— Onde você mora? — ele perguntou, sem em nenhum momento dirigir o olho em minha direção.— Oi? — relutei.
Ele soltou um riso abafado, passando a mão em seu cabelo — que não pude deixar de notar — úmido, fazendo com que alguns fios teimosos caíssem sobre seu rosto.
— Para uma garota esperta como você, sua perspicácia está lá em baixo — ele disse, parecendo orgulhoso de sua resposta — Esse sou eu te dando uma carona, Isabella — ele explicou, como se eu não fosse capaz de entender.
Suspirei alternando o foco de meu pensamento em qual endereço eu diria e a quantidade de segundos que tinha para responde-lo — tempo esse que estava se esgotando. Ele deve ter percebido o frio que passava com aquela roupa, então de virou a cabeça para o banco de trás, estendendo os braços e me entregando um moletom.
— Então... — ele começou ao virar em uma rua desconhecida.
— Pode me deixar em uma esquina qualquer.
Finalmente, ele levou os olhos para mim e me encarou por longos segundos como se eu fosse um mistério a ser desvendado, entreabrindo os lábios para discursar algo. Mas ele chacoalhou a cabeça negativamente ao invés de dizer qualquer coisa que fosse. Aquele movimento inusitado me deixou um tanto quanto desconfortável, mas ignorei essa pequena sensação.
— Não te tirei do meio da rua para lhe largar lá de novo — ele reclamou e meu peito apertou ao ouví-lo falando de mim como se fosse um animal — Onde é sua casa?
— Não vou voltar pra lá — comprimi as lágrimas quando Biel me veio à cabeça. Como será que eles estavam?
— Hm — proferiu apenas após longos segundos de silêncio encarando a rua — Vamos lá, por que estava na rua essas horas?
— Olha... agradeço pelo o quê está fazendo, Law, de verdade... — falei franca — Mas não quero falar sobre isso... Agora, por favor me deixe em uma esquina qualquer — adicionei honestamente, eu realmente não queria falar sobre aquilo, pelo menos não com ele.
Ele comprimiu os olhos, parecendo realmente interessado no motivo que me levara à aquela situação. E se eu já não conhecesse ele bem, poderia até ser enganada pensando que ele estivesse preocupado.
— Onde está sua irmã?
Bufei, concluindo que não respondê-lo apenas resultaria em mais teimosia e petulância da sua parte, e tudo que eu precisava agora era do mínimo silêncio.
— O bêbado do meu pai veio pra cima de mim e bateu em mim e no meu irmão, ok? — reclamei, estranhamente sentindo um alívio nas costas.
Parece que realmente admitir que aquilo aconteceu ajudou a lidar melhor com a situação, mas o real problema não era ter ocorrido uma ou até duas vezes — aquilo acontecia todo dia.
Sentindo seu olhar tenso sobre mim parecendo ter como objetivo me deixar o mais inquieta possível, virei meu rosto em direção à janela, encarando irrelevante e vagamente as luzes rápidas que passavam diante de meus olhos.
A intensidade e tempo que ele me encarava abalaram qualquer que fosse a sanidade que me restava, e pensar nisso me deixava ainda mais preocupada. Meu Deus, eu só queria um pouco de paz.
— Você deve pensar muito pouco de mim para acreditar que vou lhe largar na rua, Gracci — ele murmurou baixo após demasiados minutos no silêncio.
— Suponho que sim — respondi honesta, no mesmo tom da pergunta me feita.
Afinal era verdade — eu realmente pensava muito pouco dele.
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Meu Professor
RomanceBella Gracci era uma garota cuja vida sempre fora muito turbulenta e exigente. Com sua reputação, ela desejava passar seu último ano escolar chamando a menor atenção possível. Com 18 anos, não era de se esperar que uma paixão avassaladoramente turbu...