E o escolhido foi... Você!

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Fiquei parada, aérea, ouvindo apenas as meninas ao meu redor tentando me acalmar e dizer que tudo tinha acabado. Perguntando-me se eu queria água, se eu queria ir para o quarto ou qualquer outra gentileza. Apenas balancei a cabeça de um lado para o outro e agradeci dizendo que precisava falar com Ortega.

Caminhei trêmula até a praia. O sol já se escondia para dar espaço à noite fria que se formava. Tão fria nos ventos quanto na expressão que Ortega tinha no rosto, sentado à beira mar encarando o horizonte. Observei-o por um momento, ensaiando mentalmente o que iria dizer para abordá-lo. Imaginei as milhões de respostas grosseiras que ele poderia retrucar. Engoli a ansiedade e me aproximei.

— Posso me sentar com você? – Perguntei parada ao seu lado temendo que ele ouvisse as batidas exageradas de meu coração.

Pedro permaneceu estático com o semblante fechado a encarar o horizonte. Ignorou-me. Eu já estava ali, então me sentei ao seu lado mesmo sem sua permissão. As ondas se quebravam e o vento frio me cortou a respiração. Arrependi-me veemente por não ter pegado um casaco antes de vir.

— Pedro... – Comecei com a voz trêmula. – Por que você fez aquilo?

— Melissa, sai fora. Não tô a fim de conversar, real. – Ele respondeu abruptamente.

Nesse instante me ocorreu de que a atitude certa era me levantar e deixá-lo ali, mas quando se tratava de Ortega, eu ainda não conseguia me desligar completamente. Na verdade, eu não sabia explicar nem mesmo o porquê de estar dando tanta importância para tudo isso. Porém, vê-lo me defender de sua maneira agressiva e superprotetora fez com que eu só conseguisse pensar em ouvi-lo falar que ainda se importava.

— Dá pra você parar de ser grosso só por uma vez? – Respondi me impondo.

Ele soltou um riso fraco pelo nariz.

— O que você quer? – Perguntou ainda mirando o horizonte.

Levantei-me e me ajoelhei a sua frente, sentando-me sobre os calcanhares. Algo que me irritava muito em nosso relacionamento era sua mania de não me olhar enquanto discutíamos e ele sabia disso.

— Eu só quero conversar civilizadamente. Será que você consegue? – Debochei.

— Não, Melissa. – Balançou a cabeça começando a se irritar. – Não quero conversar, não quero falar dessa porra que aconteceu, não tô a fim. Na boa, me deixa.

Respirei fundo o encarando. Ele voltou seu olhar para mim. Encarou-me também. E naquele silêncio vazio, tudo parecia voltar a fazer sentido.

— Você podia, pelo menos, me pedir desculpas pela pancada que me deu no seu ataque de fúria.

— Quê? Tá maluca? Você se meteu na minha frente porque quis.

— Claro! Você ia fazer merda e ia ser expulso! – Respondi inconformada.

— Foda-se! Pelo menos eu teria arrebentado a cara daquele desgraçado. – Respondeu irritado e tentou se levantar, mas segurei seu braço, fazendo-o permanecer ali.

— Para de fugir! – Disse, novamente me impondo. – A gente tá conversando.

— Tá, que merda! – Respondeu como uma criança birrenta. – E você devia ter me deixado arrebentar a cara do Thaigo.

— Eu não queria que você fosse expulso, Pedro.

— E por quê? Gosta de ficar se esfregando em outros na minha frente? – Seu tom de voz aumentou e ele novamente estava falando irritado. – Acha que sou o quê? Voyeur?

— Eu nunca fiz isso, Pedro. – Explique-me de alguma forma me sentindo culpada. – Eu nunca fiquei de graça com ninguém na sua frente e mesmo que eu tivesse ficado, por que você se importa? Nós não estamos mais juntos.

De Férias com o Ex, MelissaOnde histórias criam vida. Descubra agora