Capitulo 3

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        POV Jungkook

    Meu telefone vibra enquanto estou no banco de um táxi preto a caminho de escritório. É Namjoon.

   - e aí, cara - diz ele. - como você está?

    Seu tom de voz é sério, e sei que está se referindo ao meu estado de espírito depois da morte de Kit. Não o vejo desde o funeral.

   - sobrevivendo.

   - topa uma disputa?

   - adoraria. Mas não posso. Tenho reuniões o dia todo.

   - coisa de Lorde?

     Eu rio.

   - é. Coisa de Lorde.

   - que tal mais para o fim de semana? Minha espada está enferrujando.

   - sim. Eu topo. Ou quem sabe sair para beber. 

   - ok, vou ver se o yoongi já voltou.

   - beleza. Obrigado Nam.

   - sem problemas, cara.

     Desligo. Estou de mau humor. Sinto falta de poder fazer o que quiser, cacete. Se quisesse lutar esgrima no meio dia, eu poderia. Nam é meu parceiro de treino e um dos meus amigos mais próximos. Mas preciso ir para o escritório  trabalhar mais uma vez.

   Kit. A culpa é sua.

    

                                         {...}

     A música está altíssima no Loulou's. O som do baixo reverbera em meu peito. Prefiro assim. O barulho diminuiu a necessidade de conversa fiada. Abro caminho entre as pessoas para chegar ao bar. Preciso de uma bebida e de um corpo quente e ávido.

    Passei o último dia e meio em reuniões entediantes com dois gestores de fundos que cuidam dos consideráveis portfólio de investimentos e fundo de caridade de família Jeon; os administradores imobiliários de Cornualha, Oxfordshire e Nortutúmbria, o gestor que cuida das propriedades de Londres, e com a construtora que está reformando os três quarteirões de mansões em Mayfair. Oliver Macmillan, diretor de operações de Kit e seu braço direito, esteve presente em todas elas. Oliver e Kit eram amigos desde o Eton College; ambos haviam frequentado a Londres School of Economics, até que Kit largou os estudos par cumprir o seu dever aristocrático após a morte do nosso pai.

     Oliver é magro, com um tufo de cabelo louro rebelde e olhos de cor indeterminada que não deixa passar nada. Nunca fui com a cara dele. É implacável e ambicioso, mas sabe lidar com um balanço patrimonial como ninguém e também com os inúmeros funcionários do Lorde jeon.

     Peço um gim Grey Goose com tônica.  Talvez ele fosse bem-sucedido porque tinha Macmillan na retaguarda, e me pergunto se a lealdade de Oliver vai se estender a mim ou se ele vai tirar proveito de minha ingenuidade enquanto tento entender todas as minhas novas responsabilidades. Não sei. Mas a verdade é que não confio nele, e faço uma anotação mental para tentar me manter circunspecto durante nossos encontros.

      Tomo um gole da bebida e olho ao redor. É isso que eu quero agora: uma pessoa linda, disponível, sendo magra ou não.

      Afinal, hoje é a quinta-feira da foda.

      A risada rouca chama a minha atenção, e nossos olhares a encontram. Noto a admiração e o tom de desafio em seu olhar, e meu pau reage, empolgado. Tem belos olhos, cabelo castanho e está bebendo shots. Além disso, está deslumbrante vestindo uma camisa branca e uma calça de couro com sapatos branco.

      Sim. Ele serve.

                                           {...}

        Observo seu peito subir e descer enquanto dorme. Por hábito, sigo o meu ritual de relembrar tudo que sei sobre a pessoa com quem acabei de foder.

Duas vezes. Lucas. Advogado de direitos humanos, sexualmente agressivo. Mais velho que eu. Gosta de ser amarrado. Gosta muito. Em geral, pela minha experiência, pessoas decididas e assertivas gostam desse tipo de coisa. Ele morde e grita quando goza. Sonoro. Divertido... exaustivo.

                                          {...}

          Acordo com um susto. Em meu sonho, eu procurava algo elusivo, uma visão que aparece e desaparece, etérea e azul. Então, assim que o vi, caí num abismo amplo e profundo.

Estremeço.

      O que foi isso?

         O sol fraco de inverno entra pelas janelas enquanto reflexos do Tâmisa brincam no teto. O que me acordou?

        Lucas.

          Nossa, ele é um animal. Não está dormindo ao meu lado, e não ouço ninguém no chuveiro. Talvez já tenha ido embora. Aguço os ouvidos para descobrir se há algum ruído no apartamento. Silêncio. Eu sorrio. Nada de conversa fiada. Fico otimista até lembrar que tenho um almoço marcado com minha mãe e minha irmã. Resmungo e puxo o cobertor por cima da cabeça. Vão querer saber sobre o testamento.

       Puta merda

          "A viúva", como Kit se referia a ela, é uma mulher formidável. Por que diabos não voltou a Novo York, eu não sei. Sua vida é lá, não aqui.

          Algo cai no chão com um baque em algum lugar do apartamento. Eu me sento.

      Merda. Lucas ainda está aqui.

          Isso significa que vou ter que conversar. Com relutância, levanto da cama, visto devagar a calça jeans mais próxima e vou ver se ele é tão selvagem à luz do dia quanto é no escuro.

          Atravesso o corredor descalço, mas não há ninguém na sala nem na cozinha.

       Que porra é essa?

          Dou meia-volta na entrada da cozinha e paro. Esperava ver Lucas, mas há um moço magro, mas tem lindas curvas de pé no corredor. Seus olhos são grandes e escuros, iguais aos de uma corça assustada. Ele veste um uniforme azul horroroso.

          Não diz nada.

-    Oi. Quem diabos é você? - pergunto.

Lorde - jikook kookmin Onde histórias criam vida. Descubra agora