04: 𝐀 𝐈𝐍𝐓𝐈𝐌𝐈𝐃𝐀𝐃𝐄 𝐃𝐄 𝐔𝐌𝐀 𝐔𝐓𝐎𝐏𝐈𝐀 𝐃𝐄𝐒𝐂𝐎𝐍𝐇𝐄𝐂𝐈𝐃𝐀

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Olá, solzinhos! Como vão? ♡

Mais um capítulo de Intocável com vocês, e venho dizer algumas coisas.

Primeiramente, como eu disse no bloco de notas/timeline, queria agradecer imensamente por todo apoio e pelos mais de 30k de leitura, como também os quase 3k de votos. É surreal para alguém que sempre escreveu por diversão, e ver que algo que gosta de fazer está sendo bem visto, é muito gratificante. OBRIGADAAAA ♡♡♡

Bom, o último capítulo realmente foi pesadinho, mas vocês sentiram mais próximos do protagonista? Ele confidenciou ao "diário" tudo o que tem guardado só pra si há anos. Ele realmente está criando uma afeição com Solis, ou melhor, com vocês. Espero que também estejam sentindo algo por ele 🥺👉👈

Começa agora a parte que irá mudar tudo na vida do N. Pode ser que vocês estranhem, fiquem confusos com capítulos """vazios""" de interação entre você e ele, mas, não se preocupem. Clarinha sabe o que está fazendo e podem ir se preparando, hihi.

[Um adendo: o capítulo está mais curtinho hoje, espero que não seja um problema.]

Enfim, sem mais delongas, fiquem com mais uma página.

☀️

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05 de Março

Diferentemente dos outros dias ao longo desses meses, onde o calor abundante, clima abafado e o sol no alto do céu eram predominantes, hoje o firmamento desaba em forma de gotas grossas e violentas, fazendo um barulho alto ao chocar-se com o telhado das moradias. A chuva típica da temporada não deixa de exibir sua voracidade e potência ao encontrar-se com a terra, antes seca, e aliviar todo o mormaço que castigava os seres vivos. O estampido inconfundível dos trovões junto a claridade momentânea dos raios faz um verdadeiro espetáculo natural deveras fascinante, apesar de existirem pessoas que temem tais fenômenos.

Um clima perfeito para aconchegar-se e ler um bom livro, eu diria.

Durante as semanas que se passaram, dediquei-me a ler, reler e estudar mais sobre o amor, algo que serviu perfeitamente para distrair-me de quaisquer pensamentos depreciativos.

Os livros românticos não saíam de minhas mãos, assim como o assunto pertinente não abandonava meus pensamentos em momento algum. Ora estava na biblioteca, ora estava na varanda, sempre com um exemplar de algum romance clichê junto a mim. Imergi completamente em leituras das mais diversas obras, desde William Shakespeare, Machado de Assis e Emily Brontë até Liev Tolstói, Henry James e Herman Melville.

Se me pedissem para resumir o amor em uma palavra, diria irreal. Não que eu não acredite em sua existência, afinal, vi suas consequências com meus próprios olhos. Entretanto, qualquer sensação que esse sentimento traz, segundo os autores, é inexplicável demais ao ponto de me fazer questionar se, de fato, é verídico — o que contradiz totalmente meu comentário anterior.

O amor é como fogo, que lhe consome por inteiro e não o abandona até que esteja totalmente queimado pela chama abrasadora, tal qual também pode-se elucidar como um riacho de água pura e cristalina, assim que se afeiçoa à pessoa amada, pois sente-se uma paz incomparável. Devido ao nirvana mágico iminente entre aquele casal, podem até dizer que se sintam flutuando entre as nuvens. Todavia, aparentemente, só eu penso assim.

A verdade é que o amor é complexo demais para ser compreendido. Há muitas concepções e pontos de vista sobre ele, e mesmo se juntássemos tudo, não conseguiríamos chegar a uma definição concreta. E é por este motivo que anseio ainda mais senti-lo.

Confesso que estou tão alucinado por estes assuntos que ultimamente tive sonhos no mínimo peculiares, bem distintos de outros que já tive ao longo da vida.

Neles, tudo aconteceu dentro de uma biblioteca. Não em uma pequena e simples, como a de minha casa, mas sim em um lugar digno da realeza. O local era enorme, com corredores e mais corredores feitos de estantes altas pintadas de branco e muitos, mas muitos livros. Havia um primeiro andar, que também continha prateleiras alvas com exemplares, porém, em menor quantidade se comparado ao térreo. Ao centro era possível ver uma lareira e sofás de cor creme em volta, dando um ar ainda mais cordial ao ambiente.

Voltando ao térreo, uma das paredes era totalmente tomada por uma grande janela de vidro, deixando a claridade solar ultrapassar a vitrina com toda sua graciosidade e ternura. A visão que tinha de onde me situava — tendo certeza que aquele lugar estava no alto de alguma estrutura — era simplesmente magnífica: um jardim extenso com arbustos dos mais diversos tamanhos, minimamente podados, passarinhos cantarolando e voando de um lado para o outro, um chafariz três vezes maior que o meu próprio no centro, cercado de flores coloridas. Uma lagoa era evidente no fim do horizonte, além do pomar ao lado aparentar conter frutas verdadeiramente suculentas. Em frente à janela dispunham-se mesas amplas feitas de mármore níveo com cadeiras acolchoadas tingidas de caramelo. O silêncio predominante do espaço parecia criar um ambiente perfeito para quem quisesse ler em uma serenidade inigualável.

O local emanava um aroma adocicado, semelhante a baunilha e avelã, trazendo mais um sentimento bom ao estar ali. Entretanto, mesmo com toda a sua plenitude, a biblioteca não era o que me prendia a atenção.

Em uma das mesas em frente à vidraça, mais especificamente na última cadeira da fileira canhota, situava-se uma luz avulsa a do lugar. O formato dela era como uma chama alva, mas a altura assemelhava-se à minha. A luminescência não conseguia ser forte o suficiente para gerar encadeamento, porém, não era fraca a ponto de passar despercebida por minha visão. Era reconfortante analisá-la, ainda que não fizesse ideia do que poderia ser aquilo. À sua frente, livros grossos estavam espalhados pela superfície plana, e aquela claridade — por mais excêntrico que possa parecer — aparentava lê-los.

Recordo vagamente, entretanto, que ao me aproximar cautelosamente em direção à luz, uma forte sensação de que ela era uma pessoa tomou de conta de mim, fazendo-me cessar meus passos imediatamente. Como aquilo poderia ser um ser humano? Levando em conta que eu estava sonhando, tudo seria possível.

Se antes minha curiosidade estava atiçada, naquele instante a julgava incontrolável. Tornei a andar novamente, desta vez um pouco mais rápido. Estava realmente próximo e ansiava descobrir o que era aquilo de fato, todavia, antes que pudesse ao menos chegar a um metro de distância, despertei. Fiquei, em média, cinco minutos atordoado em minha cama, tentando assimilar o que havia acontecido, porém, evoquei que eram apenas imagens criadas por meu cérebro, deixei de lado e voltei a deitar.

Em um momento do dia, mais especificamente quando a emanação simbólica característica do café fluía por toda cozinha enquanto o pó escuro diluía para dentro da garrafa, indiscutível sublime para tardes chuvosas como esta em que lhe escrevo, eu estava a refrescar minha mente para mais horas de estudo, recordei o sonho e dispus a compartilhar contigo.

Ele se repetiu por mais duas noites consecutivas, do mesmo jeito, sem nem um detalhe adicional, sem qualquer progresso em esclarecer o que era a luz, todavia, não há eventualidade de ser algo com que eu deva me preocupar.

Ainda sendo um tanto singular, aquele foi um — senão o único — dos sonhos em que mais me senti leve, como se pudesse voar a qualquer momento com o sentimento sereno presente em meu ser. Era mágico e daria de tudo para senti-lo novamente por mais uma noite.

Com carinho, N.


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