Olá, meus solzinhos? Como vão? Que demora pra voltar, não foi?
Mas, finalmente, cá estou eu, trazendo mais um capítulo de Intocável. Eu tardo, mas não falho!
O capítulo, como eu disse nos avisos, é o maior que fiz até agora nesse livro, portanto, a escrita está menos... poética? para não cansar a leitura de vocês. Além disso, eu introduzi um elemento novo na escrita, espero que gostem.
LEIAM AS NOTAS FINAIS, OKAY?
Bom, vejo vocês lá. Boa leitura ♡
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16 de março
Os dias estão se passando ligeiro demais. Há pouco tempo atrás estava descrevendo com pesar sobre minha crise, o quanto ela me fez mal e sobre temer senti-la novamente, e quando parei para analisar, mais de um mês havia diminuído no calendário desde que me abri verdadeiramente contigo pela primeira vez.
Meus livros estão acabando, li mais da metade deles em um tempo muito curto. Tal ação está começando a cobrar suas consequências agora. Não consigo passar de duas páginas de leitura antes que minha cabeça comece a latejar incansavelmente, e o incômodo só se esvai depois de deixar os exemplares bem longe de mim e beber uma xícara generosa de chá de camomila quentinho.
Por isso, decidi tirar um tempo para mim. Decerto, é a primeira vez que esse feito se realizou em todos os anos de minha existência.
Estive observando os detalhes do dia a dia, como sempre. Jardim, varanda, cozinha, sala e quarto, todas as coisas que já venho analisando desde que me entendo por gente. Porém, eu já não encontrava mais a beleza cotidiana, reparei que tudo começou a ficar cansativo, tedioso, monótono. Nunca pensei que diria isso, visto que ainda não havia me despertado este sentimento. Entretanto, como pode notar, algo mudou.
Vi-me inquieto dentre as paredes do casarão, andava de um lado para o outro tentando achar algo interessante e não havia nada. Tenho aversão a mudanças, como já sabes, contudo, estou tão desesperado para encontrar algo novo, algo desconhecido e interessante, que pedi em meu íntimo que papai ressurgisse dos mortos como um espírito apenas para me trazer alguma novidade. Não inseri mamãe nessa linha de pensamentos, pois seria como despertá-la de seu merecido descanso, e seria a última coisa que eu desejaria.
O mais curioso disso tudo, Solis, é que esses pensamentos tomaram conta de mim depois de mais um sonho maluco com aquela luz misteriosa. E o que ocasiona um sentimento ainda mais surpreendente é o fato de recordar-me de cada detalhe mínimo desses cenários projetados por meu cérebro.
Ocorreu na semana seguinte aos primeiros, e peculiarmente, começou de onde havia parado, ou seja, na biblioteca enorme, com minha mão quase alcançando a luminescência. Ao notar a situação, frustrei-me inutilmente quando nem mesmo consegui tateá-la, deveria supor previamente, afinal, continuava sendo apenas claridade. Prossegui tentando encontrar algo tangível na luz por mais alguns segundos, até que ela se levantou da cadeira, recolheu os livros e seguiu para dentro dos corredores, deixando-me com um ponto de interrogação na testa. Era engraçado de ver, aquelas obras pareciam flutuar no ar.
Tomei a decisão de segui-la, pois não havia nada naquele lugar que me deixasse mais intrigado do que a mesma. Com passos incertos, encaminhei-me para dentro dos extensos corredores de estantes de cores claras, à procura daquele ser — ou seja lá o que aquilo era. Andei por alguns minutos, já que o lugar era realmente grande, e consegui localizar onde a luz estava. Um por um, organizava os exemplares nas prateleiras com uma delicadeza inigualável. Após dispor os livros em seus devidos espaços, virou-se em minha direção e, como uma pena solta de uma pluma, flutuou até parar em minha frente.
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Intocável
RomansaDentre todos os escapes possíveis de uma realidade maldosa, o meu refúgio favorito estava em minha frente, todavia, tinha plena consciência que eu nunca poderia alcança-lo, por mais que quisesse. ©2021, claramolv.