Heathens// Z.M. (HIATOS)

Capítulo 27

Música do capítulo: Fetish- Selena Gomez

Os raios solares me assustam, me fazendo acordar e logo pôr o braço na frente, na tentativa de amenizar a claridade. Por que fui logo escolher a cama do centro? Procuro meu celular, mas lembro que está na bolsa da Liz desde ontem. Ontem.  Nem quero pensar direito, senão vou escolher me jogar do segundo andar.

Procuro por toda a parte do quarto a bolsa de Liz, mas chego a conclusão que está lá embaixo junto com as outras coisas. Sinto algo me incomodando, e percebo que é a minha dor de cabeça da ressaca de ontem. Ontem. Meu Deus, isso é uma tortura emocional. Quanto mais tento não pensar, mais penso.

Busco algum remédio de dor de cabeça, mas não acho, então resolvo descer e procurar pela cozinha, e aproveitar fazer um café fresco, já que minha mãe diz que cura ressaca. Calço meus chinelos e concerto a alça fina da blusa do meu pijama do Bob esponja, que combina com o short. Desço as escadas e vou direto ao kit de primeiros socorros, que estava no armário atrás do balcão. Encho um copo de água e tomo junto com dipirona em comprimido.

Depois do café pronto, ponho um pouco em uma xícara e açúcar e bebo um pouco. Por mais que meu pijama fosse de verão, as meias cinzas em seus pés não enganam o pequeno sentimento de frio que estava sentindo. O tempo estava meio quente, anunciando que em breve o inverno vai embora, dando lugar para a primavera.

Agora que era a única acordada da casa, posso refletir sobre o que aconteceu entre mim e o moreno. Sei que estou errada com Louis, mesmo nós não tendo nada oficialmente ou pelo menos ter esclarecido algo, mas no momento em que estou com alguém, eu estou somente com aquela pessoa. Sem terceiros. E agora estou me sentindo uma vagabunda, simplesmente por ter beijado dois amigos no mesmo dia.

Por mais que eu quisesse evitar, parecia que o moreno me atraia cada vez mais pra si. Sua forma de olhar, seu sorriso, o modo de como ele foi legal comigo e no mesmo dia eu me deixei cair por seus encantos. O jeito que suas mãos chegaram à minha cintura e depois a apertaram, como as mesmas passeavam por minhas coxas, o modo como chegou até o meio das minhas pernas e acariciou a parte que eu mais preservo de todas, o modo como me olhou antes de me beijar novamente... Todos esses momentos contribuíram para eu, nesse exato momento, estar mordendo os lábios e sentindo um calor imenso. Ai não. Não. Não. Não. Não é possível que eu queira de novo. Eu poderia jurar que seria apenas um beijo e a vontade passaria, mas agora é pior, tudo está sendo pior. E eu não tenho ideia de como vou lidar com isso.

“Mas já acordada?” uma voz grossa me faz saltar e quase derrubo a xícara de café. Me viro devagar, e vejo a figura do moreno da noite passada, vestindo apenas seu moletom cinza e uma blusa branca. Queria tanto que não fosse ele, qualquer outra pessoa, menos ele.

“É, a luz do sol bate bem na minha cara de manhã então fica meio impossível não acordar” digo tentando não parecer nervosa ou intimidada com a sua presença. A pior parte de tudo, é que eu sei que acontecerá de novo.

“Entendi. Por isso escolhi a cama do canto, mas ainda assim acordo cedo” ele sorri de lado pra mim e se aproxima do balcão com a mão na cabeça.

Ele se aproxima de mim e meu coração quase para imediatamente e posso sentir todo meu rosto ficar quente, registro de que estou nervosa ou tímida. Mas, para a minha sorte, ele pega o mesmo remédio que eu peguei e toma com a água que põe no copo. Ele parecia bem tranquilo, como se nada tivesse acontecido noite passada, enquanto eu, se tivesse a oportunidade de ter corrido, teria, mas as minhas pernas não me obedeciam.

“Dormiu bem?” ele pergunta indiferente e eu me resumo a apenas assentir com a cabeça enquanto bebo café. Ele escolhe uma xícara e põe o café quente que acabei de fazer na mesma, mas ele opta por adoçante ao invés do açúcar.