Dedos

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O beijo de Fagner trouxera meus nervos de volta ao estado são. A embriaguez ainda dominava meu corpo, porém, as sensações provocadas naquela troca de carinho curaram toda a mágoa provocada por Ortega. Ele entrelaçou os dedos nos cabelos de minha nuca e segurou-os com firmeza. A delicadeza com que seus lábios tocavam os meus passou a provocar sensações em meu corpo e, quando senti sua mão roçar por minha coxa e se aproximar de minha região íntima, arrepiei-me. Quando ele avançou o toque um pouco mais, interrompi o beijo e sorri, deixando bem claro que aquele era o limite.

— Acho que vou tomar um banho e descansar. – Disse arrumando as alças de meu biquíni.

— Eu beijo tão mal assim? – Fagner brincou ajeitando algo em sua bermuda debaixo d'água.

— Você é... – Inclinei-me para sussurrar em seu ouvido, como uma criança fofoqueira. – Ótimo!

Ele riu e seu riso só deixou estampado o orgulho que sentiu de si mesmo.

Saí da piscina pelas escadas e demorei alguns instantes para recompor meu equilíbrio. Percebi que a festa já estava praticamente encerrada, pois restávamos apenas nós dois e Stephanie e Diego. Enrolei-me numa toalha e adentrei a casa.

Cláudio, Raissa e Gabi estavam deitados sobre o grande tapete da sala. Estavam tão bêbados que acabaram adormecendo ali mesmo. Ri ao ouvir o ronco de algum dos três e segui para o dormitório em que me instalei. Lá, Saory dormia sobre o peito de João. Os outros provavelmente estavam no outro dormitório ao lado. Apanhei uma troca de roupas, cuidadosamente, para não acordá-los e fui para o banheiro.

Ouvi o som do chuveiro e bati na porta apenas para avisar a quem estivesse no banho que eu estava ali. Na mansão havia dois banheiros, um em cada dormitório, então, deveríamos nos acostumar a dividi-los. A área do chuveiro era separada das pias por um grande Box escuro, dificultando a visão entre os ambientes. A área do vaso sanitário era privada, e, por senso, sem câmeras. Peguei minha escova de dente e avisei:

— É a Mel.

Evitei olhar para o chuveiro, pois um dos rapazes estava lá. Porém, assim que o alertei, ele abriu a porta do Box e então descobri que era Pedro. Fitei-o por uma breve fração de segundo e logo desviei o olhar, focando em encontrar o tubo do creme dental.

A imagem de seu corpo reluziu em minha mente e sem que eu conseguisse evitar, meus olhos olharam para seu reflexo no espelho. Ele me encarava fixamente através do reflexo. Eu desviei o olhar e foquei em encontrar o tubo dentro de meu nécessaire, mas continuei sentindo seus olhos sobre mim. De canto de olho, pude vê-lo ensaboando-se a me encarar. Ele colocou uma das mãos com sabão dentro da sunga e se esfregou, ainda encarando-me.

— Perdeu alguma coisa aqui, Pedro? – Perguntei irritando-me com o fato dele estar limpando suas intimidades enquanto me encarava como um maníaco.

— Você que entrou no banheiro, não vem com drama. – Ele respondeu sarcástico.

— Indecente. – Retruquei revirando os olhos.

— Você gosta.

Soltei a escova de dente sobre a pia e me virei, fitando-o colérica. Ele esfregou-se por dentro da sunga com mais força, tornando aquela cena um tanto inapropriada.

— Nojento! – Disse e me aproximei do Box. Apanhei a toalha que estava pendurada e joguei sobre seu corpo, tapando-o e poupando meus olhos de seu ato inescrupuloso.

Pedro aproveitou minha aproximação e segurou-me, abraçando-me com todo seu corpo. Eu pude sentir o odor de seu hálito e era nauseante de tão alcóolico. Tentei afastá-lo com meus braços, mas ele havia os prendido no abraço. Virei o rosto, tentando fugir de seu hálito.

De Férias com o Ex, MelissaOnde histórias criam vida. Descubra agora