Capítulo 49

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Depois de nosso momento mais íntimo na sacada do restaurante, nós descemos de maneira calma. Pela primeira vez, o silêncio entre nós não era algo de grande incômodo, muito pelo contrário, eu me sentia confortável com ele, e posso prever que ele também, já que em nenhum momento ele faz sentido de dizer algo.

         Zayn paga a conta e eu visto seu blazer mais uma vez, antes de sairmos. Conforme anoiteceu, o frio aumentou em Paris, chegando aos nove graus. Estou vendo a hora que irei congelar no meio da rua. O manobrista chega com o carro e quando nós entramos, ele liga o aquecedor, notando o tamanho do meu frio.

         Desamarro os saltos dos meus pés, sentindo eles latejarem. Não estou tão acostumada a usar, principalmente durante tanto tempo assim. A minha cara é de alivio quando meus dedos encontram a terra firme e eu relaxo no banco suspirando.

“Juro, não há sentimento melhor do que tirar os saltos” falo de olhos fechados, mas posso adivinhar que ele me olha rapidamente. Pego meu celular da bolsa e quando olho a hora, são oito e oito da noite, nem é tão tarde quanto eu achava.

“A nossa noite nem acabou gatinha, aguenta mais um pouco com eles?” estreito meus olhos, largando o gloss e o olhando.

“Eu jurava que iríamos pra casa. Quer parar de me chamar de gatinha? To ficando irritada já” resmungo enquanto balanço a cabeça de acordo com uma música que toca da minha playlist, Highway Tune de Greta Van Fleet.

“Não não, ainda está cedo pra irmos pra casa” ele para no sinal e canta a música enquanto seus dedos vão no mesmo ritmo da batida. “Nunca vou parar de te chamar assim. Eu sei que você odeia e pra mim isso é divertido” reviro os olhos fazendo careta.

“Eu gostaria de explodir você, sabia?”

“Você não fala isso quando eu te beijo” ele está com aquele sorriso de quem conseguiu o que queria, e ao mesmo tempo que estou zangada, eu gosto.

“Cala a boca” viro seu rosto para o outro lado, enquanto ele acelera o carro quando o sinal abre. Nós dois estamos sorrindo com a fala, e por incrível que pareça nosso comportamento até aqui tem sido o melhor possível.

         Eu pensava que depois da nossa sessão de beijos e confissões, o clima fosse ficar pesado, desconfortável e intimidador. Mas não, muito pelo contrário. Entre nós, parece que estamos mais relaxados que nunca, talvez essa quantidade de coisas que ocorreram foram o suficiente para tudo ficar mais em paz conosco, e até nossos sentimentos um pelo outro, o que não está tão claro assim.

         Nós dois ficamos em silêncio. Eu estou aproveitando para relaxar meus pés, enquanto nós não chegamos no tal lugar que Zayn disse que iríamos. Ele curte os sons da minha playlist, quando não as vezes troca para algum outro. Aprecio a paisagem do lado de fora, as pessoas andando com suas compras, tirando fotos. A tempos eu não tenho parado pra pensar na minha vida, de forma tão interna. Eu sempre fiz isso, porque sempre me senti confusa por milhões de coisas, principalmente quem eu era e quem eu pensava em ser.

“Chegamos gatinha” reviro os olhos e bufo irritada.

         Zayn solta meu cinto de forma bruta, segurando meu pulso com uma mão e com a outra um dos lados da minha cabeça, colando nossos lábios. Seu beijo é forte e eu quase não consigo acompanhar. Dessa vez, ele movimenta sua boca rápido, fazendo o mesmo com a sua língua, até que puxa meu lábio inferior tão forte quanto o beijo que acabei de receber.

“Já falei que odeio que fique bufando pra mim” ele fala autoritário, sem me soltar. Claro que eu não deixar passar tão direto assim.

“Eu odeio que você me chame de gatinha, porém você continua. Então eu não vou parar” sorrio sem mostrar os dentes.

Heathens// Z.M. (HIATOS)Onde histórias criam vida. Descubra agora