Capítulo 04

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Ana Vitória
minutos antes...

Desde quando sai de casa e olhei para minha irmã tava sentindo um bagulho estranho no peito, e o foda é que eu sou muito sensível para essas paradas... quando perdi minha mãe e minha vó, ja sabia antes mesmo de acontecer por causa desses apertos no peito.

Beatriz: deixa isso de lado, loirinha! Não é nada, só tua ansiedade atacando.

Assim que saímos, bia perceber minha mudança e já foi perguntando, e eu confiava nela pra caralho então contei... e agora que estávamos aqui no churrasco já, não tava conseguindo curtir direito.

Vitória: sei não bia... mas obrigada.

Dei mais um gole da minha coca e senti alguém chegando por trás e abraçando o Maycon, logo reconheci aquele cabelão... Karen!

Maycon: fala tu princesa! Tudo bom? Af que esse cabelo ta um arraso!

Karen: gostou? decidir fazer babylis hoje, eu amei namoral, que bicha talentosa tu!

A loira cumprimentou bia e, por último eu, mas estava enganada quando pensei que vinha só ela.

canela: que desespero todo é esse, minha filha! Parece que ta com fogo no cu.

O moreno chegou com dois latão de cerveja e entregou uma para a mulher, que agradeceu com um selinho.

Karen: Me deixa César! Quase nunca tenho amigos e quanto arrumo um você vem com essas graças.

canela: fica pistola não, minha branca! Tava só brincando com essa sua cara de jabuti.

Foi impossível não rir com as gírias de paulista, muito diferente!

O tal César finalmente tirou os olhos da amada e sorriu pra todas nós.

canela: ai prazer! Acho melhor me chamarem de canela, mas na certidão tá César.

maycon: todo o prazer do mundo pra ti, bofe! E meu deus Karen, os homens de sp são todos assim? Bia e Vic acho que vou pedir demissão e ir morar em Paraisópolis.

Fiz uma careta pro meu amigo que caiu na gargalhada.

canela: a carne lá é pesada mesmo! Tenho até amigos pra te apresentar.

maycon: opa! mas tem que ser bandido porque aqui é pique polícia.

Me desconcentrei da conversa quando senti o aperto de novo e foi aí que eu percebi que minha irmã tava demorando de mais para "cumprimentar" os amigos. Foi quando olhei para cima e vi um homem agarrando ela que meu sangue ferveu e eu sai de lá pisando forte.

Foi coisa rápida... acho que o ódio chegou a me cegar, não tava pensando muito só vi que em poucos segundos já tava la em cima com a minha mão acertando a cara do maluco.

Clara: Ana Vitória!

Ouvir minha irmã gritar expulsou toda a adrenalina no meu corpo e me permitiu ver que o homem que eu acertei estava, agora, em pé com a pistola apontada para mim, mas o tiro que ouvi a seguir não pareceu me acertar.

Xxx: Ta maluco, porra! Ta dando de matar na frente de todo mundo? E ainda por cima na minha laje? — olhei para o lado e vi um homem com cara serinha e uma pistola na mão, provavelmente a que o tiro veio — anda maneirinho! Ta pensando que aqui é a Disney?

Maneirinho: ta maluco? tu não viu a mina me dando um soco? — ele terminou de falar e me encarou — cheirou quantos pra achar que bater na cara de sujeito homem é algo facinho assim?

Victoria: e pelo visto tava certa né! Afinal com um soco já quase derrubei o "sujeito homem".

Se tem uma coisa que eu não seguro é minha língua quando to com raiva.

O que já é difícil de acontecer... mas mexeu com a minha irmã, ta mexendo com o capeta que tem dentro de mim. 

clara: cala a sua boca, garota!

Minha irmã choramingou mas eu não liguei, nunca abaixei a cabeça pra homem e não é agora que eu vou fazer isso.

Xxx: pensa que eu não vi tu quase matando a irmã da garota? Eu acho até que ela fez pouco.

Olhei novamente para o homem mas ele não retribuiu, só fiquei em choque por ouvir suas palavras.

maneirinho: vai tomar no seu cu, grego.

Senti meus olhos arregalarem quando ouvi o vulgo e olhei para a minha irmã que parecia nervosa, já dando a resposta que eu precisava. O cara ao meu lado, aquele que me salvou é o dono da Cidade de Deus, e me pegou de surpresa porque dificilmente ele da as caras, tanto que essa é a primeira vez que eu realmente vi ele.

Ele era bonito, eu pensava que o dono seria um cara gordo e velho mas... grego era um homem muito bonito.

Grego: me manda calar a boca de novo pra tu ver se não amanhece com a boca cheia de formiga.

Dito isso, ele me encarou por alguns segundos e deu as costas, descendo as escadas que tinha ali e sumindo de vista.

Quando minha atenção se voltou para o redor, observei maneirinho que também me encarava com seu nariz sangrando, pude perceber também minha irmã pálida e meus amigos, que eu nem percebi que tinham chegado ali, todos juntos e assustados, menos bia.

O churrasco pareceu voltar ao normal quando as primeiras pessoas se mexeram, mas eu não consegui tirar grego dos meus pensamentos. Por que ele me salvou? Justo eu... me salvou do seu braço direito.

A Luz Da Vela [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora