capítulo 07

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Grego
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Essas coisas eram foda mesmo... cheguei a acertar os tiros nos dois alemão, mas mesmo assim não consegui salvar Ana Clara, já era tarde.

Passei a mão sobre meu rosto e respirei fundo sentindo meu coração acelerar, não importa o quanto tu já passou por isso, sempre vai ser como na primeira vez.

Karen: Pai nosso que estais no céu, alguém ajuda a Clarinha! Ela ainda ta viva ela... ela tem que estar.

Encarei o grupo de amigos da gêmea e pude ver a mulher do canela se tremendo toda enquanto abraçava maycon que tava branco. Bia não mostrava emoções na sua cara, já até sabia o motivo... mas precisei desviar o olhar quando a Karen gritou de novo.

O desmaio da Vitória foi rápido, mas eu consegui pelo menos segurar seu braço e pegar ela antes que ela caia no sangue da irmã.

Grego: Porra viu, puta que pariu! — eu respirei fundo e encarei Beatriz — pega aqui meu radinho, entra em contato com o canela e manda ele vir pra casa junto com dois vapores, não fala mais nada.

Me aproximei da calçada e entreguei a Vitória já desacordada pro Maycon que foi entrando pra cuidar dela.

Grego: Karen, pode ajudar o seu amigo lá? Por favor... tenta se acalmar, seu marido já está vindo e é mais seguro dentro de casa.

Ela concordou com a cabeça e entrou ainda soluçando de tanto chorar, foi ai que a rua ficou deserta novamente.

Aquela "calmaria" que geralmente vem antes, mas hoje chegou depois da tempestade.

Bia: já mandei o papo... tão vindo!

Grego: Vê se o território ta limpo. Não tem mais nenhum vapor por esse lado, tão tudo no pico do ataque.

Bia: tu também vacilou pra caralho em irmão... já não aprendeu que em guerra tem que proteger os quatro cantos?

Concordei e esfreguei minha testa enquanto bufava. Vacilo meu mesmo.

Grego: Vê se ela ainda ta viva... se pa ainda da tempo de salvar alguma coisa.

Bia: Porra o alemão acertou o tiro no meio da testa, Grego! Outros dois de raspão e um perto do coração, ela já não tinha chances desde o terceiro tiro.

Não respondi nada, só me aproximei da calçada e sentei ali enquanto via o Canela e o resto dos soldados caminhando até a gente. Assim que ele se aproximou e reconheceu o corpo, assisti sua boca se abrir e dar um pulinho para trás.

Canela: Porra minha mulher! Cadê ela minha mulher ta bem?

Ouvi o portão da frente se abrir e logo a loira veio correndo abraçar o marido, ela tava tremendo pra caralho mas não falei nada... entendia a preocupação dos dois.

Grego: Os dois aí! Pega o corpo e leva pra boca mais próximo e com cuidado porque vai ter velório mais tarde. É bom ligar também pro postinho pra eles ajudarem nesses bagulhos de preparar o corpo — me virei pro canela que ainda tava abraçado com a esposa e respirei fundo pegando meu radinho — como ta a invasão ai?

Xxx: Metemo bala na maioria! Outros tão feridos mas já levamos pra boca pro interrogatório e os que sobraram tão recuando.

Grego: Maneirinho cade tu parceiro?

Maneirinho: po desculpa grego... tu me pegou no meio da transa foi foda.

Grego: fodasse cria! A favela é mais importante que buceta, vai tomar no seu cu. Agora eu quero que tu separe os vapores, ronda em toda favela quero que somem quantos mortos e se chegaram a roubar a boca.

Não ouvi resposta e já sabia, o que eu te falei do ego do mano? Então, se abalava até com coisa besta.

Grego: Ae canela sei que é foda mas tu precisa me ajudar a olhar o território aqui. Karen fica la dentro e ajuda a Vitória pra mim.

César se separou da mulher e concordou, ai eu já virei as costas e fui subindo a rua pra subir numa laje mais pequena.

A Luz Da Vela [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora