Capitulo 1 - primeira parte

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        Capítulo 1

         POV jeon Jungkook

     Sexo sem compromisso tem muitas vantagens. Nenhuma obrigação, nenhuma expectativa é nenhuma decepção. Só preciso lembrar o nome delas e deles. Quem foi a última pessoa? Jojo? Jean? Jody? Tanto faz. Foi uma foda anônima que gemia para caramba, tanto na cama quanto fora dela. Fico deitado observando os reflexos ondulantes do rio Tâmisa no teto, sem conseguir dormir. Inquieto demais para isso.

   Hoje à noite é Caroline. Ela não se encaixa na categoria "foda anônima". Nunca vai se encaixar. Onde eu estava com a cabeça? Fechando os olhos, tento calar a vozinha que questiona constantemente a decisão de ir para a cama com a minha melhor amiga...  de novo. Ela está dormindo ao meu lado, seu corpo esguio banhado pela a luz prateada da lua de janeiro, suas pernas compridas entrelaçadas às minhas, sua cabeça no meu peito.

   Isso é errado, muito errado. Esfrego o rosto, tentando afastar o desprezo que sinto por mim mesmo, e ela se remexe, mudando de posição, acordando do cochilo. Uma unha pintada percorre minha barriga, alcançando os músculos do abdômen, então contorna meu umbigo. Sinto seu sorriso sonolento à medida que desliza os dedos em direção aos meus pubianos. Segurando a mão dela, trago-a até os meus lábios.

  - Não foi estrago suficiente para uma noite, Caro?

   Beijo um dedo de cada vez para que a rejeição não doa. Estou cansado e abatido por causa da culpa insistente e intrometida que me corrói por dentro. É Caloraline, pelo amor de Deus, minha melhor amiga e mulher do meu irmão, Ex-mulher na verdade. Não. ex-mulher, não. Viúva dele.

   É uma palavra triste e solitária para uma circunstância triste e solitária.

- ah, kook, por favor. Me faça esquecer - sussurra ela, dando um beijo morno e molhado no meu peito.

  Afastando o cabelo claro do rosto, ela me olha por trás dos cílios longos, os olhos brilhando de desejo e sofrimento.

   Seguro seu rosto com as mãos e balanço a cabeça.

- Não deveríamos

-Não - Ela leva os dedos aos meus lábios, me calando.

- por favor. Eu preciso.

Solto um gemido. Vou para o inferno.

- por favor - implora ela.

Merda, isso aqui é o inferno.

  E como também estou sofrendo - porque também sinto falta do meu irmão e Caroline é a minha única ligação com ele, meus lábios encontram os dela e eu a deito de costa.

Quando acordo, estreito os olhos porque o quarto está mudado pela luz clara do sol e inverno. Ao me virar de lado, fico aliviado de ver que Caroline foi embora, deixando para atrás um rastro de arrependimento... e um bilhete em meu travesseiro:

              Jantar hoje à noite com papai e o enteadinho?

              Venha, por favor.

             Eles também estão sofrendo.

                                                              Bjs.

                                                       Te amo.

   Merda.

   Não é isso que eu quero. Fecho os meus olhos, grato por estar sozinho em minha cama e, apesar de nossas atividades noturnas, satisfeito por termos decidido voltar para  Londres dois dias depois do funeral.

   Como foi que eu perdi tanto o controle da situação?

   Só foi uma saideira, ela tinha dito, e eu encarei seus olhos que estavam transbordando mágoa e soube o que ela queria. Era o mesmo olhar que me lançou quando soube do acidente do meu irmão, Kit. Um olhar que eu não pude resistir. Já havíamos quase partido para a ação muitas vezes, mas naquela noite em que me entreguei ao destino e, com uma inevitabilidade infalível, trepei com a esposa do meu irmão.

   E agora nós havíamos feito aquilo de novo, apenas dois dias depois do enterro dele.

   Olho para o teto e franzo a testa. Sou um exemplar patético de ser humano, sem dúvida. Mas bem, Calorine também é. Pelo menos ela tem uma desculpa: está de luto, com medo do futuro, e sou seu melhor amigo. A quem mais ela poderia recorrer em um momento de necessidade? Mas eu exagerei na hora de consolar a viúva sofredora.

   Com a testa ainda franzida , amasso o bilhete e o jogo no piso de madeira. Ele rola pra baixo do sofá, que está coberto de roupas minhas. A sombra da água flutua acima de mim, a luz e a escuridão parecem me provocar. Fecho os olhos para afastá-las de mente.

    Kit era um homem bom.

    Kit. kit querido. O preferido de todos, até mesmo de Caroline; afinal, ela o escolheu. A visão do corpo arrasado e acabado do meu irmão sob um lençol no necrotério do hospital invade meus pensamentos. Inspiro fundo, tentando apagar a lembrança, mas um nó se forma na minha garganta. Ele merecia coisa melhor do que a Caroline e eu, o irmão inútil. Ele não mercia essa... traição.

   Merda

   Quem estou querendo enganar?

Eu e a Caroline merecemos um ao outro. Ela satisfez a minha vontade, e eu, a dela. Estamos de comum acordo e somos dois adultos teoricamente livres. Ela gosta. Eu gosto, é o que faço de melhor: trepar com mulheres e homens bonitos e sensuais até altas horas da madrugada. É minha recreação favorita, uma chance de me ocupar com algo, com alguém. Trepar me deixa em forma, e, no auge da paixão, descubro tudo que preciso saber sobre como fazer suarem e se choram ou gritam quando gozam.

   Caroline uma chorona.

   Caroline acabou de perde o marido.

   Merda.

   E eu perdi o meu irmão mais velho, minha única estrela guia nos últimos anos.

   Merda

   Quando fecho os olhos, vejo o rosto pálido e morto de Kit outra vez, e a perda é abismo dentro de mim.

   Uma perda irreparável.

   Por que diabos ele estava andando de moto naquela noite escura e cheia de gelo? Não dá para entender. Kit é - era - o irmão sensato, a pessoa confiável, o rei da responsabilidade. De nós dois, era Kit que honrava o nome e a reputação da família e quem se comportava direito. Tinha um  emprego no centro, além de gerenciar os negócios familiares importantes. Não tomava decisões precipitadas, não diginia com um louco. Era o irmão ajuizado. Era presente. Não era o bagunceiro pródigo que eu sou. Não, eu sou o outro lado da moeda de kit. Minha especialidade é ser a ovelha negra da família. Ninguém espera nada de mim, isso eu garanto. Sempre.

   Eu me sento sob a luz forte da manhã, mal-humorado. Está na hora de ir para a academia, no porão. Correr, trepar e fazer esgrima - tudo isso me deixa em forma.

Lorde - jikook kookmin Onde histórias criam vida. Descubra agora