Chapter VIII - Little Wing

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Capítulo de hoje está mais curto, mas muito querido 💖
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Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus – ou fora do mundo.

O professor lia o poema pela possível terceira vez, fazendo questão de reler até alguém responder sua pergunta. Não era por falta de vontade, se não eu responderia, mas eu simplesmente não sabia qual era a pergunta. Estava tão alheia que suas palavras não formavam nenhum significado em minha mente.

As almas são incomunicáveis.

Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.

Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Era segunda-feira, voltamos ontem da excursão e eu tive de passar a noite inteira fazendo o relatório sobre a viagem. O certo seria o ter feito durante, mas minha cabeça estava ocupada com outros assuntos — embora Michelle gostasse de chamar isso de procrastinar.

— Michelle, por favor, me tire desse desespero e responda a questão — o professor olhou esperançoso para minha irmã.

Michelle era a aluna exemplar e todos os professores a admiravam, o quê não era de menos, já que ela fazia por merecer. Por mais que eu fizesse apenas essa e mais poucas aulas na mesma sala que ela, sei de sua aplicação com as outras turmas.

— Parnasianismo, simbolismo... — ela respondeu e ele suspirou — Aí, modernismo.

— Viram? Eu falei sobre isso o ano inteiro e só uma aluna aprendeu! — soltou o pequeno livro azul de poemas em sua mesa — Prova sobre o Bandeira amanhã.

Como assim o ano inteiro? Só se passaram dois meses. Pensei em resposta.

E por mais que a notícia surpresa sobre a prova me irritasse, quando todos os alunos bufaram e reclamaram alto, eu me mantive sentada e altamente focada nos rabiscos que fazia no caderno, duvidando estar perto de rasgar a folha devido à força que exercia.

— Que mal lhe fez a folha? — Tony sussurrou por trás contra meu ouvido, causando arrepios rápidos pelo susto.

— A folha, nada, quem fez foi o senhor Todaski.

O homem em minha frente se ajeitou e voltou ao seu discurso docente enquanto Tony voltava-se a sentar direito.

— Vocês podem reclamar o quanto quiserem, der-se fossem ao menos um pouco como Michelle e não precisariam desse desespero — ele adicionou — Que as notas que tirarão amanhã fiquem como lição para vocês todos.

E com chave de ouro, o sinal tocou, colocando um ponto final em seu discurso.

Seria no mínimo exaustivo aceitar que agora teríamos duas aulas de laboratório, claro, com um pequeno intervalo para o almoço antes — embora isso não amenizasse a dor que sofreria. Eu me despedi das meninas e de Tony, justificando que logo os encontraria na cafeteria, enquanto ia para o andar de baixo.

Já fazia um mês e eu ainda não havia devolvido o moletom de Law, e não foi por falta de vontade, visto que eu me cobrava de o fazer o quanto antes possível pelas últimas semanas. Agora eu possuía a certeza de que ele não estaria em sua mesa, e sim almoçando, então optei por apenas deixar o pedaço de pano em sua cadeira, evitando qualquer tipo de contato que suscitasse as longas filas de irritação em meu sangue.

Encostei a mão na maçaneta e só consegui abrir a porta após alguns segundos, e o motivo era desconhecido. Ao abrir, a sala estava vazia, fui rápida até sua mesa levando meus dedos ao casaco amarrado em minha cintura.

Meu ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora