Juliette propõe um relacionamento fake

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Sabe aquelas coisas que só acontecem em filmes ou em livros de romance? Aquelas em que a mocinha propõe a um cara, até então um com quem ela não tem muita intimidade – fazendo, assim, com que os riscos sejam mínimos –, para que os dois finjam um relacionamento, porque o rapaz que ela está interessada precisa saber que "existe uma concorrência" (mesmo que não exista)?

Eles sempre acabam se apaixonando no final das contas, certo?

Naquele dia, quando Juliette lhe propôs o plano de fingirem interesse um no outro, Arcrebiano ainda não sabia que seria mais uma das vítimas dos enredos clichês do destino. Se fosse para ser sincero, deveria dizer que aceitou aquele plano sem entender muito bem do que se tratava ou que Juliette realmente queria. 

Definitivamente não conseguia entendê-la direito. Talvez fosse muito lerdo. Talvez ela fosse muito afobada. Ou talvez fossem ambas as coisas.

Havia entrado no reality com o objetivo de não dar abertura para interesses amorosos, pelo menos não naquela primeira semana, precisava conhecer os participantes primeiro, saber quem se mostraria um aliado em potencial e quem não, afinal se tratava de um milhão e meio de reais em jogo. Então foi por isso que Bil quase riu da situação em que se encontrava. Estava plantado de pé no meio da cozinha, com um prato de comida em mãos e Juliette estava tentando convencê-lo a participar justamente de um… Relacionamento fake?

— A gente pode fingir e ser um risco de atrasar tuas paqueras. — Ela disse, aproximando a boca de sua orelha, no exato momento em que estava com o garfo cheio de comida pronto para ser abocanhado. — Mas é um risco, né, quem sabe? 

— Que paqueras? — indagou.

— Hã? 

— Que paqueras? 

— Que pode ter. — Juliette explicou, gesticulando com as mãos. — Eventualmente… Surgir. Entendeu? — murmurou um som positivo enquanto tentava continuar seu almoço, ela prosseguiu: — Tipo… A gente... Só pra ver se ele não vai nem ligar. 

— Tá — concordou. — Depois cê me fala.

— A gente tava brincando que eu era a namorada dele. — Ela emendou a explicação, combinando-a com o gestual. Ela gesticulava bastante. — marido… Não sei o quê. Tava tirando onda lá… Aí chegou aqui, a gente se separou. Ai eu vou fingir que já arrumei outro hoje, entendeu? Aí vou... Mexer com ele depois.

— Boa ideia — afirmou com a boca cheia de comida ao mesmo tempo em que Juliette se afastava para ir colocar o próprio almoço. — Vamo fazer.

— Deu pra entender? — Juliette gritou por cima do ombro.

— Sim — respondeu.

Na primeira festa, quando ainda fingiam estarem interessados um no outro por causa do plano, acabou gostando da companhia dela. Do jeito de falar com as mãos e dos toques despretensiosos que, vez ou outra, surgiam durante a conversa. Acabou gostando do sorriso que saia fácil e das respostas na ponta da língua que ela tinha. Que ela era uma mulher bonita, ficara claro para si desde o momento em que colocara os olhos nela pela primeira vez, mas a perdição de Bil sempre foram àquelas mulheres que o faziam rir. 

E foi tudo o que fizeram juntos: riram. Riram até que o músculo de sua bochecha começasse a doer. Riram de uma maneira que quase o fez esquecer que estavam sendo vigiados por centenas de câmeras e por milhões de pessoas.

O Bil que curtia aquela primeira festa do BBB, ainda tinha em mente seguir sua estratégia de não formar casal com ninguém na primeira semana, não sabia que uma simples brincadeira, uma que não tinha nada a ver consigo de início, o levaria a desejar algo que, muito provavelmente, colocaria em risco sua permanência no jogo e a ter que fazer uma escolha difícil mais para frente. Porém, se soubesse que as coisas se sucederiam da forma que sucederam, teria cedido a própria vontade de propor para Juliette que dessem um beijo. 

Apenas para que o plano parecesse mais verídico, claro.

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