"O homem nunca deve se pôr em posição
em que perca o que não pode
se dar ao luxo de perder".
ERNEST HEMINGWAY
Explodo de novo, mas dessa vez estou cheia de razão.
― Esse foi o pior churrasco que participei nos últimos tempos. Com certeza, vai me dar uma indigestão daquelas. Que mulherzinha arrogante essa sua heim? Parece que tem o rei na barriga. Se bem que eu até entendo sua atração por ela. Ela é muito bonita, mesmo sendo um pouco mais velha. ― Bonita é apelido. A mulher é exuberante. Tem um corpo bem cuidado, uma pele vistosa, um rosto de rainha perfeito, com os cabelos loiros longos caindo nas costas. Não tenho nem chances nessa briga.
― Realmente ela é muito bonita Susana, mas no momento é você que eu quero. Eu não tinha nem ideia que isso poderia acontecer. Eu nem sei porque Leonardo a trouxe para ficar em casa, já fazia alguns anos que a gente não se encontrava. E mesmo antes, nos encontrávamos somente quando havia a necessidade dos dois estarem em eventos do Leo. Não quero que pense que estou satisfeito com essa situação. Mas, você tem que entender que ela é a mãe do meu filho e não posso jogá-la na rua. Não que minha vontade não seja exatamente essa, mas não posso fazer isso, você me entende?
― Nunca iria te pedir isso. Primeiro que não é da minha índole ser má e segundo que não tenho nada com você. Somos apenas amigos, como você mesmo disse a ela. Na verdade, somos somente conhecidos e coincidentemente nossos trabalhos se cruzaram nesse meio tempo. –― Graças a Deus ele está parando o carro em frente de casa, porque eu já estou me sentindo sufocada dentro dele.
― Quando é que um lindo dia de sol se transformou nessa imensa tempestade? ― Fabrício fica me olhando com aquela cara de pedinte no semáforo, mas eu sou durona. Não quero encrenca na minha vida. Estive bem, sozinha por todos esses anos e não é agora que vou desmoronar.
― Também não sei, vou subir, estou cansada. A gente se vê. A propósito, adorei seu filho. Bem se vê que ele foi criado por você. ― Abro a porta do carro. Antes de conseguir sair ele me puxa firme e me beija com sofreguidão, sugando minha boca e me marcando como se fosse gado, talvez para eu não esquecer seu gosto. Ahh... cachorro vira-lata.
Tarde da noite ele me manda uma mensagem pedindo desculpas pelo ocorrido, mas ainda não estou preparada para conversar sobre o assunto. Visualizo, mas não respondo. Sei que isso é falta de educação, mas minha cabeça deu um nó. Meus sentimentos estão conflitantes, e nada do que eu faria ou falaria poderia ser considerado satisfatório nesse momento.
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Acordo na segunda-feira com uma ressaca moral. Levanto da cama pensando seriamente em faltar ao trabalho, mas não posso fazer isso com minha empresa e meus colegas de trabalho. Reage, Susana. Preciso caprichar na maquiagem para ninguém perceber a noite mal dormida. Se pelo menos fosse por sexo, seria totalmente válido.
― Bom dia, Dona Susana. Parece que não passou bem o final de semana. Está com uma cara abatida. ― Nossa, até o porteiro percebeu que não estou bem. Acho que nem a maquiagem caprichada resolveu.
― Acho que estou gripando, senhor Valter. É essa mudança de tempo de São Paulo. ― Pronto, a culpa é da cidade e não daquele cafajeste que tirou meu sono.
― Melhoras para a senhora. ― Como se fosse possível. Quando chego na minha sala tudo está no lugar como sempre. Minha mesa, minhas coisas sobre a mesa. Meus papéis. Até minhas plantinhas e minha água já estão colocadas lá. Mas eu mudei. Não sei o que ainda, mas estou diferente. Estou sentindo falta de algo que nunca notei antes. Estou me sentindo sozinha como há tempos não sentia. Talvez tenha ficado longe da Pati por tempo demais. É isso, vou conversar com a Pati seriamente e se ela não vier para cá eu vou acabar indo para Ribeirão.
Começo a trabalhar pesado nos meus relatórios, processos, pedidos, demandas, cobrando produtividade como nunca. Até Ana que é acostumada ao meu ritmo reclama.
― Nossaaa... hoje a senhora está impossível. Posso saber o que aconteceu no domingo para te deixar nesse mau humor do cão? Posso apostar que tem homem nessa jogada. É o gostosão da auditoria, não é? Não conseguiu se resolver com ele ainda? ― Quando eu digo que a Ana me conhece como ninguém, vocês não acreditam, né?
― Fala baixo sua louca, claro que o problema é com ele. Eu acho que estou apaixonada por um traste tudo de novo. Quando eu digo que não quero me apaixonar vocês ficam de tititi na minha orelha. O que eu faço agora, Aninha? ― Conto tudo o que aconteceu no domingo conosco.
― Que azar, Susana. Como a perua aparece bem na hora que as coisas estavam melhores? Eu acho que você não pode desistir dele assim, só porque a mãe do filho dele apareceu e se mostrou interessada em conquistá-lo. Nem ex-mulher ela é, pra começo de conversa. E pelo que você me contou ele nunca se interessou nem por ela e nem por mais ninguém nos últimos tempos.
― O que eu faço, amiga? Estou perdida pra caralho. Não tenho muita experiência em relacionamento. Sou boa no sexo, quando é somente pele com pele, mas sexo com sentimento eu nunca tive.
― Pena que nesse assunto também sou uma negação. Ainda não encontrei o homem que faça meu coração bater mais forte e mais rápido. Desculpe. Fico devendo.
Passo a semana toda fugindo das mensagens e das ligações dele. Até as ligações comerciais eu pedi que fossem passadas para o superintendente estadual-capital, pois não queria correr o risco de amolecer. Preciso pensar um pouco e ele também precisa saber o que realmente quer. Será que ela ainda está na casa dele? Minha curiosidade está me matando. Como vou descobrir isso?
Na sexta-feira, os céus conspiram a meu favor. Encontro no elevador, o Beto, auditor da empresa do Fabrício, que está trabalhando no banco.
― Bom dia, Susana. Como você está?
― Tudo bem e você? Como estão indo as tarefas com a auditoria? Meu pessoal está prestando assistência necessária para você trabalhar? ― Entupo o cara de perguntas de tão nervosa que estou. O que eu quero mesmo perguntar não pergunto.
― Estou adorando trabalhar com vocês. A Ana tem me auxiliado em tudo que necessito, obrigada, até discutimos algumas vezes. E você? Não tem visto mesmo o Fabrício? Ele está chateado com o que aconteceu com vocês. Também, a Emanuelle aparecer na casa dele e fazer moradia é muita canalhice. Mas em se tratando dela, tudo é possível. ― Ficar sabendo que ela ainda está lá me dá uma raiva absurda.
― Não tenho visto o Fabrício e também achei melhor deixar ele a vontade para ficar com quem quiser. Afinal, eu é que nunca fui nada dele. ― E sem querer prolongar essa conversa, que só serviu para eu ficar mais brava ainda, sigo para minha sala. Você queria descobrir se a ex ainda estava na casa dele e agora fica toda bravinha com a pessoa que te ajudou?
Pensei comigo, se Maomé não vai a montanha, a montanha vai até Maomé. Aviso meu gerente superior que irei tirar uns abonos que tenho direito e passar uns dias com minha filha e minha família. Pronto. Resolvido. Saio um pouco de cena e vejo minha filha querida. Os problemas acabaram. Pelo menos por hora.
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Linda Susana
RomancePROIBIDO PARA MENORES DE 18 ANOS POR CONTER CONTEÚDO SEXUAL O CEO Fabrício Campos está sempre rodeado de lindas mulheres na balada. Mesmo em seus 49 anos, arrasa corações com seu corpo sarado, seu sex appeal, seus olhos verdes misteriosos e sua cont...