Quando ela se dá conta

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Ela percebeu que, assim como todos, ele havia se afastado.

Juliette não sabia o que havia feito de errado, mas sentia uma necessidade quase excruciante de pedir desculpas. A maneira que a olhavam e que a deixavam de lado era uma condenação silenciosa por pecados que sequer sabia serem seus. Talvez seu jeito de ser e agir não fossem bom para o convívio social no fim das contas. Era sua culpa, não era? Então também era seu dever arrumar a maneira como a viam. Conseguir uma chance de melhorar.

Mas em que momento aquilo começara?

Quando perdera a noção do tempo no Raio-x pós-festa e passara mais minutos do que deveria lá? Ou fora antes? Se tivesse percebido a tempo o que estava fazendo de errado ou que estava incomodando os outros, teria sido capaz de reverter a situação? Teria conseguido impedir o seu isolamento dentro da casa?

Se houvesse se dado conta, ainda assim, ele teria se afastado como todos os outros participantes?

Havia ido para o quarto Cordel, porque não conseguiria conter as lágrimas e precisava de um momento para chorar o quanto fosse necessário, precisava se permitir chorar e chorou, pensando consigo mesma se deveria ou não sair do programa, porque, se estava sendo odiada por todo o grupo com o qual convivia, significava que o Brasil inteiro também a estaria odiando. E Juliette não queria ser odiada.

Não sabia dizer por quanto tempo durou seu choro, mas sabia que, em determinado momento, alguém foi conversar consigo. Lembrava-se com perfeição do abraço caloroso que a fez acreditar, mesmo que por míseros segundos, que tudo se resolveria. O abraço que a fez sentir que tinha alguém ao seu lado. Mesmo que Lucas estivesse lhe murmurando palavras de consolo, dizendo que o caso do Raio-X não fora de propósito, foi aquele abraço, foi a mão que permaneceu fazendo um carinho de leve em seu cabelo, foi um único contato dele, que conseguiu deixá-la mais calma.

Era até irônico pensar que, de vinte participantes, era justamente seu namorado fake o responsável por isso.

Talvez ali, para alguém que visse de fora, já estivesse claro o rumo que seus sentimentos tomariam. Mas para Juliette, todo o turbilhão daquelas 2 semanas, ainda não passavam de um salto no escuro.

Sabia que havia se dado conta tarde demais. Ou, pelo menos, que aceitara admitir para si mesma tarde demais. Se tivesse se dado conta antes, as coisas teriam sido diferentes? Se tivesse se dado conta, seriam os dois postando fotos de casal no feed?

A verdade é que aquele último abraço que compartilharam e os últimos dois dias em que se reaproximaram, ficando até mais próximos do que foram na primeira semana, a deixavam enraveicida. Por que ele fez isso? Por que ele se afastou e então se aproximou novamente, para depois ir embora? Por que a deixar feliz naqueles últimos dois dias, se tudo o que restaria para si era a falta das farpas constantes, das conversas confusas e das risadas sem pretensão?

Sentia raiva dele por ter sido idiota a ponto de não ficar ao seu lado quando mais precisara e sentia raiva de si mesma por ter demorado para perceber o que estava bem debaixo de seu nariz.

Quando se deu conta de que queria beijá-lo, foi quando já nem podia mais admirar o sorriso alinhado de Bil. Quando se deu conta do quanto a presença dele lhe alegrava, foi quando apenas a saudade dele lhe fazia companhia. Quando se deu conta de que gostava dele, foi quando ele já não estava mais lá para que pudesse dizê-lo o quanto não gostava dele e implicar como sempre se implicavam.

Quando se deu conta de que estava apaixonada, o fim eminente já era uma realidade para o algo que sequer haviam iniciado. Era tarde demais.

Eliminado. Ele estava eliminado.

Ao mesmo tempo em que se sentia feliz por ter passado por seu primeiro paredão, uma parte sua ficava devastada ao saber que Bil nao tivera a mesma sorte. É claro que tambem estava contente por Gil, disso não tinha dúvidas. Mas não conseguiu se sentir animada o suficiente para pular na piscina e comemorar. Sim, tinha consciência de que havia ganho mais uma semana preciosa dentro do BBB, mas tinha consciência de que também havia perdido algo.

Gostaria de saber se as coisas poderiam ter sido diferentes caso houvesse percebido antes.

Me Diga Que Não É Tarde DemaisOnde histórias criam vida. Descubra agora