Portal do Labirinto

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POV Amélia
Já faziam dois dias que Scar estava completamente distante, ela tentava disfarçar mas quando menos se esperava ela parecia que viajava para outro lugar e parava de ouvir qualquer um que estivesse falando com ela. Ontem antes do jantar até mesmo sua mãe ela havia deixado falando sozinha. E eu já tinha perdido as contas de quantas vezes ela me deixou falando sozinha, provavelmente era merecido já que era uma mania minha, mas Scar nunca foi de se perder em pensamentos. E eu só gostaria de saber o que a estava incomodando.
Estava na hora do chá da tarde, e a mãe de Scar deu a ideia  de fazer um piquenique entre o lago e os maravilhosos jardins de rosas que mais se pareciam com labirintos, tantas vezes que eu e Scar nos perdemos la e seu pai havia ido nos socorrer. Mas também um dos jardins mais lindos que eu já tinha visto, eu era totalmente apaixonada por ele.
Estávamos chegando no local do piquenique quando Scar tropeçou ao meu lado, ela tropeçou. Para nossa sorte ninguém tinha visto, iriam ter dado boas risadas se caso vissem a irmã do Marquês tropeçando mas próprias saias, levei-a para trás de uma árvore para que possamos conversar.

Amélia: Muito bem, já chega de fingimento, há algo lhe incomodando e eu quero saber o que é nesse exato momento, Scar!
Scarlet: Deixe de ser boba, Lia. Não tem nada me incomodando, você deve estar imaginando coisas.
Amélia: Scar, você acabou de tropeçar do meu lado, você nunca tropeçou, estava tão distraída que não prestou atenção. Não me diga não há algo lhe preocupando porque eu sei que tem e estou preocupada, quero que me diga o que é nesse instante!

Scar ficou alguns minutos considerando, minutos que poderiam ter sido horas! Ela não sabia como me contar, não sabia o que fazer, ela estava me deixando nervosa. O que tinha acontecido para fazer Scar ficar nervosa dessa maneira?

Amélia: Scar, por favor, você está me deixando nervosa. Me diga o que aconteceu.
Scarlet: Lia... primeiro deve me prometer que não irá ficar brava comigo. — Por que eu ficaria brava com ela? Nós nunca brigamos, nunca ocorreu algo que fizesse brigarmos uma com a outra.
Amélia: Tudo bem, eu lhe prometo. Agora conte-me.
Scarlet: É... o visconde de Lister. Quando nós o conhecemos a dois dias, senti algo estranho mas não consigo identificar o que seja, Lia. E ele me pareceu tão interessado em você instantaneamente, eu achei estranho.
Amélia: Era só isso? Está preocupada que o visconde esteja interessado em mim?
Scarlet: Não! Céus! Do jeito que você fala parece que sou uma pessoa horrível, estou preocupada que ele seja uma pessoa ruim, Lia. Eu nunca ficaria no caminho se você estivesse sendo cortejada por um cavalheiro, mas ele me deixou um sensação estranha. Até mesmo perguntei para Domi se ele poderia investigar Lorde Lister e ele... ah! — Scar parou abruptamente de falar, ela tinha ido falar com o irmão dela antes de me consultar, sem nem mesmo perguntar se eu estava ou não incomodada com a proximidade de Lorde Lister, era verdade que ele estava muito próximo desde que nos conhecemos, mas isso não passa de um cortejo. E Scar estava tramando coisas demais, infundadas demais. Envolver Lorde Arbuthnot, o irmão dela em algo assim? — Lia, por favor não faça essa expressão. Por favor não fique brava comigo, eu estava preocupada e não sabia o que fazer além de conversar com Domi!
Amélia: Não estou brava, só chateada que você não veio conversar comigo primeiro. Poderia ter ao menos me perguntado se eu estava bem com a proximidade de Lorde Lister antes de colocar seu irmão no meio disso, Scar!
Scarlet: Eu sei mas... Eu só estava preocupada, me perdoe por não ter falado disso com você antes.
Amélia: Por favor, não faça isso de novo. Juramos sempre falarmos a verdade uma para outra. Agora venha, vamos para o piquenique antes que nossas mães venham nos caçar.

Qualquer outra pessoa teria ficado extremamente furiosa com Scar, mas eu a conhecia e sabia que suas intenções foram sempre as melhores, eu só precisava pedir para que Lorde Arbuthnot esquecesse tudo.

POV Dominic
Assim como Scar havia pedido, estava investigando o passado de Lister, ou tentando, logo depois do jantar daquela noite ele havia escrito uma carta para seu administrador para que tentasse achar algo que fosse suspeito sobre o Visconde de Lister.
Infelizmente a resposta iria demorar, e esperava que se caso as suspeitas de Scar fossem confirmadas, que não seja tarde demais. Já faziam dois dias desde que tinha mandado a mensagem para Londres, o que restava era esperar, não poderia fazer muita coisa de onde estava, não era como se pudesse sair perguntando para os convidados se sabiam algo suspeito sobre Lister, isso certamente levantaria suspeitas que ele não gostaria de lidar no momento.
Na casa havia poucos convidados, a maioria deles preferiu ir para o piquenique perto dos jardins que a mãe tinha organizado, ele não estava com vontade de ir até lá e ficar jogando conversa fora, também não estava animado com a ideia de ficar no escritório, estava realmente precisando de um tempo a sós e por isso pegou um livro que estava lendo em seu quarto e saiu caminhando pela propriedade até um lugar logo atrás do jardim onde estava sendo o piquenique, as sebes eram altas impossibilitando que os convidados do outro lado o vissem, somente chegariam até ele quem se arriscasse adentrar no labirinto de sebes que era o jardim de rosas da mãe. Um lugar onde ele já sabia de cor adentrar e sair em pouco tempo e se quisesse também poderia se perder la para que ninguém o achasse, era sua brincadeira favorita quando garoto, se esconder nas sebes para que o pai pudesse ir atrás dele.
Era o que pretendia fazer naquele momento, quando era garoto em uma de suas escondidas havia descoberto uma volta no labirinto que o levava para um mini jardim com um banco e uma mesa de pedra, quando seu pai o encontrou algum tempo depois apelidou o lugar de Portal do Labirinto, aquele pequeno jardim tinha se tornado seu local favorito dentro do labirinto, sempre ia para lá mesmo que nas primeiras vezes ele acabava se perdendo.
Quando chegou ao outro lado do labirinto se escondendo dos convidados, adentrou o labirinto de sebes e rosas vermelhas e se dirigiu para seu lugar especial, lá nem mesmo quem adentrasse o labirinto poderia encontrá-lo, não sem antes dar inúmeras voltas e quiser se perder. Assim que chegou no Portal do Labirinto, pode sentir a pequena vibração de paz que aquele cantinho escondido sempre lhe trazia, e começou a leitura de onde tinha parado; era uma atividade que realizava com prazer sempre que podia, pegar um bom livro e ler ao ar livre do campo.

Haviam se passado apenas 10 minutos que ele tinha começado a leitura, mas foi o suficiente para que algum curioso que estava no piquenique quisesse se aventurar dentro do labirinto, e esse alguém estava mais perto do Portal do que era esperado.
Teria que ir de encontro com o aventureiro para dar alguma desculpa de que estaria indo rumo ao piquenique, afinal era muito provável que a mãe estivesse junto para de o sujeito não se perdesse em meio às sebes. Quando estava virando para sair dali ele esbarrou no sujeito aventureiro, ou melhor dizendo, aventureira. A jovem que tinha decidido se aventurar pelas sebes era Lady Amélia.

A Quinta ValsaOnde histórias criam vida. Descubra agora