Capítulo Três - Castelo Solitário

36 2 0
                                    

Eu mal havia chego na cidade e já podia sentir algumas pontadas de arrependimento. A cidade não me recebeu bem, por todos as esquinas, janelas e portas, pessoas me olhavam com desdém, repulsa, ódio ou coisas piores. Certamente eu era a única elfa que entrava na cidade sem correntes ou viva em muito tempo, a guerra no Norte podia estar longe, mas o sentimento de conflito estava muito perto de mim agora.

Os portões se fecharam atrás de mim, eu só tinha um caminho agora, seguir para o castelo. Eu lentamente segui para ele, sem desmontar de meu cavalo. Senti uma gota de suor escorrer pela minha têmpora, o clima na cidade ficou tenso. Senti como se aquelas pessoas pudessem partir para cima de mim a qualquer momento, até hoje me pergunto o que as segurou. Pouco a pouco, rua após rua, eu me aproximei do castelo, e por onde eu passava as pessoas paravam o que estava fazendo e se viravam para mim. Alguns homens cuspiam no chão, outros riam enquanto trocavam palavras com outros homens. Mulheres apertavam suas crianças contra seu peito, órfãos nas ruas me encaravam com perplexidade. Eu me senti um monstro.

Ao longe eu podia ouvir alguém pregando contra o novo conde, proferindo palavras de ódio para incentivar alguns espectadores a se voltar contra ele. Esse mesmo pregador, que vestia roupas de prior, parou por um momento para me encarar, mas não tardou a usar a minha presença como combustível para seu discurso de ódio contra o conde. Os espectadores gritavam xingamentos para mim e cuspiam no chão, por sorte eu já estava mais próxima dos portões do castelo e podia ver alguns guardas no topo da pequena inclinação na qual ficava o Castelo Solitário, acho que por conta da presença dos guardas ali eu não fui atacada, o que seria muito desastroso para mim, mas com certeza seria morte para muitos ali.

Ao me aproximar dos portões do castelo, os guardas me lançaram um longo e demorado olhar enquanto eu desmontava do cavalo. Sem demora ou cerimônias eu me apresentei.

- Sou Amyliss e o conde Sewenger me espera no castelo para... uma reunião - neste momento eu me toquei de que eu não tinha ideia de o que me esperava do outro lado das muralhas do castelo.

O guarda mais velho e barbudo pigarreou e disse - Sabemos dona elfa, você é esperada - o homem levantou sua voz em direção ao portão atrás dele e gritou - abram o portão!

Eu passei pelo grande portão enquanto ele ainda era erguido e rangia no processo. Puxei Heros comigo para dentro do castelo e me surpreendi com o que vi. Eu pensei que seria tudo cinza e feito de pedra ali, como o resto da cidade, mas não. De fato havia muita pedra, mas áreas verdes com árvores e até um jardim pequeno coloriam o pátio que levava até os portões do castelo. À esquerda haviam algumas casas, provavelmente de nobres, e uma pequena forja de onde eu podia ouvir o som de um martelo contra aço repetidamente. Eu parei brevemente ao passar pelo portão e olhei ao redor percebendo tudo isso. Ainda na direita eu podia ver uma área cercada de onde eu ouvia o som único de flechas sendo disparadas e acertando alvos. E claro, eu não pude deixar de notar a construção imponente que era o Castelo Solitário. Ele era alto e possuía algumas torres com telhados avermelhados, eu notei uma bandeira hasteada no topo do castelo, ela portava o símbolo do grupo dos arqueiros do Sewenger. "Exibido" pensei, sem conseguir conter um meio riso ao me tocar de que ele era dono de tudo aquilo, mas a pergunta ainda me assombrava "como ele conseguiu?".

Fui brutalmente tirada do meu devaneio ao ser abordada por dois dos arqueiros do Sewenger, eles estavam sempre com as mesmas vestes, roupas esfarrapadas em tons de cinza, verde escuro e marrom, botas altas de couro, espadas na cintura, capas longas de cor cinza escuro, e sempre vestindo seus capuzes e lenços cobrindo a parte inferior do rosto. Era sempre difícil enxergar quem estava falando com você, não dava para distinguir sua raça, cor e muitas vezes nem gênero. Pelo menos quando se tratava de um Oshners, Kedileri ou Schopenio dava para saber pelas caudas, exceto isso... eram completos estranhos. E claro, todos eles portavam seus arcos longos e aljavas nas cinturas, parcialmente ocultadas pelas capas.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 08, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Sete Dias de CondessaOnde histórias criam vida. Descubra agora