We Can Keep It Undercover

Família.

Já era quase inverno, as árvores quase não tinham mais folhas. Era manhã de um sábado, próximo ao dia de ação de graças. O casal já havia feito um ano de casados, e estranhamente ainda usavam as alianças dadas de presente por Edith, agora uma grande amiga da família. Mesmo que Steve tivesse prometido que trocariam, já que Tony tinha medo de ser amaldiçoado pelo falecido marido da mulher. Óbvio que era apenas mais um de seus dramas, ele gostava e muito dos objetos e jamais os trocaria, por consideração a senhora.

Naquela manhã, Stark acordou assustado. E mesmo que quase tivesse saltado de uma vez só para fora da cama, Steve não despertou.

O relógio marcava exatas seis da manhã, Stark se esgueirou preguiçosamente para fora da cama, foi até a cozinha atrás de seu precioso café, e decidiu esperar na varanda da casa até que Rogers despertasse.

Tirando o jeito pelo qual acordou, seria apenas mais um dia normal. Bem, até o moreno abrir a porta.

Sua primeira reação foi entrar em choque, a segunda foi permanecer nele, até a terceira lhe abalar e fazer com que ele gritasse o nome do marido. Que levantou no segundo chamado, atordoado, vestindo apenas uma cueca por conta da noite anterior.

- Steve… - dessa vez, o moreno sussurrou seu nome, alternando seu olhar da figura bagunçada de Rogers, que coçava os olhos, para o que estava em frente a sua porta.

- O que tá acontecendo? Vai me dizer que é outro jacaré? - brincou, se lembrando da vez em que um pequeno lagarto os visitou, e Tony quase infartou.

Stark estava sério, não porque não gostou da brincadeira, mas porque permanecia em estado de choque. Steve despejou um beijo em sua bochecha de bom dia, antes de finalmente procurar o motivo do desespero do marido. E então, entendeu.

- Meu. Deus. - sua voz falhou no meio das palavras, ele voltou a fitar Tony, boquiaberto.

- O que a gente faz? - em silêncio, Rogers parecia tentar raciocinar - Chama a polícia?

- Você tá louco, Tony? Claro que não. - repreendeu, e voltou a fitar a pequena cesta, posta sobre sua porta. Mordeu os lábios, e sentiu uma onda de felicidade desconhecida o inundar. - Lembra quando eu disse que dá próxima vez faríamos do meu jeito? - alternou seu olhar para Stark novamente.

- Não. Não. Não. E não. - Tony o contrariou. - Steve, é uma criança. - pontuou, desesperado.

- Exatamente por isso, Tony. Olha só, não seria coincidência aparecer justamente aqui? Na nossa porta? - Steve se abaixou, e acariciou o bebê enrolado em trapos velhos. Stark permaneceu em silêncio, seu coração batendo desesperado. - Vamos Tony, por favor. - Rogers esticou os braços, pegando o pequeno corpo acolhendo-o sobre o peito. - Não acha que isso pode ser o destino? Nós podemos fazer isso amor, olha bem.. - parou, quando notou uma corrente amarrada em uma das mãozinhas do bebê, com os dizeres benjamin. - Ele não é lindo?

Logo, ao apreciar a imagem do loiro segurando nos braços uma pessoa tão pequena e frágil, que havia sido abandonada na porta de sua casa, Stark entendeu, talvez realmente fosse coisa do destino. Ou então, sorte? O que mais ele poderia pedir? Estava tendo a chance de finalmente formar uma família, obviamente não jogaria isso fora.

Tony aproximou-se do marido, fechando a porta em seguida. Steve provavelmente não sentia frio no momento porque estava anestesiado.

O moreno observou a criança dormir, tranquilamente embrulhada em um único e fino cobertor, mas parecia a criança mais calma do mundo, e realmente, a mais linda também. Stark tocou em sua minúscula mãozinha, e então, o bebê reagiu para surpresa de ambos.

Um pequeno sorriso acompanhou os outros dois, dos adultos da casa.

Enquanto dormia, o bebê já sabia, tinha finalmente encontrado uma família.

- Bem vindo pequeno Peter Rogers Stark - Tony sussurrou, o neném resmungou fazendo Steve movimentar o corpo o ninando novamente.

- Peter? - Rogers questionou, encarando o marido com um sorriso bobo, enquanto o mesmo ainda acariciava a mão do bebê.

- Benjamin é nome de cachorro, não gostei. - Stark respondeu com desdém, fazendo Steve rir.

E então ali estavam os dois, a três anos fugindo de um governo hipócrita, casados a um outono, e agora pais de um recém nascido abandonado.

O que poderia dar errado?

Stark responderia: nada. Porque agora sim, tinha exatamente tudo o que um dia sonhou. Estava feliz e completo.

Tinha finalmente, uma família.