Capítulo 18 - Sanitatem mentis

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O professor Kim não parecia sentir-se afectado com as minhas palavras, o seu rosto continuava com um meio sorriso. Se sentia raiva antes, naquele momento disparou. Como é que se atrevia?

- Park, até podia procurar a orientação de outro professor, contudo fui eu que comecei a preparar o seu guarda roupa e coreografia. Eu posso dar a orientação técnica clássica e de Jazz toda, consigo decifrar as suas emoções e sobretudo sei quando é que posso ir mais além. Por exemplo, neste preciso momento, está tão branco como as paredes. Há quantos dias não come?

- Isso não é importante.

- Claro que é importante, não despreze uma perturbação alimentar e os danos que causa a um corpo, danos que podem ser fatais. - O sorriso há muito que desaparecera, numa mudança de tema avassaladora. Para ser honesto, já não sabia há quantos dias não comia. - Hoje não estamos em condições de ensaiar. Primeiro vou-me certificar que come alguma coisa e que mantém o seu corpo hidratado. Até tenho medo de lhe dar comida, porque pode ser demais para o seu organismo.

- Acha que neste momento a minha prioridade era comer? Eu divorciei-me numa questão de horas depois de conversar com o Jungkook na sexta. Ele simplesmente pediu o divórcio, deixou-me em casa e pediu para o advogado levar os papéis! Sabe quantas vezes é que eu senti este abandono? Até os meus próprios pais ligaram para gritar comigo! - No meio do meu choro descontrolado e de gritar consigo, os seus braços envolveram o meu corpo para me abraçar. Mesmo que o estivesse a culpar com palavras, não neguei o conforto... O conforto que sempre encontrava em pequeno nele, no meu melhor amigo. - Eu amava-o quando se foi embora, há muitos anos...

- Jimin.

- Não, eu tenho de dizer isto. Eu amava-o, porque pela primeira vez na minha vida tinha alguém que realmente se importava comigo, que me protegia e que era carinhoso comigo. A minha irmã foi quem me apoiou e assistiu ao desgosto pelo qual passei.

- Por que é que não me disse nada? Se eu soubesse que existia a possibilidade de ser correspondido não tinha ido embora. Eu teria ficado para lutar pela nossa relação. Lamento que tenha sido eu a causa do divórcio, mas lamento porque fui egoísta ao querer ver-te comigo e não com outro homem. O homem pelo qual se apaixonou.

- Isso não importa, porque pediu o divórcio e abandonou-me mesmo sabendo que nunca o tinha traído. Sentiu o ego ferido por eu nutrir sentimentos pelos dois, sem querer falar comigo e compreender melhor o que se passa realmente. Encarou as emoções e sentimentos como um tudo ou nada. Não há nada que possa fazer e não há nada que eu queira fazer para recuperar a relação que estávamos a tentar reconstruir.

- Mas ele ficou a beneficiar com o divórcio, ele ficou a admistrar na mesma a empresa da vossa família e ainda comprou mais ações quando ainda estavam casados. Essencialmente é o presidente da empresa, porque o contracto de casamento tinha uma cláusula que dizia que em caso de divórcio ele ficava com as suas ações. - Mais uma vez não tinha conhecimento desse tipo de cláusulas ridículas. Talvez tudo tivesse feito parte de um teatro e e o Jungkook quisesse desde o início o divórcio, afinal beneficiava muito. A minha família estava na bancarrota. - Eu já tratei de dar um cargo na minha empresa ao seu pai, sei que pode ser muito humilhante mas é a solução para manterem o nível de vida. Será um dos gestores principais, confio ainda no seu bom olho para os negócios e boa capacidade de gerir pessoas. A sua mãe também terá um cargo se assim o quizer, sei que é uma excelente arquitecta.

- O que é que vai querer em troca?

- Nada, só quero que cuide de si e que esqueça os problemas financeiros da sua família, porque não vão existir. Também quero que se concentre nesta competição, nas aulas e na sua recuperação. A consulta na clínica é já amanhã. - Claro... Ainda tinha a maldita consulta. Mesmo querendo reclamar, calei-me. - O Dr. Seokjin irá connosco, é logo a seguir às suas aulas da tarde.

Imperfect Love (Vmin/Jikook)Onde histórias criam vida. Descubra agora