O ar dessa casa nunca esteve tão pesado como agora.
Francisca andava ainda mais amarga, implicante e enervante, drenando a energia de todos à sua volta, sobretudo a minha. Principalmente depois que o advogado de Mauro, veio aqui em casa para tratar de todos os detalhes para o divórcio. Ficou claro que ela não esperava que ele levasse até ao fim a sua decisão.
Até Luan que antes andava sempre no seu encalço, agora evitava passar muito tempo em sua presença.
E Sofia vinha se refugiando cada vez mais nos encontros com seu namorado e na faculdade que havia ingressado.Sabendo que Mauro tinha o total apoio de sua filha, Francisca não perdia tempo a azucrinar cada vez mais sua cabeça, tentando colocá-la contra o pai, em vão, pois Sofia sempre demonstrava total admiração e proteção por ele, o defendendo de todas as acusações. O que irritava ainda mais sua mãe.
— Zuri, você se importa de levar as refeições ao meu pai hoje? Eu não posso faltar na faculdade. — Sofia pediu.
— Claro que não. — respondi prontamente, me sentindo animada por poder revê-lo.
— A Zuri não vai a lugar algum. — Francisca se aproximou, dando a ordem. — Seu pai não saiu dessa casa? Pois então, que se cuide sozinho e faça sua própria comida.
— Mãe, pare de agir assim. Essa revolta infundada contra meu pai, não te faz bem. Muito menos, para mim que amo vocês e odeio esse ambiente.
— Já que sempre tirando partido por seu pai, por que não vai viver lá naquele muquifo também? Dessa casa não sairá nem mais um grão de feijão para levar para ele. E ele que pare de se fazer de coitado e deixe de te pedir coisas. Se quis sair de casa, agora que se vire.
— Mãe, meu pai não me pediu absolutamente nada, ele nunca pediu. Eu faço porque eu o amo, e gosto de cuidar dele. E até onde eu sei, ainda é o papai que paga o salário da Zuri, e todas as despesas da casa.
— Não me desafie, Sofia. — Francisca a alertou de forma severa, antes de abandonar a cozinha. Deixando Sofia encostada na bancada com o olhar marejado.
— Que droga, eu odeio esse clima aqui em casa.
— Estão todos alterados mas com o tempo tudo se ajeita. — a tentei acalmar.
— Bom dia. — dessa vez foi Luan que surgiu.— Pode me preparar um café e algumas frutas?
— Claro. — respondi.
— Vai no canavial hoje, Luan? — Sofia perguntou.
— Eu hein. Claro que não, lá tenho o que fazer naquele inferno.
— Poderia só levar algumas coisas para o papai?
— Ficou louca? O velho faz tempo que não me dá nem um cêntimo, e acha que vou servir de correio para ele? Pode esquecer. Deixe o café em meu quarto, Zuri.
— Não pode tomar café na sala ou aqui na cozinha, como todo o mundo faz? — Sofia o questionou chateada.
— Irmãzinha, vá ver se está chovendo lá fora, vai. — Luan agitou suas mãos irônico, se afastando.
— Você é folgado mesmo. — Sofia bufou. — Eu vou dar em louca nessa casa sem o meu pai.
— Calma, Sofia. Eu darei um jeito de levar as coisas até ele. Fique sossegada.
— Obrigada, Zuri. Você é um anjo. Tenho que ir que já estou atrasada.
Sorri em resposta. Eu não estava só fazendo um favor a Sofia, de fato eu fazia gosto em ver Mauro, ainda que fosse por breves instantes. A presença dele era agradável e depois da discussão com Francisca nunca mais o vi.
Peguei nas coisas que Luan pediu e levei até seu quarto, que abriu a porta só enrolado na toalha de banho. Eu odiava ir até lá, pois eu tinha a impressão que a sua recorrente falta de roupa era propositada.
— Pode deixar na mesinha, por favor. — ele pediu me deixando entrar.
Seus olhos me seguiam como sempre fazia quando entrava em seu quarto, e eu o ignorava da mesma forma, não dando a entender que sabia exatamente o que ele estava fazendo. Me secando com o olhar. Ele era um homem bonito e atraente, até demais. Se eu não soubesse o traste que era, talvez eu até me iludisse com seu charminho. Sua mão pegou meu braço de forma delicada, quando eu já estava de saída me fazendo parar e encará-lo.
— Te acho muito linda, sabia?
Me esquivei de sua mão. Seu toque me deixava agoniada.
— Obrigada. — respondi sucinta me retirando.
Luan me impediu fechando a porta e me prensando contra ela, com seu corpo colado no meu. Eu podia sentir sua excitação contra meu corpo. Meu estômago revirou, me dando ânsia.
— Qual é negrinha, vai fazer cu doce? — falou chegando perto da minha boca, tentando me beijar.
— Me solta, Luan! — pedi, tentando afastá-lo de mim, em vão, pois ele tinha mais força que eu. — Eu vou gritar. — o ameacei não conseguindo me soltar de seu aperto.
— Não tem ninguém em casa, amor. — falou, segurando meus cabelos tentando me imobilizar, enquanto beijava meu pescoço.
Sem conseguir me desvencilhar dele, dei um chute no meio de suas pernas, o fazendo urrar de dor, mas não sem antes ele morder meu pescoço, me causando também uma dor atroz.
Com meu coração quase saltando do meu peito, corri o quanto mais pude do seu quarto assustada.
Luan me seguiu caminhando com dificuldade até à cozinha onde eu havia me refugiado. Ele elevou as mãos no alto da cabeça, como se rendendo.— Desculpe, Zuri. Não queria te assustar eu estava brincando.
— Brincando? — Contestei ainda recuperando o fôlego. Peguei na maior faca que havia ao meu alcance e a mostrei a ele. — Se você ousar me tocar novamente, Luan, eu corto suas mãos e não só. — apontei para o meio de suas pernas.
— Você é brava. Não achei que fosse reagir assim, achei que estava afim. Não voltará a acontecer. Me perdoe.
Enquanto ele se desculpava, em minha mente só havia um pensamento presente. Ir embora dessa casa de doidos.
— Vou te deixar tranquila, foi mal. Me desculpe, por isso também, foi um reflexo pelo chute. — Luan apontou para o meu pescoço, me observando mais alguns segundos, parecendo ter caído em si e na besteira que tinha acabado de fazer.
Sem mais respostas da minha parte, se foi, me deixando sozinha ainda segurando a faca. Respirei fundo nervosa, e esfreguei meu pescoço sentindo ainda a dor da mordida dele.
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Luan tinha que fazer merda? 🙄🤬
E agora será que Zuri vai embora?
Vocês tem notado que tem tido mais capítulos, né?
Vocês estão me animando muito com a vossa interação ❤️
Continuem assim tão participativas, garanto que tentarei postar mais 🥰Beijo até o próximo 😘
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Zuri ( 3/1/ 22 data de retirada ) Corre que ainda dá tempo! 🏃♀️💨
Roman d'amourNos dias atuais Mauro é considerado um dos maiores empresários da agroindústria canavieira no Brasil. Só que por trás de suas conquistas, houveram anos de muito trabalho árduo, suor e sofrimento, tendo ele sido um cortador de cana na sua juventude...