Imperfect Love (Vmin/Jikook)

Capítulo 8 - Desperationis

Depois da conversa amarga com o senhor Jeon, não me consegui concentrar nas aulas, era impossível esquecer o que tinha acontecido de manhã. A minha mente estava noutro lado e isso não era bom para a dança, com os professores especialmente atentos e preocupados em selecionar os alunos para os solos. Mas nada me tinha preparado para a aula do professor Kim. Obrigou-me a ir para a primeira fila, sempre atento aos meus erros e pronto para gritar comigo e me humilhar. Eu queria poder fugir dali ou até mesmo perguntar onde estava o antigo Tae, o meu melhor amigo de infância. Contudo, ele era meu professor e eu tinha de o respeitar e a sua autoridade. Só parou de gritar comigo no final da aula, com os meus colegas abismados perante a sua atitude especialmente hostil. O Kai e o Taemin, surpreendendo tentaram interferir para me ajudar, porém de nada adiantou porque ficaram no banco o resto da aula.

No final, estourado e com as pernas, braços e pés a latejarem, não tinha a certeza se ainda aguentava uma aula de contemporâneo. Vi-o sair da sala sem olhar uma única vez para trás e isso despedaçou o meu coração. Os meus colegas vieram logo ter comigo.

- Jimin, o que é que se passou? - a Areum e a Jane aproximaram-se, a estender uma garrafa de água na minha direção, que aceitei de bom grado. - Houve algum problema?

- Não, está tudo bem, Jane.

- Park, eu tenho de concordar com a Jane, até para o professor Kim foi demais. Tudo bem que hoje pareces um pouco fora de ti, mas a tua técnica continua irrepreensível. - O Taemin estava mesmo a dizer aquilo? Quem diria... - Eu vou ter de perguntar directamente porque estão a correr pelos corredores uns boatos. É verdade que o professor Kim te estava a dar aulas extra para participares num concurso?

- Sim, Jimin, toda a gente está a falar sobre isso e que hoje de manhã o senhor Jeon discutiu com o professor Kim porque estava com ciúmes. - Ciúmes... Antes fosse isso. Antes queria que fosse verdade, mas a única coisa que importava o meu maravilhoso marido eram os negócios e as aparências. - Foi assim tão mau?

- São só boatos. -

- Desculpa, mas não conseguimos acreditar nisso. O professor Kim olha para ti como se te fosse devorar. Seja como for, é melhor tentares resolver isso, porque seria a pessoa ideal para te ajudar a ganhar o concurso. - Tudo bem, a Jane tinha razão, era a pessoa ideal... Se ainda fosse participar. - Diz-me que vais concorrer, a faculdade ficou toda em alvoroço, porque teríamos um de nós a competir!

- Jane, lamento mas o mais acertado é não participar.

- Ouve bem, Park, eu posso não gostar nem um pedacinho de ti mas sei reconhecer um talento. É bom que não nos deixes na mão. Vai conversar com o professor Kim e implorar para o teu marido deixar de ser ciumento. Bolas! Já és adulto! Se o senhor Jeon não deixar, caga nisso e ensaia às escondidas. - Até a Bora, com o seu meu feitio estava a tentar apoiar? O que é que andavam a pôr nas águas? - Eu não suporto mais ver todos os anos aquela academia de acéfalos ganhar. A faculdade ganharia mais prestígio e mais de nós teríamos mais hipóteses de ter bons contractos. Por isso, levanta essa bunda e vai conversar com o professor Kim. Eu arranjo uma desculpa para o teu atraso.

- Bora, as coisas não são assim tão simples...

- São sim, o teu marido não é teu dono, que controle as hormonas e os ciúmes. Estamos todos à espera.

Sem grandes opções, com a minha turma toda esperançosa a olhar para mim, levantei-me do chão e fui procurar o professor Kim à sala de professores. Se o senhor Jeon descobrisse eu estava feito ao bife, aliás em nem sabia bem a razão de estar a colocar-me em perigo daquela forma. A minha família iria à falência...

Engoli em seco, a ver o professor Kim concentrado a ouvir música e a ler papelada, a beber café. Não estava mais ninguém presente. Respirei fundo e bati à porta. Sem olhar para ver quem era mandou entrar, irritado por alguém o estar s interromper. Parei de frente para a sua secretária. Quando olhou para cima e o seu olhar cruzou o meu, largou a caneta, tirou os fones dos ouvidos e riu-se na minha cara.