Capítulo 5 - Uma escolha errada
As aulas passaram e Harry não vira Snape uma única vez. O professor não comia mais no salão e não rondava mais os corredores a noite, e Harry só sabia disso por sair todas as noites depois do horário. Hermione insistia em dizer que essas fugidas de Harry eram um pretexto para ver o professor caso ele estivesse fazendo ronda, mesmo que levasse uma bronca por isso, e dessa vez Snape poderia brigar com ele, pois seria merecido. Mas o menino só revirava os olhos e dizia que apenas estava sofrendo de insônia. Porém, apesar de não vê-lo, Harry sabia que ele estava na escola, pois Rony chegava sempre reclamando do professor depois das aulas de poções e dizia que Harry tinha sorte de ter mudado de professor. Harry nunca respondia.
Harry sentiu as estações passarem e o verão ir embora sem ver o professor, por algum motivo ele não estava gostando disso e se incomodava toda vez que entrava no salão principal e via sua cadeira vazia, mas negava aos amigos que sentia isso pelo seu professor, agora pai. Entretnato a cabeça de Harry fora ocupada pelos jogos de quadribol que se aproximavam. Ele treinava incansavelmente para vencer e mais uma vez ganhar a taça de quadribol. Em um dia de extremo treino de baixo de uma violenta chuva, Harry tentava achar o pomo de ouro quando viu um vulto negro na orla da floresta. Confuso, ficou vendo Snape parado ao lado de uma grande árvore como se quisesse não ser visto, estava totalmente molhado e seus olhos não desgrudavam do menino. Ele tinha uma expressão sofrida e angustiada e parecia doente. Era a primeira vez que via Snape depois do banquete de inicio do ano, há meses, e apesar da grande vontade de descer e ir em direção à ele, Harry voou para o outro lado quando uma luz dourada passou a sua frente.
Depois de mais uma hora treinando no frio, chuva e vento forte, eles pararam e foram em direção ao vestiário.
- O que foi Harry? – Perguntou Gina quando o namorado parou bruscamente e ficou olhando para a floresta.
- Nada, eu quero ver uma coisa.
- Que coisa.
- Não sei, te vejo mais tarde tudo bem?
- Está bem, não se mete em confusão hein. – Disse Gina desconfiada dando um beijo rápido em Harry e correndo para o vestiário.
Harry deixou a vassoura onde estava e caminhou lentamente para a floresta, o chão estava escorregadio e a chuva caia forte em sua cabeça, mas ele não ligou para a água ou para os raios que nasciam do céu negro, o único negro que ele queria ver era o dos olhos de Snape. Olhos que não estavam mais ali. Harry entrou na floresta procurando por aquele vulto e não o achou. Por algum motivo sentiu raiva de Snape, muita raiva como se fosse dever do homem estar o aguardando naquele mesmo local onde era possível ver suas pegadas e sentir o odor de ervas que ele exalava devido as muitas poções que tinha que fazer.
Seu coração pulava dentro de seu peito, era uma dor cruel que o assolava que o deixava solitário. Correu de volta para o castelo e sem trocar de roupa foi para o dormitório onde se jogou na cama e fechou as cortinas, queria ficar sozinho, queria odiar Snape com todas as suas forças por não estar naquela floresta quando finalmente foi atrás dele, queria negar novamente aquele sentimento.
Snape não era mais seu professor, não participava dos banquetes, não aparecia mais, nem ao menos falava com ele, afastou-se, sumiu assim como o outono que dava espaço para o inverno e os preparativos de Natal.
- Você vai passar o Natal com os Dursley?! – Exclamou Hermione indignada com a informação que Harry lhe dera como se não fosse nada demais.
- Sim. – Respondeu Harry com nenhum ânimo aparente. – O ministério informou que eu tenho que passar minhas férias escolares com meu novo pai ou com algum parente de sangue.
- E você escolheu os Dursley ao invés do Snape?
- Sim.
Sua decisão fora tomada na noite anterior enquanto tentava segurar as suas lágrimas. Convencera-se de que se Snape não o queria ao ponto de não querer vê-lo durante todos aqueles meses, ele também iria negá-lo. Pois por mais que ele dissesse e batesse o pé insistindo que não queria nada com o professor de poções, no fundo ansiava por encontrá-lo.
- Ele não quer me ver, Hermione, passaram-se meses e nem nos banquetes ele vai mais para não me olhar. Ele deixou bem clara a mensagem de que não me quer como filho, eu entendi e estou respeitando a vontade dele.
- Mas Harry, o professor Snape te mandou uma carta dizendo que se quisesse poderia passar o Natal com ele.
- Convite por obrigação Hermione, eu não quero ser um estorvo para o Snape, eu não sou o filho que ele queria ter, ele não queria ter filho, muito menos eu. Não farei isso comigo mesmo.
- Harry...
- Não Hermione, chega.
O menino saiu do salão principal e foi para a biblioteca, único lugar que poderia ficar sozinho e pensar sem que o perguntassem o que tinha. Mas até mesmo a biblioteca era ruim para ele, ele queria estar longe de Hogwarts, longe de tudo. Faltava apenas uma semana e estaria indo para a casa de seus tios, para um Natal nada feliz, nada interessante. Harry ficou tanto tempo pensando nisso que logo a noite se fez presente e o menino adormeceu em sua cama com as cortinas fechadas e em sua privacidade sonhou com Snape e um gorro de papai noel.
Finalmente a manhã que muitos alunos ansiavam chegou, eles iriam passar o final do ano com seus familiares, Natal e dias de descanso, tudo que todos queriam, menos Harry que se dirigiu ao portão principal com sua mochila nas costas e o malão pronto. Seus amigos o esperavam do lado de fora e sorriam como se a felicidade estivesse no ar, mas Harry não conseguia senti-la, não conseguia vê-la ou tê-la. Deixou o seu malão onde os elfos pegavam para levar ao trem e olhou para o castelo, mais precisamente para a entrada principal onde estavam os professores dando feliz natal para os alunos que só voltariam duas semanas depois, todos eles acenavam a mão, menos um, o único professor que não estava ali, Snape.
A viajem foi tranquila e sem nenhuma novidade, Harry dormiu a maior parte, pois não aguentava mais ver Rony e Hermione se beijando como se não fossem mais se ver e como ele e Gina não eram de fazer demonstrações em publico, apenas permaneceu de mãos dadas com a menina. Para sua sorte antes de chegar a estação King's Cross Luna e Neville entraram em sua cabine e acabaram com a seção romance de seus colegas. Algumas risadas foram dadas quando estavam descendo do trem e Neville perdeu novamente seu sapo velho, mas todo e qualquer pingo de felicidade acabou-se ao avistar o carro do Tio Valter estacionado.
- Eu ainda não entendi por que você vai para lá. - Disse Hermione ao seu lado.
- Porque é lá que eu devo estar.
- Ah Harry, como eu queria que você não fosse tão cabeça dura como é, sabia. Bom vou indo, minha mãe e meu pai estão me esperando. Até mais.
- Até.
- Tchau Harry. - Disse Rony indo em direção a família Weasley .- Qualquer coisa me fala, nós iremos te buscar.
- Tudo bem.
Harry ficou vendo os amigos se distanciarem e imaginou se estaria fazendo a escolha certa, se realmente não estaria deixando de passar um bom natal ao lado de Snape para passar um horrível Natal junto àqueles que sempre o maltrataram.
- Não. - Disse a si mesmo. - O meu lugar é aqui, com os Dursley.
Dizendo isso ele foi em direção aos tios que não tentavam esconder a infelicidade de tê-lo em casa em uma data festiva como aquela.
- Entra logo moleque, tenho que ir fazer compras e preciso deixá-lo em casa. E cala a boca dessa ave maldita.
- Sim senhor. - Disse desanimado. Iria ser um Natal muito ruim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um segredo Revelado (Severitus)
RomansaVoldemort morreu, o mundo bruxo está salvo. Harry Potter acha que vai finalmente viver um ano tranquilo, mas ele e Snape descobrirão um segredo há muito guardado que fará suas vidas virarem de cabeça para baixo. Não é Snarry