Apartamento DKP
Nothing Hill, Londres
Oito da manhã
Penelópe se olhou no espelho e quase não se reconheceu. O tratamento que fazia estava lhe trazendo muitas consequências e um deles era a perda de peso, que estava severa. Mesmo o médico tendo lhe avisado que o medicamento lhe traria alguns enjôos e perda de apetite, ele pediu que ela tentasse comer mais, mas ela não conseguia. O máximo que fazia era tomar um café bem forte que Kate sempre deixava pronto e ia para a primeira aula do dia.
Não era nada grave, na verdade era a boa e velha TPM - que em Penelópe vinha mais aguda - e recebia um nome mais bonito: Transtorno Disfórico Pré-Menstrual (TDPM). Ela tinha que tratar com anti-depressivos, se não seria capaz de matar alguém devido as suas altas (e perigosas) mudanças de humor. Era um alívio para ela, na verdade, estar medicada nessas situações. Além da medicação ajudar - e muito - com seu problema de ansiedade, que quase não fazia mais parte da vida dela.
"Isso realmente é necessário? Você está perdendo tanto peso," Kate comentou vendo Penelópe colocar o comprimido na boca.
Penelópe havia tido uma puberdade bem mais velha, só com 17 anos, o que segundo seu ginecologista era uma coisa boa e rara. Mas com isso vieram consequências: policistos e TDPM. Nada que a medicina moderna não resolvesse.
"Nem me fale. É tão ruim não conseguir comer, você nem imagina," comentou. "Mas é só nos primeiros meses, uma fase de adaptação. Estou fazendo reposição de vitaminas e nutrientes por enquanto."
Kate assentiu e assoprou o líquido quente em sua xícara antes de levar a boca novamente.
"Simon dormiu aí," a mais velha comentou, mudando de assunto.
Penelópe suspirou. Ela havia visto ele chegar ontem, depois das 23 horas e não foi embora desde então.
"Será que se resolveram?"
Kate deu de ombros.
"Eu não sei, mas estou preocupada, Penelópe," ela sussurrou.
Os olhos brilhavam, Kate queria ser mãe de todo mundo. Penelópe já tinha notado, com a pouca convivência, que ela constantemente assumia responsabilidades que não eram suas.
"Daphne é grandinha, sabe se resolver," respondeu a mais nova.
"Sabe mesmo?"
"Kate, não é nosso dever interferir nas decisões de Daphne. Eu sei que você quer protegê-la, mas ... talvez ela precise quebrar a cara com Simon para entender como as coisas são."
"Eu espero que ela não quebre a cara, mas ... você está certa ... é só que ..."
"Você quer abraçar o mundo com as pernas," Penelópe continuou sua fala e ambas riram.
Kate deu de ombros e suspirou.
"Você descobriu quem é seu beijoqueiro misterioso?" A mais velha perguntou, mudando de assunto de repente.
Penelópe negou com a cabeça e, imediatamente, a abotoadura pesou no macacão que ela vestia. Tirou a peça banhada a ouro do bolso e o balançou em sua mão.
"Porque alguém faria isso?"
"Porque essa pessoa obviamente gosta de você e não tem coragem de admitir, ou está em algum conflito consigo mesmo em relação a esses sentimentos."
Penelópe franziu o cenho. Para ela as coisas ainda não se encaixavam.
"Porque eu tenho a sensação de que você não acredita que algum cara gostaria de você?"
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the bridge
RomanceSentimentos são coisas incontroláveis. E quando se trata de amor nem o mais racional dos homens foi capaz de quantificar, explicar ou controlar. Nem o mais racional dos homens, muito menos os jovens irmãos Bridgerton. Enquanto alguns deles tentam nã...