VINTE | O VALE DAS BRUXAS

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      Arden usou o pomo da adága para esmagar as pedras, Malya saiu do local para ir ao riacho se lavar. Não gostava da presença da outra, e isso não era consequência do envolvimento que tecera com o príncipe, mas fruto do que suas irmãs Feiticeiras lhe falaram. Bruxas não são confiáveis. Embora duvidasse de que Kelaya, uma mulher que mal podia sustentar o olhar por mais de um minuto, fosse perversa como as demais de sua espécie.

      Kelaya surgiu atordoada minutos depois de ser chamada, estava ofegando e com o semblante repleto de confusão. Olhou preocupada para as ataduras de seu noivo, aproximando-se dele com cautela.

      — O que houve? – indagou apreensiva, movendo os braços apressados fez as pulseiras tilitarem.

      — O desafio do reino de Palladian foram Lestrigões, saímos feridos da batalha. Contudo, já estamos bem. – Arden explicou.

       — Mas não foi para isso que a chamamos. – Halina interferiu. – Como podes ver, estamos em Dolent perto do Vale das Bruxas. O fragmento nos trouxe até aqui. Queremos saber para onde devemos ir e o que teremos que enfrentar.

       A mestiça procurou o fragmento com os olhos, mas ele já estava guardado junto com o de Ivory na sacola de Eleina. O grupo concordou em deixar sob a responsabilidade da novata as peças essenciais para a missão, pareceu o mais adequado, uma vez que a palladiana demonstrou ser confiável e comedida.

      — Fomos trazidos até aqui por um portal. – Kale complementou.

      — Oh, evidente. – a meia bruxa começou a refletir. – Os fragmentos têm pressa em se unir, isso significa que Tenebris está se aproximando cada vez mais. Se foram trazidos até aqui, só pode significar que o próximo desafio fica no Labirinto Entremontes, dentro do Vale.

       — O Labirinto Entremontes. – repetiu a princesa. – Também chamado de ninho demoníaco.

        — É impossível ficar pior. – Zaire reclamou exausto. – Tudo leva à morte.

     O Labirinto Entremontes não era um local devidamente conhecido, os encantamentos que cercavam o local ainda eram um segredo. Diziam que lá era onde as bruxas guardavam suas maldições, alimentando-as com sangue esporadicamente. O coração do Vale, no qual o poder mágico e sombrio era resguardado. Durante a Primeira Guerra Sombria, mais da metade das bruxas se uniram à Tenebris e ao rei Nocti, o que acentuou o desprezo dos humanos pelas criaturas.

      — O Mago Idrovras Thaqirax me disse certa vez que a palavra mais adequada para definir o Labirinto Entremontes era ardiloso. – Kelaya começou. – Já ouvi de algumas bruxas que o lugar é repleto de maldições, ilusões, pestes e tormentos. Um dos pequenos portais de Tenebris dentro de Lucem. Apenas a Fronteira Mortem é capaz de ser mais sombria que o Labirinto, mesmo algumas bruxas não se arriscam lá. Ainda, que lá também seja o local, para um não-nascidos bruxos, conquiste seus poderes mágicos.

     — Não há nenhuma informação nova que possa nos guiar? As coisas que falou, já constavam nos arquivos ivorianos. – Skadi foi involuntariamente mordaz.

       — Ah, infelizmente não. Eu nunca estive lá, o clã das Rapinas é proibido naquele território. – a mestiça abaixou os olhos constrangida.

       — E o fragmento roubado? Como estão as buscas por ele? – Malya surgiu, depois do banho.

       — Oh, bem... – a meia bruxa se assustou com a presença repentina da outra mulher. – Estamos fazendo o possível, mas é evidente que a tarefa não é fácil, como tu mesmo disseste o afanador é um bruxo muito poderoso.

Contos de Lucem - Ressurgir SombrioOnde histórias criam vida. Descubra agora