We Can Keep It Undercover

Eles não vão parar.

- O que tá fazendo? - Steve questionou enquanto se aproximava do carrinho de compras, onde Tony despejava de pressa duas caixas de hambúrguer industrializados, para que Rogers não o visse. Mas foi pego no flagra pelo loiro.

- O que? Nada. Não to fazendo nada. - se fez de desentendido, arrancando um olhar minucioso do loiro, que estreitou os olhos e travou o maxilar lhe encarando. Como se o olhar assim faria com que o menor lhe confessasse todos os seus maiores segredos, o que de fato, geralmente acontecia.

- Eu não me lembro de ter adicionado duas caixas de algo extremamente gorduroso, e que prejudica sua saúde, na lista de compras, Tony. - Rogers ignorou o teatro do moreno, esticou as mãos alcançando o alimento, e estudou a embalagem. - Isso aqui tem umas duzentas calorias por porção, sabia disso? - Steve balançou o conteúdo, enquanto fitava  Stark que a essa altura estava de braços cruzados esperando o sermão.

- Não porque não como a embalagem, eu gosto mais do que vem dentro. - Revirou os olhos, reclamando sarcástico. Rogers bufou, ainda o encarando do outro lado do carrinho. - Qual é! Nem é tão ruim assim, se for te deixar melhor, eu prometo comer uma folha de alface junto.  Por favor amor, me deixa levar, por favor, por favor.. - juntou as mãos às balançando em uma súplica, enquanto esboçava sua mais cuidadosa carinha de  gatinho pidão.

- Não sei não, Tony.  A gente nem deve ter dinheiro pra levar. - Rogers sabia que estava prestes a ceder. Como nas outras vezes em que o moreno havia insistido em levar três potes de sorvete, ou a vez em que quase todo o dinheiro se foi em cereais, ou então, a vez em que Steve precisou levar uma caixa de donuts porque Stark havia começado a chorar, não como uma criança fazendo birra no meio do supermercado, mas um choro disfarçado, daqueles que apenas uma lágrima escorre dos olhos, em silêncio, sentido.

Droga, Tony estava fazendo a  mesma carinha agora.

- Tá bom, a gente leva. - se deu por vencido, assistindo toda a tristeza que os olhos de Stark carregavam, darem lugar para um brilho estonteante. E Steve amava quando o moreno sorria pelas órbitas castanhas. - Mas.. - o loiro ignorou o bufar vindo de Tony e deu continuidade ao que falava. - Vamos levar apenas uma.  - Rogers estendeu uma das caixas na direção do moreno, e esperou que ele se despedisse dramaticamente do alimento, com direito a declaração de amor eterno e pedidos de desculpas, para então, finalmente guardá-lo no freezer novamente.

- Vai chegar um dia, Rogers. Que você vai querer uma coisa, mas vai querer tanto que vai chorar pra mim, e sabe o que eu vou fazer? - Steve esperava, de braços cruzados e uma das sobrancelhas levantadas, segurando o riso com uma leve mordida nos lábios. - Eu vou dizer, NÃO. Você vai ver só, Rogers. - o loiro não aguentou por muito tempo, caindo na gargalhada enquanto balançava a cabeça negativamente, continuando a ouvindo os dramas vindo de Tony. - Vai rindo, quem ri por ultimo ri melhor, e advinha quem vai rir por último?

- Deixa de drama, amor. A gente já tá levando uma, não é o suficiente? - Tony cruzou os braços e gesticulou em negação. Rogers suspirou, talvez tivesse que ouvir algumas reclamações por todo o caminho de volta para a casa. - Vem, vamos pagar isso aqui e voltar pra casa, já ficamos tempo o suficiente aqui.

Rogers puxou o carrinho caminhando em direção aos caixas do pequeno mercadinho, enquanto Tony o seguia, resmungando algo sobre “deixar um alface não quer, quem vai comer dois pé de alface?” para si mesmo.  Steve conferia pela última vez a lista que segurava em uma das mãos, quando resolveu levantar o olhar só para checar o caminho, como fazia de costume.

E então, parou. Fazendo com que Stark se chocasse contra seu corpo, por também estar distraído.

- Ei! - resmungou - Avisa que vai frear, né? - Tony continuaria reclamando se não fosse pelas mãos de Rogers alcançar seu corpo, e empurrá-lo para trás. Steve deu ré com suas mãos presas em Stark, voltando para o meio do corredor onde haviam saído. Stark não entendia nada do que estava acontecendo, mas continuou o seguindo.