CASAMENTO DE JÉSSICA

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CAPÍTULO 5

Janeiro de 2001

Os meses se arrastavam junto com Júlio pelas sarjetas sujas dos becos escuros que as prostitutas desfilavam a procura de homens, mas nem elas o queria. Sua aparência já não era a mesma por causa da doença que o consumia diariamente, destruindo corpo e alma, se autodestruindo.

Enquanto ele se arrastava pelas pelos becos, Jéssica achava estar preparada para amar Luiz e oficializava seu romance se casando e finalmente escondendo o amor que viveu no passado.

No dia 15 de Janeiro Jéssica se casa com Luiz após viver meses de um namoro que seu coração pedia pra viver com Júlio. O casamento foi como o sonho de qualquer mulher.

Nesse mesmo dia Júlio dava entrada ao hospital de misericórdia do Rio de Janeiro, sua doença estava matando- o. Ele morria sozinho em um quarto de hospital as mínguas, já que seus pais morreram em um acidente em Abril de 1997 e desde acontecimento vivia sozinho enfrentando a vida.

Ele ficou durante um ano no hospital se tratando, recebendo a medicação que não tomava desde que descobriu a doença. Nesse período Jéssica dava a luz a um filho, o pequeno Arthur. Arthur, fruto do casamento com Luiz, um casamento sem amor, mas havia um carinho por meses de convivência e por querer mudar seu destino traçado por um amor ao seu ex-professor.

Apesar de ainda amar Júlio o seu casamento era como um casamento qualquer, como se fossem um casal apaixonado, mas só o amor de Luiz conseguia sustentar o matrimônio.

Júlio tomava uma decisão. A decisão de retornar a Belo Horizonte e reencontrar com Jéssica para contar sobre a sua situação de saúde e falar palavras de amor para sua amada, palavras que poderiam ser as últimas.

Antes da viagem ele enviou uma carta para Jéssica avisando a sua chegada.

Querida Jéssica,

Eu preciso conversar com você pessoalmente. Desde quando resolvi voltar ao Rio muitas coisas mudaram em minha vida e claro que mudou na sua vida.

Saiba que ainda a amo e creio que seu amor por mim ainda pode ser o mesmo. Espero que aceite conversar comigo, preciso de sua ajuda mais do que nunca.

Chego a Belo Horizonte na sexta.

Abraços.

Júlio

A carta acabou caindo nas mãos erradas. Luiz lê a carta e a cada palavra que Júlio referia ao um amor abalava a estrutura do seu casamento. Quando Jéssica chega a casa e vê Luiz com uma carta na mão pergunta por que ele estava nervoso e a discussão foi inevitável.

- Jéssica você ainda ama o Júlio? - Ela ficou com as pernas trêmulas e as lágrimas deslizavam em sua face.

- Eu amo você.

- Mentira. Para de mentir pra você. Você não me ama. - Luiz chorava como uma criança e Arthur começa a chorar em seu quarto.

- Fale baixo, acordou nosso filho. Mentira? Como pode desconfiar dos meus sentimentos?

- Que sentimentos? Eu sempre soube que você não me amava, mas achei que um dia poderia amar.

- Desculpe. Eu tentei, aliás, estou tentando durante todo esse tempo.

- Tentou? Tentou, mas não conseguiu não é? Pra mim basta, acabou.

- Acabou?

- Acabou. Não posso mentir pra mim mesmo. Ele vai voltar e você vai querer ele.

- Não vou. Eu quero você.

- Não minta pra você mesma. Adeus. - Luiz abriu a porta e foi embora só com a roupa do corpo e jamais voltou.

Jamais voltou, pois quando saiu desesperado, atormentado, pegou o carro em alta velocidade saiu pelas as avenidas da cidade, desviava dos carros e não respeitava nenhum sinal dos semáforos. Um erro fatal, Luiz morreu em um acidente horrível e deixou seu filho com a mulher que ele amava.

Um sentimento e um homemOnde histórias criam vida. Descubra agora