Sete Dias de Condessa

Prólogo - Amyliss Vaëneria

Meu nome é Amyliss Vaëneria, eu sou uma elfa de 63 anos, jovem para a minha raça. Eu nasci na capital dos elfos, a cidade de Helenia. Na verdade, Helenia era a única cidade élfica existente durante a época de meu nascimento. Além da cidade algumas vilas se espalham pelas terras élficas, mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que os elfos dominaram o mundo, um período que nós elfos éramos os senhores do mundo, controlávamos não apenas cidades élficas, mas também cidades humanas. Quando estudei história élfica aprendi que esse período era chamado de "Império Élfico", e que muitos denominavam essa época de "A Era de Ouro". Hoje, a história é outra.

Eu vivia no Palácio Azul, um palácio enorme com telhas azuladas que refletiam parcialmente a luz do sol e das luas, era um palácio maravilhoso, jardins internos, jardins externos, halls de jantar, dezenas de quartos e uma maravilhosa cozinha. Meus pais eram nobres e todos nós vivíamos neste palácio, junto de outras famílias nobres e da própria família real. Sim, eu sou de berço nobre, mas siga a história para entender melhor como fui me tornar uma guerreira fria e calculista. Eu vivia feliz com outras meninas e meninos da minha idade, tínhamos todas as regalias e todos no castelo nos adoravam. Éramos cerca de seis crianças, uma das quais era a própria princesa e herdeira do trono de Helenia. Todos ali tinham suas peculiaridades nobres, donos de terras, antigos herdeiros e outros. Eu vivi nesse paraíso élfico por oito anos, não mais, não menos.

Meus pais eram os exemplos de pessoas que eu queria ser capaz de seguir. Meu pai era conselheiro do rei e minha mãe uma ótima curandeira, mas isso eram suas profissões, eles eram muitos melhores como pessoas. Meu pai sempre me contava histórias antes de dormir e fazia questão de que eu estivesse feliz com o final da história, ele sempre vinha com uma nova história todas as noites, e cada uma delas me inspirava a ser alguém melhor. Meu pai sempre me deu o que eu queria, mas não me deixava me tornar mimada, ele tinha o equilíbrio perfeito entre amor e severidade para um pai, eu o amava.

Já minha mãe, ela era a personificação de bondade. Era ela que eu via como exemplo a ser seguido. Sempre paciente e sorridente, nada nunca era impossível para ela. Não me esqueço da frase de efeito dela, "Se você for cair, caia de pé. Não se curve às dificuldades e não tenha pena de si, enfrente, em frente!". Minha mãe não nasceu nobre, sei pouco sobre a sua vida antes de me ter, mas me lembro de que ela passou algumas dificuldades antes de se casar com meu pai. Ela podia não ser uma guerreira, mas era forte e corajosa, sempre colocando os outros antes de si, sempre me colocando acima de si.

Eu tinha várias amigas e amigos, igualmente nobres, mas apenas uma das minhas amigas eu poderia levar para o resto da vida, e por acaso ela era a princesa e herdeira do trono, Sellena de Helenia. Eu e ela éramos inseparáveis, iguais em tudo. Sempre usávamos vestidos similares e brincávamos com as mesmas coisas, até gostávamos dos mesmos garotos! Mas nós nunca brigamos por qualquer menino bobo, ou deixamos que outras garotas nos separassem. Éramos carne e unha, a alegria dela me contagia e a minha coragem a inspirava, juntas nós éramos imbatíveis, nada poderia nos deter, nem mesmo os cozinheiros que tentavam nos pegar quando roubávamos doces, ou os guardas que tentam nos parar quando brincávamos com espadas de verdade! Nem mesmo o rei, pai de Sellena, nos parou quando pegamos o velho cachorro Bukas, de cavalo e o fizemos nos carregar pelo castelo inteiro. Ela era pura alegria e felicidade, ela tornava meus piores dias nos melhores dias, e eu tornava o medo dela em coragem. 

Faziam algumas semanas que eu havia completado oito anos de idade e eu nunca vou me esquecer da cena que eu vi. Eu estava nos aposentos dos meus pais, nada fora do normal, mas meus pais expressavam certa preocupação. O ar parecia suspeito e a tensão era óbvia, algo estava errado e eu podia ver isso na expressão dos meus pais, eu estava pensando em perguntar o que estava acontecendo quando a porta do quarto se escancarou, permitindo a entrada de pessoas encapuzadas portando espadas, meu pai sacou sua espada, mas foi lento demais. O primeiro homem avançou contra meu pai, abrindo um rasgo em sua garganta, seu sangue jorrou de seu corpo como um barril aberto. Minha mãe gritou, mas ela não era uma guerreira, um dos homens avançou contra mim, mas a coragem de minha mãe foi grande o suficiente para se colocar entre eu e o agressor, ela teve o mesmo fim que meu pai. Em segundo eu havia perdido as duas pessoas mais queridas de minha vida. Enquanto minha mãe era degolada, a empregada da família me salvou. Ela me puxou para dentro de um armário e me trancou lá. Poucos segundos depois eu pude ouvi-la morrer, eu certamente teria o mesmo fim que ela e meus pais, se não fosse pela chegada dos guardas.