Pararam subitamente, o amaranto estava certo. Não poderiam seguir a jornada sem dá um descanso digno para o companheiro de viagem, precisavam findar com honra o lugar de luto.
Kale tentava despertar Halina passando algumas ervas nas narinas da princesa, a qual despertou apreensiva com o cheiro ardente. Não sabia o que estava acontecendo, mas o palladiano lhe disse calmamente que perderam um dos seus. O semblante da smaragdina ficou pálido mais uma vez, mas ela resistiu ao impulso de desmaiar novamente. Afastando-se exasperada do grupo, dando as costas para a expedição.
— Podemos sepultar o soldado na parte baixa da montanha. – Aryeh sugeriu.
— Façamos isso, mas antes precisamos falar sobre o nosso próximo destino. – Malya interveio.
— Como podes falar da jornada com o que acabou de acontecer? Depois das coisas que vimos? – Halina retornou irritada.
— E qual é a sua recomendação, princesa? Devemos desmaiar esperando que uma solução surja? – provocou a celosiana furiosa.
— Sua bastarda, imprestável. – a princesa avançou para perto da outra.
— Nosso próximo destino é Palladian e não há como chegar nele sem passar pelo mar Asiri. – Malya ignorou a smaragdina.
— Com qual transporte chegaremos lá? – Skadi interpelou.
— Nova Ivory tem um barco escondido perto do vale que dá para o mar, podemos usá-lo. – Aryeh contou.
— Ótimo, já sabemos como chegaremos a Palladian. Podemos levar o corpo de Esteban. – Keisha falou baixinho.
— Sim, é claro. – a morena assentiu.
O grupo seguiu descendo a montanha, taciturnos com um corpo na carroça. Tinha escapado das mãos da morte até então, mas dessa vez ela conseguira pegar um deles. Por descuido e distração. Uma morte evitável, embora já estivesse marcada pelo destino.
Quando chegaram na base da montanha, pararam e começaram a cavar na neve alva. Não possuíam palavras adequadas para trocar, eram só os olhares tristes que restavam diante da situação cruel. Cavaram até chegar na terra, não permitiriam que o corpo do homem fosse exposto, caso o gelo superficial derretesse. Foi um trabalho longo e árduo.
— Esteban lutou bravamente por Smaragdine, um nobre guerreiro que entregou sua vida por Lucem. Mil guerreiros não teriam a metade de sua honra. Descanse em paz, leal soldado. – Halina cravou a espada no túmulo recém feito.
༄༄༄
O caminho até o litoral de Ivory não trouxe dificuldades, desviaram das muralhas fechadas dos condados que saíram da guerra. Contudo, nenhuma outra tempestade nasceu para que o grupo perecesse mais uma vez. Pararam um única vez para comer e dormir algumas horas de sono, o atalho pela montanha economizou tempo e recursos. Olhavam para o céu constantemente, como se de lá uma salvação pudesse surgir, mas as estrelas pareciam irredutíveis em deixá-los sozinhos.
Arden permanecia calado, com os olhos vazios e quebrantados. Ninguém ousava falar com ele, principalmente quando seu semblante trazia tanta dor e fracasso. Perder seu parceiro de tantas lutas era cruel demais, especialmente nas circunstâncias que ocorreram.
— Chegamos. – Aryeh declarou.
O mar Asiri já podia ser visto no horizonte. Nas margens das falésias, coníferas tímidas se enraizavam, resistindo às águas salobras.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Contos de Lucem - Ressurgir Sombrio
FantasiA queda de uma estrela em um continente infértil dá origem a cinco reinos abundantes de vida. Contudo, o impacto do astro abre uma passagem para um sexto reino demoníaco chamado Tenebris. Uma Era de miséria e maldições assolou os reinos da superfíci...