5 dias antes da morte de Lucas
— Então você não liga para sua nota, é isso?
Era exatamente isso. Sophia queria dizer, mas se o fizesse, a professora não facilitaria as coisas para ela.
— Não é isso, eu só não tenho tempo... Meu pai é alcoólatra... eu venho cuidando dele. Não posso deixá-lo muito tempo sem supervisão.
Não era totalmente mentira. Em partes ele tomava algumas latinhas de cerveja. Mas, ao invés de ficar agressivo, ele ficava carente e deprimido. Geralmente ficava cantando na sala, isso antes dele se jogar no chão e começar a chorar chamando pela minha mãe. É meio deprimente pensar que naquele exato momento ela provavelmente estava nos braços de outros.
Meu pai não era alcoólatra. Mas poderia ser, não é?
— Oh querida, sinto muito. O divórcio dos seus pais foi difícil, hum?
— Sim. — Suspirei teatralmente.
Não.
Qual é! Era péssimo ouvir eles brigando noite e dia. E sem falar que agora tenho duas festas para ir no Natal, o tanto de presente duplicou já que eles não compartilham de um só mais.
— Certo. Vou livra-la desses grupos. Você só terá que fazer algumas atividades e me mandar em anexo por e-mail.
— Obrigada por ser tão compreensiva. — Sorri.
— Não há de quê.
A menina abriu um sorrisinho e abaixou a cabeça antes de sair da sala. Quando estava longe o suficiente, ergueu o queixo e abriu um sorriso vitorioso.
Já bastava passar cinco dias da semana na escola, agora, passar o sábado também! Isso já é de mais!
— Que coisa feia, Ana Sophia. — A menina pulou de susto. — Mentindo para se livrar das obrigações, tsk tsk.
— Tome conta da sua vida, loira odonto! — Sophia vociferou.
— Eu podia ir falar para a professora, sabe? 'Tá na cara que seu pai não é alcoólatra. Ou você esqueceu que nossos pais são colegas de trabalho?
A menina trincou os dentes. Fazia cinco dias que conhecia Lucas. E fazia cinco dias que não suportava Lucas.
— Não se atreva... Você sabe que eu sei o que você esconde debaixo da cama para relaxar. — Ela sorriu debochada quando o menino estremeceu.
— Não é muito diferente daquela sua amiga. — Ele se referia a Rafa. Não tinha como defendê-la! Ela nem ao menos tentava camuflar o cheiro do cigarro. — Mas pode ter certeza que você irá se dar bem pior. — Ele abriu uma careta sarcástica.
Que ódio daquele sorrisinho de merda! — Sophia pensou.
— Sua vida está tão entediante assim para você estar tomando conta da minha? Vai arrumar o que fazer!
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O que meninas fazem no banheiro?
Ficção AdolescenteOnde seis meninas matam sem querer (ou não) Lucas Hartt, o novato da escola, e Davi. E pior, o assassinato não é o pior de tudo. O quão difícil é resistir à loucura?