Capitulo 1 - segunda parte

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                  POV jungkook

   Com as batidas de uma música animada nos ouvidos e o suor escorrendo pelas costas, puxo o ar para dentro do pulmões. O impacto dos pés na esteira esvazia minha mente enquanto foco em levar meu corpo ao limite. Geralmente, quando corro, fico concentrado e grato por ao menos sentir alguma coisa, ainda que essa coisa seja apenas pulmões, braços e pernas ardendo com o esforço. Hoje não quero sentir nada, não depois dessa semana de merda. Só quero a dor física da exaustão. Não a dor da perda.

  

    Corra. Respire. Corra. Respire.

    Não pense em Kit. Não pense em Caroline.

     Corra. Corra. Corra.

   Enquanto reduzo o ritmo, a esteira desacelera e percorro o último trecho dos oito quilômetros de corrida mais devagar, dando espaço para que os pensamentos febris retornem. Pela primeira vez em bastante tempo, tenho muito o que fazer.

   Antes da morte de Kit, eu passava os dias me recuperando da noite anterior e planejando a diversão da semana seguinte. E só. Essa era a minha vida. Não gosto de chamar atenção para o vazio da minha existência, mas no fundo sei que sou inútil. A consequência de contar com um fundo fiduciário generoso desde os vinte e um anos foi nunca ter enfrentado um dia de trabalho de verdade na vida. Ao contrário do meu irmão mais velho, kit trabalhava muito. Mas, ao mesmo tempo, não tinha escolha.

    Hoje, no entanto, vai ser diferente. Sou o executor do testamento dele, o que é uma piada. Escolher a mim foi um último deboche, tenho certeza, mas agora que ele está enterrado no jazigo da família, o testamento dele precisa ser lido e...

Bem , comprido. E kit morreu sem deixar herdeiros.

    Um tremor me percorre quando a esteira para. Não quero pensar nas implicações disso. Não estou pronto.

   Pego o meu Iphone, passo a toalha em volta do pescoço e subo a escada correndo até meu apartamento no sexto andar.

   Tiro a minha roupa jogo tudo no quarto e sigo para o banheiro da suíte. No chuveiro, enquanto lavo o cabelo, reflito sobre Caroline. Nos conhecemos desde a escola. Nos identificamos um com o outro e isso nos aproximou, dois adolescentes de treze anos  em um colégio interno e com pais divorciados. Eu era novato, e ela me acolheu. Nos tornamos inseparáveis. Ela sempre será meu primeiro amor, minha primeira transa... minha desastrosa primeira transa . E, anos depois, ela escolheu o meu irmão, não a mim. Mas, apesar de tudo, continuamos bons amigos e nos mantivemos fisicamente distantes... até a morte de Kit.

    Merda, isso tem que acabar. Não quero nem preciso dessa complicação. Enquanto faço a barba, olhos verde sérios me fuzilam no espelho. Não estrague as coisas com Caroline. Ela é uma das poucas amigas que você tem. Sua melhor amiga. Fale com ela. Tenham uma conversa madura. Ela sabá que vocês são incompatíveis. Aceno para para o meu reflexo, um pouco decidido em relação a ela, e enxáguo a espuma do rosto. Jogo a toalha no chão e vou me vestir. Pego uma calça jeans preta, embolada em uma pilha em uma das prateleiras, e fico aliviado ao encontrar pendurados uma camisa branca recém-passada e um paletó preto lavado a seco. Tenho um almoço com os advogados da família. Calço as botas e pego um casaco para me proteger do frio lá fora.

   Merda, hoje é segunda-feira.

   Lembro que Krystina, minha diarista polonesa anciã, deve vir no fim da manhã para limpar a casa. Pego a carteira, deixo um dinheiro na mesinha do hall, programo o alarme e saio, trancando a porta. Abro mão do elevador e desço de escada.

Lorde - jikook kookmin Onde histórias criam vida. Descubra agora