De Férias com o Ex, Melissa

Ninguém dorme!

A recepção de Lipe pela casa foi um tanto amigável. Ele era extremamente extrovertido, então causara uma boa impressão, tanto aos rapazes, quanto às meninas. Confesso, ele é um cara bem divertido, talvez eu houvesse sido um pouco ríspida no nosso date. Porém, não me arrependi da maneira como agi, afinal, impus limites ao seu comportamento invasivo.

Quando retornamos à casa, fomos questionados sobre nosso date e eu pude ver que Stephanie ficara apreensiva sobre a resposta.

— Foi tranquilo! – Lipe respondeu sorrindo e continuou num tom sugestivo: – Melzinha é um doce de garota!

— Aaah! Então teve! – Cláudio comentou rindo e agitando às especulações.

— Claro que não, babaca! –Respondi corando.

Todos estavam reunidos na sala de estar. Alguns espalhados pelo sofá enquanto outros se espalhavam pelo tapete. A conversa fluía descontraída. Em sua maior parte, falavam sobre situações engraçadas que ocorreram em nossas festas, familiarizando melhor Lipe às diferentes personalidades da casa.

A conversa estava divertida e por um bom tempo acabei me esquecendo de todo o drama em que estava envolvida. Saory começou a contar sobre alguma coisa que fizera na última festa, e, como sempre se exibia. Aquilo começou a me entediar, então achei que seria melhor buscar um copo de água para matar a sede, ao invés de matar a vontade de lhe mandar calar a boca.

Fui até a cozinha e alguém estava atrás da porta da geladeira pegando alguma coisa lá dentro. Assim que fechou a porta, vi quem era. Ortega. Olhamo-nos por um breve momento e logo desviei meu olhar. Não sabia exatamente como agir diante dele depois da conversa que tivemos e da briga que teve com Thaigo. Só sabia que não podia evitá-lo para sempre.

— Quer alguma coisa? – Ortega perguntou ainda no espaço de acesso à geladeira.

— Água. – Respondi e ele se virou. Apanhou um copo e abriu o purificador de água, o enchendo.

Assim que o copo encheu, desligou o purificador e me olhou. Não me entregou o copo, apenas moveu a cabeça como se sinalizasse para que eu o seguisse. Caminhou para o exterior da mansão, onde ficavam alguns sofás de vime. Sentou-se num deles e colocou meu copo sobre a mesa de centro. Recostou-se à vontade no canto do sofá e olhou para o horizonte, esperando que eu me sentasse ao seu lado.

— É para eu sentar com você? – Perguntei confusa.

— O que você acha?

Mais uma grosseria.

— Foi mal. – Corrigiu-se e percebi que havia se arrependido de falar daquela maneira. – Senta aqui. Quero conversar contigo.

Sentei-me ao seu lado, porém um pouco distante. Apanhei meu copo e bebi um gole da água. Estranhei sua atitude, pois jamais imaginaria que me chamaria para conversar assim, de repente. Permaneceu em silêncio e, minha ansiedade gritou, fazendo com que eu interrompesse a quietude.

— Ok, então...? – Indaguei o encarando.

— Ficou com o dentuço? – Ortega disse referindo-se ao meu date com Lipe.

Não contive um riso curto diante da maneira que se referira à Lipe. Mas não tinha tanta graça, visto que Ortega havia me chamado para mais uma vez se intrometer em minhas decisões como se eu ainda lhe devesse alguma satisfação.

— É sério que me chamou para conversar sobre isso?

— Bom, já que não quis responder então provavelmente ficou e eu vou lá situar esse maluco. – Ortega levantou abruptamente e eu o contive, colocando-me a sua frente.