Corte de Sombras e Liberdade

Capítulo 6 - Ayla

Estava escuro, se eu não me lembrasse do que aconteceu acharia que ainda estou no maldito caldeirão.

Mais esse lugar é diferente, é muito mais sombrio e perigoso.
Minha mente.

Meu corpo não quer acordar, me responder.

Então apenas estou esperando o momento que ele achar  que estou pronta.

Quanta ironia!, antes eu estava presa em um artefato mágico sem conseguir sair, agora que estou fora dele, eu mesma estou me prendendo.

Quando vou ser livre?
Quando realmente vou ter a liberdade que me foi tirada?

Estou tentando manter a calma, realmente estou, mais minha paciência de milênios está se esgotando.

-Sentiu minha falta querida?
Uma voz grave e nojenta soou atrás de mim.

Nem em mil anos eu esqueceria de quem essa voz pertence.

Me viro já sabendo quem eu vou encontrar.

- Eu até diria que sim se fosse verdade.
Digo amargamente.

Vejo ele, realmente é ele.
Loiro, alto, olhos azuis, porte grande e um canalha.

-O que você quer?, não tem nada melhor para fazer do que perturbar o meu exílio?

- Sabe, a sua hospitalidade é tanta que chega a me emocionar.
Ele põe dramaticamente a mão no peito.

- Ahh me perdoe vossa excelência, aceita um chá, ou melhor alguns biscoitos que acabei de fazer , sente se nessa cadeira imaginaria ao seu lado e vai para a PUTA QUE PARIU!

-Tinha me esquecido da sua boca suja, e de como eu amo ela.
Ele diz com um sorriso malicioso.

-Chega!, por que agora?, por que veio me ver apenas agora ?, você me jogou em um abismo de poder por milênios e nunca apareceu, por que decidiu fazer isso justamente  agora ?

- Por que está livre meu bem, você conseguiu sair do caldeirão.
Gosto de jogar com você meu amor, será que não percebeu ainda?, você é o meu passatempo favorito.

- Por fez isso?, por que me machucou tanto, por que feriu tanto uma pessoa que só queria o seu bem?

- Eu precisei meu amor, você iria embora, iria me deixar, e eu percebi, percebi naquele  momento que você tinha aberto seus olhos, percebi que não voltaria mais para mim com um pedido de desculpas, precisei te prender por que só assim você ficaria comigo.

-Seu doente, seu nojento, eu te odeio tanto!, nunca, nunca mais vai encostar um dedo em mim eu NUNCA vou ser sua!!

Ele ficou com aquele expressão que ele fazia quando eu o contrariava.

De repente ele estava na minha frente segurando meu queixo para olha para ele.

-Você sempre será minha, não importa onde vá, por enquanto aproveite sua liberdade, considere um presente de misericórdia dado por mim, gosto de jogar com você meu amor, por que é divertido, mais não pense que eu não te amo, por que sim, eu te amo como eu nunca amei ninguém.

-Você nunca me amou!, você simplesmente ama o quanto eu AMAVA você!

- Como eu disse eu precisei fazer isso com você por nos.

- Você é um monstro.

-Você realmente me vê como eu sou.

-Sim eu vi, e nunca mais vou esquecer.

Ele agarra minha cintura, e passa sua mão pelo meu braço.

Sinto nojo, tento sair, acordar, tento fazer qualquer coisa para me libertar dele.

E então como se as estrelas tivessem me ouvido, sinto um puxão, um laço me puxando para acordar.

E assim eu o faço.