, fazendo pouco da minha sugestão.
— Provavelmente não. O velho é obcecado por golfe. Dizem que ele joga com os favoritos e reserva os melhores horários da grade de programação aos produtores que conseguem jogar com ele de igual pra igual.
— Isso é loucura. Mas se for verdade, você precisa mexer menos os ombros. E o movimento dos seus quadris não está bom — eu digo a ele, valendo-me da experiência que tive com golfe no ensino médio. Não costumo falar muito sobre isso. Faz com que eu pareça arrogante demais. Ou velha demais. Mas se for para ajudar o meu amigo, vale a pena desenterrar alguns dos meus velhos truques de golfe.
Nick ergue o rosto e olha para mim por detrás dos seus óculos modernos de aro preto, com o cabelo castanho caindo sobre a testa.
— Nem pense em encostar nos meus quadris para me mostrar como se faz, Camila.
Eu dou risada, levantando as mãos como se estivesse me rendendo.
— Pode apostar que isso nunca vai acontecer — respondo e saio do caminho para não atrapalhá-lo em sua nova tacada.
Ele se sai melhor desta vez e a bola descreve uma trajetória suave e eficiente sobre o gramado.
— Que beleza! — eu comemoro. — Coloque isso em seu próximo episódio: "Uma amiga do Sr. Orgasmo o livra de passar vergonha jogando golfe com seu novo chefe".
Nick Hammer é uma celebridade da televisão.
No ensino médio, ele era o tipo de cara calado e viciado em computadores, sempre grudado em seu notebook, desenhando histórias em quadrinhos obscenas para postar on-line. Dez anos depois, Nick transformou seu talento e sua ideia em uma animação para TV — As Aventuras do Sr. Orgasmo, um programa engraçado e indecente que vai ao ar tarde da noite pelo canal a cabo Comedy Nation. O personagem principal é uma espécie de super-herói cheio de energia, que leva o prazer do orgasmo às mulheres ao redor do mundo. Posso apostar que isso é a realização de um desejo que Nick alimentava desde a escola.
Agora, a arte imita a vida e vice-versa. Nick ainda é um pouco calado, mas as mulheres o notam. Ele malha desde a nossa adolescência, tatuou os braços com desenhos que ele mesmo criou e finalmente reuniu coragem para começar a falar com as mulheres. O resultado disso? Pura mágica. Digamos que ele não tem mais motivos para reclamar de sua vida sexual. O homem é um pegador e eu suspeito que os óculos e o despretensioso ar de "já fui um geek, mas hoje sou uma celebridade" o ajuda a cair nas graças das mulheres.
— E de que maneira exatamente o nosso herói salvaria o dia nessa sua trama? — ele pergunta em tom seco.
Dou um tapinha no ombro dele.
— Sei lá. É por isso que você é o roteirista, meu chapa. É o seu trabalho descobrir como o Sr. Orgasmo vai desempenhar suas funções. Aliás, por falar em trama, eu preciso da sua ajuda com uma coisa — digo, abordando o verdadeiro motivo de vir encontrar Nick esta tarde.
Ele abaixa o taco e ergue um dedo no ar.
— O nome é Ponto G. Não se sabe onde exatamente ele se localiza em uma mulher. Quando você o encontra e o toca no ângulo certo, a mulher sente um prazer indescritível e tem um orgasmo desesperador, que não pode ser definido em palavras. Precisa de mais alguma coisa ou é só isso?
Eu finjo tocar bateria no ar para acompanhá-lo com a trilha sonora da piada: ba-dum-tsss.
Então conto a ele a respeito do meu novo relacionamento temporário.
Depois de quase morrer de rir da minha situação, Nick pergunta:
— Você pretende me convidar para ser seu padrinho? Vai ter casamento de mentira também?
Eu dou risada e balanço a cabeça numa negativa.
— Não vai ter casamento nenhum. Nunca. Vou dizer o que preciso que você faça. Meu pai vai estar com o comprador dele no nosso jogo de softbol do próximo fim de semana. Tudo o que eu quero é que você aja como se soubesse que eu e Lauren estamos juntas. Quando chegar a hora, você não pode parecer surpreso nem desconfiado.
Meu pai mantém um time de softbol patrocinado pela Katharine's e eu e Nick fomos recrutados por ele para integrar o time neste ano. Nick joga softbol mil vezes melhor do que golfe.
Ele balança a cabeça para cima e para baixo várias vezes, como se estivesse entendendo as minhas instruções.
— Certo, Camila, vamos ver se eu consegui acompanhar direito. — Ele passa a mão pelo queixo. — Você está dizendo que eu devo ser perfeitamente capaz de dar respaldo a essa merda toda que vocês inventaram. Tá bom. Acho que posso fazer isso.
— Muito engraçado. Mas é por isso que eu confio em você. Você é uma fonte inesgotável de sarcasmo.
— Combina com você, é por isso que nos damos bem — ele retruca com um sorriso matreiro.
— Bom, agora eu preciso me mandar, porque tenho aquele compromisso hoje à noite. O jantar.
Eu começo a me afastar para ir embora, mas Nick me chama.
— Isso significa que não posso investir na Lauren agora?
Meus ombros ficam tensos por um momento e o meu sentimento de posse retorna ainda mais feroz, como uma águia descendo subitamente do céu e brandindo as garras mortais. Eu respiro fundo e me lembro de que Nick está brincando. É o que ele faz de melhor. Além do mais, eu não sou nem um pouco ciumenta, nem possessiva. A águia acaba se transformando em um pombo.
— Só enquanto durar o nosso teatro, Nick. Não deve levar mais de uma semana — eu digo. — Depois ela é toda sua.
Mas essas palavras que acabam de sair da minha boca não me agradam nada. Lauren pode não ser minha, mas não significa que ela precise ser dele por isso. E eu não sou nenhuma porcaria de símbolo da paz.
— Eu sempre achei que vocês formavam um casal muito gracinha — ele dispara com voz melosa.
Enquanto bato em retirada, ele zomba de mim até não poder mais, imitando sons de beijos e cantando músicas infantis sobre namoradinhos. Essa é a minha deixa para entrar no carro e largá-lo para trás.
Afinal, preciso me preparar para encarnar um personagem esta noite. Porque isso tudo não passa de encenação.
É só encenação e nada mais!
VOCÊ ESTÁ LENDO
CAMREN: Minha Sempre Melhor Amiga (G!P)
Fiksi PenggemarLauren e Camila são amigas de longa data e se vêem envolvidas em uma picante e divertida trama. O que fazer então, quando algo de mentira começa a se tornar a certeza mais verdadeira que elas têm? Algumas vezes, tamanho é documento! Camila G!P - Se...