7: Almas

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"Eles não querem que descubram, por isso planejei esse momento em que você lê esta carta desde que você ligou para mim. Eu premeditei essa hora quando ainda estava lá dentro, sabia que depois do meu depoimento, viria o dele. Eu vou dizer uma coisa e quero que o senhor - delegado Park - me prometa ser bom quanto a isso. O menino esconde algo muito importante. Você precisa dele, não da ajuda dele, mas dele em si para acabar com isso. Se você destruir o problema pela raíz, então tudo terá um fim. A base do Japão é a raiz, mesmo que tenha intrigas com a da Coreia do Sul, são exatamente a mesma coisa. Sem Japão, não há Coreia. Por favor, convença ele para que minha morte não tenha sido em vão. Precisam dar a infância das crianças de volta.
- Wang Daiyu."

Riki saía muitas vezes do quarto escuro para ser testado em outras salas. Em sua cabeça, uma coroa de fios pretos e vermelhos tão semelhantes a uma coroa de flores e em seus braços, algemas das quais seus pulsos finos não poderiam atravessar.
Andando sempre atrás dele, três homens - dois a cada um dos lados e o terceiro no meio um pouco atrás. A proteção era cautelosa desde que o primordial era o mais forte.
A sala do extremo leste era sempre ocupada pelo menino assim que nomes importantes da ciência clandestina estavam por vir. Seu papel era mostrar a eles o que queriam ver: sucesso.
A cadeira de metal era fria e ficava posicionada no centro da sala em conjunto com a mesa também de metal. Era lá que ele se sentava em frente ao vidro blindado, cujo atrás das proteções de elite ficavam aqueles que eram o topo da pirâmide da organização. Com um sinal de aprovação, ele se acomodou.
Em sua frente, uma bola inteiramente composta de ferro. Do tamanho de suas mãos, tinha o poder de esmagar e destruir.
Riki a segurou com os dedos abertos - tão finos, pobre garoto -. Fez força nas mãos que se acompanhavam do rosto vermelho, dos dentes rangendo e de veias saltando. A bola poderosa foi quebrada com sua força acachapante. Ela saia entre seus dedos como um pedaço de bolo esmagado esvaindo entre as frestas.
Aqueles que assistiam tinham feição nula e reações neutras e misteriosas. Sem aviso ou justificativa, saíram de vista e o deixaram sozinho. Riki olhava para os cantos sentado em postura curvada sem saber o que fazer em seguida. Seus olhinhos pequenos e apertados analisaram a sala em geral, então do lado direito, uma coisa nova puxou a corda da sua curiosidade.

Na parede, um botão camuflado. Ele se levantou com os braços retesados e tocou naquele botão. Naquela mesma parede, uma tela também camuflada começou a descer. Uma sala branca maior estava escondida lá atrás. Ele olhou com fascínio por cada canto daquela sala, onde seu âmago exibia um tanque grande de água. Dentro dele, uma garota.
Ela tinha o cabelo inteiramente preto, sobrancelhas falhas e pele lívida. Ela estava sentada no fundo do tanque de olhos abertos, os quais olharam para ele.
Em baixo de sua mandíbula, em ambos os lados perto das orelhas e embaixo da língua, uma parte redonda de sua pele estava virada para fora. Ela estava de boca aberta.
Nadou para cima e tirou sua cabeça da água sem a mínima emergência de respirar. Suas mãos seguraram a borda do tanque para passar para o lado de fora suas pernas.
Ela caminhou até Nishimura, rastros de água a seguiam e seu cabelo escorria por toda a roupa. Parou em sua frente e disse:
- Finalmente eu te vi pela primeira vez. - com o coreano um pouco embaralhado.
Ele virou a cabeça, imbróglio com as palavras.
- Você não fala coreano? - ela indagou curiosa. Ele não respondeu. Após tentar chinês, pensou consideravelmente sobre qual língua ele entendia.
Olhou bem para seus olhos, em seguida para o seu nariz.
- Qual é o seu nome? - perguntou em japonês.
O que ela tentava falar finalmente se tornou emergível, todavia, ele calou-se em recuo antes de perguntá-la.
- Quem é você?!
- Sou Wang Daiyu, sou de Taiwan!
Daiyu, de fato, parecia uma menina efusiva. Ela falava com os lábios abertos em um sorriso vivo, como se estar alí fosse prazeroso.
Ela estendeu sua mão em um ato de cumprimento.
O menino, satisfeito com a confiança que ela lhe deu, também estendeu uma sua.
- Riki. - apresentou-se.
Menina Wang virou a cabeça e franziu sua testa em tamanha confusão ao ver as algemas.
Ele, também surpreso, parou antes de tocar em sua mão; ela possuía ventosas.
De repente, ele ouviu passos virem de longe. Seus olhos quase pularam para fora com demasiada sensação de medo e seu corpo se moveu apressado para apertar o botão. A parede não subia.
Sem aviso prévio, encarou a menina e a empurrou para trás. Seus dedos tocaram na parte que sobrava da parede e subiu ela com sua força.
Sentou-se na cadeira e fingiu estar lá desde sempre.

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