Capítulo Um - Antes da Minha Chegada

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Nada nunca acontecia na isolada cidade de Jukaly, longe da capital de seu reino ou do reino vizinho. A existência de Jukaly era uma afronta a lógica política e social dos humanos nessa Quinta Era. Jukaly é um produto do esquecido e caído império élfico, a cidade foi erguida ao redor de uma fortaleza, agora castelo. O Castelo Solitário, como é chamado atualmente, é produto de uma era que os homens do norte procuram esquecer, aparentemente os elfos não fizeram bem aos nórdicos, e nem os nórdicos aos elfos, é claro. Povo resiliente esses nórdicos.

No entanto, talvez por sorte, os campos ao redor do castelo são ótimos para o arado e plantio, e por isso o povo ali prosperou. A cidade de Jukaly também prosperou muito com a abertura das minas de prata ao Leste, a exportação da prata contribuiu muito para a vinda de novos investidores, trabalhadores e até mesmo alguma aristocracia. O importante é que lentamente a cidade foi sendo erguida e massas populacionais requerem algumas coisas, tais como segurança, fé e diversão. Muralhas, igrejas e festivais foram a solução. Jukaly estava erguida e era liderada por um conde, o conde era proprietário das terras que iam desde as minas ao Leste até ao Norte fazendo alguma divisa imaginária com a grande cidade de Moskva. A Oeste havia uma grande floresta e ao Sul mais campos até onde a vista pode alcançar.

Geração após geração de condes firmaram lealdade ao rei na distante capital de Lamary, a árvore genealógica dos condes vinha desde renomados guerreiros que lutaram contra o governo élfico, até lentamente se tornarem donos de terras, nobres e enfim os condes que agora regiam as terras ao Sul de Moskva. Muitas décadas se passaram até a consolidação da cidade e das terras de Jukaly, por isso o conde era de certa forma um homem de respeito e adereçado muito bem nas reuniões anuais no grande salão do palácio de Lamary. Esse salão que espero um dia conhecer.

Mas é claro, onde eu estava? Ah sim. Nada nunca acontecia na isolada Jukaly, nada mesmo, até mesmo a guerra no Norte contra os elfos parecia uma história de algum livro abandonado em qualquer biblioteca aristocrática. A guerra parece não ter atingido Jukaly de qualquer forma, é claro que o conde Gabor é um súdito leal ao rei de Lamary e simpatizante da causa do povo nórdico, por conta disso ele enviou a maior parte de seus soldados para o Norte e ajudar na defesa das terras lá, inclusive a capital. Mas o conde em si não foi para a guerra, talvez ele planejasse ir à Lamary para lutar junto ao rei e seus homens, mas como poderemos ver a seguir, alguns eventos impediram essa hipótese. Eu devia estar na estrada com meus... amigos, se não me engano era 18 de Eber, final do Outono. Nós acabávamos de derrotar os soldados do filho do duque de Határ, em verdade, o próprio filho do duque estava como nosso prisioneiro. É, nosso grupo era impressionante, mas algumas coisas nos separaram e por isso conto essa história.

Nessa época o conde devia estar resolvendo alguns problemas no Sul, eu nunca soube exatamente o que aconteceu no Sul nesse momento, mas ouvi dizer depois que o conde foi ao Sul com um pequeno contingente de soldados "dialogar" com um grupo de sacerdotes malignos, provavelmente devotos dos deuses antigos e esquecidos, com esse povo não se dialoga mesmo. Felizmente o conde retornou e aparentemente resolveu o problema, o que é bom, não?

Foi provavelmente no retorno do conde que ele conheceu pela primeira vez a futura condessa, Philippa Les Beauxyeux. A jovem belenia havia acabado de chegar de viagem, ela fez uma longa viagem. Meu tempo no castelo não me permitiu conhecer muito dela ou de sua história, mas descobri que ela veio de um reino distante ao Sul e, por um arranjo político, ela se casaria com o conde, se tornando uma condessa. A família dela devia estar passando por muitos problemas financeiros, afinal, a terra de origem dela havia sido conquistada há poucas semanas por um outro reino humano. Aquele casamento devia ser a salvação para a família da garota, e também para a continuidade da árvore genealógica da família do conde Gabor, que até agora tinha falhado em produzir um herdeiro. Mas é claro que as coisas nunca saem como planejado, especialmente em Eartockin.

Sete Dias de CondessaOnde histórias criam vida. Descubra agora