Hoje vai ser um dia e tanto, vou receber meu primeiro paciente fixo, a partir de agora eu vou atender e passar o dia todo com ele. Por que? Eu não faço a mínima ideia, minha mãe não me explicou ainda.
Só me doeu muito ter que me despedir dos meus pequenos pacientes, até agora eu só cuidei de crianças, é duro ver como elas são jogadas aqui sem mais nem menos, abandonadas.
Ouço batidas na porta do meu quarto aqui da clínica.
—Pode entrar!— digo por já saber que é minha mãe.
—Filho precisamos conversar sobre seu novo paciente, afinal ele chegará daqui á vinte minutos. — ela diz aparentemente um pouco cansada.
— Tudo bem mamãe — digo e indico com as mãos para que ela sente ao meu lado na cama.
Ela vem até a cama e se senta, depois me entrega um formulário que acredito ser sobre o meu novo paciente.
— Filho eu e seu pai tivemos muito trabalho para poder trazer ele para cá, e como eu não tenho condições de acompanhar ele o dia inteiro, eu mobilizei tudo para que você fica-se com ele.— ela diz isso olhando para um canto, pois sabe que eu não gostei do que ela fez.
— Mãe eu só queria que tivesse me avisado, eu não pude nem preparar as crianças para isso, a senhora sabe que boa parte d minha escolha por psicologia foi para cuidar deles.— digo triste.
— Eu achei que você não iria deixar eu mudar se soubesse.— ela diz agora olhando em meus olhos.
— A senhora sabe que eu faço tudo por você e pelo papai, eu só queria um pouco de respeito afinal a senhora arquiteto tudo sobre minha vida sem eu nem saber, e quando eu fui perguntar sobre vocês jogaram na minha cara que fizeram por mim— digo e dou um suspiro em chateação.
— Eu sei e peço desculpas por isso, a final você sabe que nós amamos cuidar de você — ela diz desviando o olhar.
— Apenas me diga o motivo dele ser tão importante para vocês — indago curioso.
— Seu pai se identifica muito com ele, esse homen sofreu muito meu filho, ele só fez o mesmo que seu pai faz todos os dias, ele derruba esses monstros nojentos.— ela diz mostrando ódio em seus olhos.
—Entendo, eu só vou ajeitar minhas coisas e vou lá para fora receber o novo paciente.— digo e me levanto indo até o banheiro.
Apenas tiro a roupa e tomo um banho rápido, escovo meus dentes e saiu do banheiro. Quando volto para o quarto vejo minha mãe dormindo em minha cama, é ela realmente estava muito cansada. Tiro os saltos dela, e a ajeito na cama.
Pego uma roupa, me visto e saiu para ver se o paciente novo chegou.
Chegando na recepção abro a pasta que minha mãe me deu, e puta que o pariu que homen gostoso do cacete. O nome dele é Gael, ele tem 39 anos, tem algum transtorno psicológico mas não é citado qual.
— Garoto me disseram na portaria que é a você que eu tenho que entregar o lixo— diz um velho jogando o Gael no chão.
— Peço que se retire agora, se não eu vou te mostrar quem é o lixo— digo entredentes, o velho me olha debochado e sai.
Me abaixo na frente do paciente, e o ajudo a levantar, pela sua expressão corporal percebo que ele está com vergonha de tantos olhares.
— VOLTEM AO TRABALHO AGORA!— exclamo assustando a todos, que logo voltam ao seu trabalho.
Vou andando até o quarto em que ajeitaram para o Gael, e o trago comigo. Quando chegamos no quarto vejo ele observar tudo atentamente.
— Bom, meu nome é Emanuel, e eu serei seu novo psicólogo—digo puxando uma conversa, vejo sua expressão corporal mudar completamente, ele passou a ter um olha e frio.
— Deveria chama-lo de novo torturador?— ele debocha e eu fico chocado, eles o machucavam, era para eles o ajudarem.
— Você não passará por isso de novo eu prometo, aqui ninguém trabalha com tortura, eu estou aqui para ajuda-lo— digo e ele me olha debochado.
—Me ajudar? Dá última vez que eu ouvi isso eu acabei sendo humilhado e jogado em uma cela por 10 anos, passei por tratamento de choque, chicotadas e muitas outras torturas— ele diz isso e seus olhos oscilam entre dor, ódio e desespero.
— Aqui você não passará por isso, eu prometo — digo passando confiança.
Ele fica me encarando até que eu ouço sua barriga ronca muito alto.
— Vou buscar sua comida— digo saindo do quarto e trancando a porta.
Vou até a cantina e pego o prato do dia, que é macarrão com frango, pego suco de manga, e uma maçã verde para mim.
A comida daqui é muito boa, minha mãe presa sempre pelo melhor. Aqui não tem nenhum tipo de preconceito, são todo tratados de forma igualitária.
Volto para o quarto e vejo ele encolhido no canto da cama, mas ao me ver ele volta a sua pose seria e fria.
— Aqui está sua comida, espero que goste— digo colocando a bandeja em sua frente, enquanto o mesmo me olha profundamente.
Depois de encarar muito o prato, ele leva uma garfada a boca, e depois me olha com os olhos arregalados.
— O que foi? Tem algo errado?— pergunto preocupado.
— Na..Não é ruim!— ele exclama muito surpreso.
— Aqui é tudo de qualidade.— afirmo relaxando e me sentando na poltrona que tinha perto da cama.
— Eu posso comer tudo?— ele pergunta parecendo estar com medo, mas ao mesmo tempo não perde a pose de bad boy.
— Se você conseguir comer tudo, sim você pode— digo e ele começa a comer aquela comida toda.
Quando ele acabou, pegou o suco e bebeu, depois ficou encarando o prato.
— Você quer mais?— pergunto e ele nega com a cabeça — Então por que está encarando o prato?
— É que é a primeira comida que não está vencida que eu como em dez anos — ele diz e me olha.
Eu devolvo o olhar completamente chocado, o que fizeram com ele?